Indignado com Brasiliense, Gama se recusa a participar de reunião sobre patrocínio na sede do Banco de Brasília; entenda o motivo

Publicado em Esporte
Gama e Brasiliense protestaram juntos no único duelo deste ano, no Serejão, e fizeram até clássico virtual beneficente no início da pandemia do novo coronavírus. Foto: Gabriel Magalhães

 

Ao que parece, acabou a política de boa vizinhança. Parceiros em um protesto contra a realização do duelo com portões fechados em 14 de fevereiro por imposição do Ministério Público e da PMDF; e num clássico solidário virtual que vendeu ingressos para compra de cestas básicas para doações em meio à pandemia do novo coronavírus, Gama e Brasiliense estão com as relações estremecidas.

O blog apurou que a diretoria alviverde se recusou a participar de uma reunião na tarde desta segunda-feira na sede do Banco de Brasília (BRB) por sentir-se desrespeitado pelo arquirrival. O encontro decidiu pelo patrocínio de R$ 6 milhões para investimento da Secretaria de Esporte e Lazer no futebol masculino e feminino do DF. Na semana passada, o clube de Taguatinga contratou dois jogadores do atual campeão candango que estavam com salários atrasados. O alviverde acusa o adversário de assediar jogadores do plantel alviverde. O volante Balotelli e o atacante Luquinhas acionaram o clube na Justiça e foram anunciados como reforços do time de Taguatinga.

Em entrevista ao blog Weber Magalhães confirmou a informação. “Não participei porque estou indignado com essa postura de um clube que se aproveitou de um momento de fragilidade para enfraquecer ainda mais o Gama. Fui até a sede do banco em respeito à secretária de Esporte, Celina Leão, aos representantes do BRB e da Federação (de Futebol do Distrito Federal), mas avisei que não sentaria à mesa com o Brasiliense e fui embora”, admitiu. Você viu alguém do Fluminense, Botafogo ou Flamengo assediar algum jogador do Vasco na pandemia ou contrário? Independentemente de estar atrasado (salário) ou não, isso não é postura, isso não se faz”, esbravejou.

Há duas semanas, a torcida do Gama se mobilizou para protestar em frente ao BRB contra a parceria firmada pelo Banco com o Flamengo, que renderá no mínimo R$ 32 milhões por ano ao clube carioca. Na tentativa de impedir o protesto, a secretária Celina Leão foi escalada pelo governador do DF, Ibaneis Rocha, para negociar com os torcedores e as diretorias de Gama e Brasiliense. No primeiro encontro, ficou definido que a instituição financeira apresentaria na última sexta-feira um plano de recuperação do futebol local com ênfase nos dois representantes do DF na Série D do Brasileirão, e estudaria uma forma de auxiliar os oito classificados para as quartas de final e possível aumento do patrocínio para Candangão do ano que vem. Gama e Brasiliense ficaram de apresentar projetos que atraíssem o aumento de clientes para o banco.

 

Direito em campo

De acordo com a Lei 9.615/1998, também conhecida como Lei Pelé, que trata das relações de emprego do jogador profissional de futebol, o atraso do pagamento do salário poderá ensejar a rescisão do contrato de trabalho. A lei prevê rescisão de contrato por inadimplência salarial de responsabilidade da entidade empregadora. Esse atraso pode estar relacionado tanto ao pagamento de salário quanto ao pagamento de direito de imagem. Se o salário de pelo menos três meses estiver atrasado, o atleta já pode dar encaminhamento ao pedido de rescisão. As verbas salariais não se limitam exclusivamente ao salário, por isso, o atraso de outras obrigações, também, pode caracterizar a hipótese de pedido de rescisão contratual.

 

A reunião marcada para a última sexta-feira não aconteceu e foi remarcada às pressas na manhã desta segunda-feira. Além da secretária de Esporte e Lazer Celina Leão, participaram do encontro o secretário de futebol da pasta, Paulo Victor; o presidente da FFDF, Daniel Vasconcelos, acompanhado pelo diretor de competições Márcio Coutinho; a diretoria do Brasiliense, Luiza Estevão; e representantes do banco. Ausente, o Gama delegou Celina Leão e Daniel Vasconcelos como representantes dos interesses do clube.

O blog mostrou há duas semanas que, dos 12 clubes da elite do futebol do Distrito Federal nesta temporada, cinco toparam acordo com o BRB para a disputa do Candangão: Capital, Taguatinga, Paranoá, Luziânia e Unaí, ex-Paracatu. Cada clube ganha R$ 6 mil por jogo. A contrapartida é usar a logomarca na camisa e colocar placas de publicidade à beira do campo.

O atual campeão Gama, o vice Brasiliense, Real Brasília, Sobradinho, Formosa, Ceilândia e Ceilandense abriram mão da verba por considerá-la irrisória. O plano de recuperação do futebol do Distrito Federal deve aumentar o montante para a próxima temporada, com chance, inclusive, de que a edição 2021 se chame Candangão BRB.

 

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