Felipe Anderson Felipe Anderson bate uma bola onde começou: no campinho de Santa Maria. Foto: Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil

Na sabatina de sábado, um bate-papo com o brasiliense Felipe Anderson, pré-convocado para as Olimpíadas

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Por Maíra Nunes

 

Dez anos separam o camisa 10 da Lazio do garoto que saía de Santa Maria, aos 13 anos. De volta ao campinho de terra que o revelou na cidade amedrontada pela alta taxa de criminalidade, Felipe Anderson parecia admirar a reviravolta que sua vida sofreu. Até as chuteiras eram artigo de luxo, devido às dificuldades financeiras.

Desde que deixou Brasília para jogar na base do Coritiba, muita coisa mudou. Felipe Anderson jogou no Santos de Ganso e Neymar e, depois, foi para a Lazio, da Itália. Após ter sido cotado como um dos jogadores mais valiosos na temporada de estreia na Europa, o brasiliense perdeu espaço neste último ano: foi titular em apenas 21 jogos das 38 rodadas do Campeonato Italiano. Contudo, mostrou que sabe driblar com a mesma habilidade que demonstra nos gramados as perguntas mais delicadas da entrevista, como a forma que lidou com a frustração da reserva.

Quando não teve para onde fugir, porém, Felipe levou as mãos ao rosto como se tivesse perdido um gol. Sem jeito, pediu permissão ao assessor para “revelar” qualquer novidade. Neste caso, que está na lista dos 35 pré-convocados para a Seleção que buscará o ouro inédito do futebol nas Olimpíadas do Rio. Ele aproveitou o embalo e contou também como tenta convencer a Lazio a liberá-lo para realizar o sonho de jogar a Rio-2016.

 

Maíra Nunes — Você está na lista de pré-convocados para a Seleção olímpica?

Felipe Anderson — A gente sabe mais ou menos que está nessa pré-lista, até mesmo pela preparação que fizemos. Foram cerca de dois anos em que tiveram muitos atletas testados, mas eu estava sempre jogando, tendo oportunidade no time titular. Então, creio que tenho muitas chances de jogar as Olimpíadas, sim.

 

Maíra Nunes — Qual sua expectativa para jogar novamente no Mané Garrincha, desta vez, diante da possibilidade de ser com a Seleção nas Olimpíadas?

Felipe Anderson — Com o Santos, eu já tive a oportunidade de jogar em Brasília, diante dos meus amigos, da minha família, na minha cidade. E na Seleção ainda não tive essa oportunidade. Jogar as Olimpíadas na nossa cidade, onde eu cresci seria um sonho realizado. Vou levar todo mundo: amigos, parentes.

 

Maíra Nunes — Sabe se a Lazio vai liberá-lo?

Felipe Anderson — O clube nunca é muito feliz, porque é começo de temporada. Só que é o sonho de um atleta disputar uma Olimpíada, ainda mais no nosso caso, diante da família, da torcida. Então, espero que dê tudo certo, que eles possam me liberar e que eu possa realizar esse sonho.

 

Maíra Nunes — Depois de ser cotado como um dos jogadores mais valiosos da Europa, encarou a reserva nesta temporada. Foi uma frustração?

Felipe Anderson — Todo jogador quer sempre jogar e ser sempre importante. Só que eu tenho aprendido muito a lidar com as fases que tem a vida profissional. E creio que ali eu cresci muito, sou sempre muito grato a Lazio. Agora é focar na Seleção e quando voltar, depois da Seleção, dar meu melhor e vamos ver o que vai dar. Tem de esperar.

 

Maíra Nunes — Continua como um dos jogadores mais valorizados do mercado?

Felipe Anderson — Creio que sim. (50 milhões de euros, responde a irmã, que cuida da carreira financeira de Felipe). Ainda dá para melhorar um pouquinho para valorizar mais, mas está indo tudo bem na minha carreira.

 

Maíra Nunes — Agora que o Tite assumiu a Seleção Brasileira, há novas expectativas para você?

Felipe Anderson — Depois de uma temporada na Europa, eu tive uma oportunidade na preparação da Copa América do ano passado. Depois, não foi uma boa temporada para mim nem para o meu clube, então, creio que isso pode ter atrapalhado um pouco nas minhas convocações. O negócio é melhorar independente do treinador. Fazer a cada dia o meu futebol, como eu vinha fazendo na temporada passada e, consequentemente, ver que eu posso ser chamado novamente para a Seleção principal.

 

Maíra Nunes — Sonha um dia jogar a Liga dos Campeões?

Felipe Anderson — É um dos maiores sonhos: a Liga dos Campeões e a Copa do Mundo. Quase jogamos a Liga dos Campeões com a Lazio. Perdemos a preliminar na temporada passada. Agora, é buscar de novo. Se eu continuar lá, é buscar o segundo lugar e buscar estar sempre em cima para poder realizar esse sonho com a Lazio também. Porque a Lazio é um time que quer muito jogar a Liga e tem um tempo que não vai. Os torcedores merecem.

 

Maíra Nunes — Como estão as sondagens de outros clubes?

Felipe Anderson — De uns dois anos para cá, sempre tem tido muita coisa (interessados), mas a gente está sempre com a cabeça no lugar, focado na Lazio e na Seleção. É um momento muito importante da minha vida, da minha carreira, então, tenho pessoas que cuidam de tudo para mim e eu procuro só jogar futebol.

 

Maíra Nunes — A torcida organizada da Lazio é conhecida por várias atitudes preconceituosas. Alguma já foi direcionada a você?

Felipe Anderson — Muitas vezes, nos jogos que acontecem essas coisas, nós jogadores ficamos sem entender o que acontece. Nosso time tem todas as nacionalidades e somos todos amigos. Ficamos sem entender no campo e só depois que a gente fica sabendo o que aconteceu. Mas sempre procurarmos passar aos torcedores que somos todos iguais, que não tem de ter essas diferenças. Creio que isso ainda pode melhorar muito e que a iniciativa pode partir do próprio time para a torcida.