Dal Pozzo Gilmar pegou pênalti de R10 na final do Gaúcho 2000 e deu título ao Caxias de Tite. Foto: Thais Magalhães/CBF Gilmar Dal Pozzo foi convencido pelo compadre Tite a virar treinador.

Gilmar Dal Pozzo: o compadre de Tite que virou herói do Náutico na conquista inédita da Série C

Publicado em Esporte

Gilmar Dal Pozzo estava em São Luís no domingo. Disputava a final da Série C do Brasileirão. Enquanto isso, o compadre dele, Adenor Leonardo Bacchi, viajava a caminho de Singapura para os amistosos contra Senegal e Nigéria. Se brincar, Tite deu aquela espiadinha na internet. Quem sabe, até, enviou uma mensagem via WhatsApp para cumprimentar o ex-goleiro responsável pelo segundo título da carreira do treinador da Seleção Brasileira. Em 2000, Gilmar Dal Pozzo defendeu uma cobrança de pênalti de Ronaldinho Gaúcho no empate por 0 x 0 na decisão do Estadual e brindou o Caxias — de Tite — com o título. Na ida, o time havia goleado por 3 x 0.

Dezenove anos depois, Dal Pozzo é o responsável pelo primeiro título nacional do Náutico. O clube pernambucano está de volta à Série B do Brasileirão com autoridade. Superou o Sampaio Corrêa. O título da terceirona é o terceiro na carreira do técnico. Havia subido a Chapecoense duas vezes seguidas da C para a B e da B para a A, porém, sem saborear o título. Inspirado em Tite, tinha apenas a o troféu da Copa da Federação Gaúcha de Futebol à frente do Pelotas, em 2008. Onze anos depois, escreveu o nome na história do Náutico quase sem querer.

Gilmar Dal Pozzo não pretendia seguir a carreira de técnico depois da aposentadoria. Começou a amadurecer a ideia quando embarcou para uma aventura no Marítimo de Portugal. Entre um jogo e outro, acumulou conhecimento na Europa e não deixou de pedir conselhos ao amigo e compadre Tite — padrinho de casamento e um dos maiores incentivadores da entrada de Dal Pozzo no competitivo mercado dos treinadores de futebol. Aproveitou o empurrão e assimilou conceitos do colega: continuidade, liderança, caráter, honestidade, família.

 

Gilmar Dal Pozzo já observou treinos da Seleção a convite de Tite. Foto: Arquivo pessoal

 

Há até coincidências nos currículos de Dal Pozzo e de Tite: ambos comandaram o Veranópolis no início da carreira. O VEC foi o terceiro clube do técnico da Seleção Brasileira. Passou por lá de 1992 a 1995 e deixou no museu do clube o título da segunda divisão do Campeonato Gaúcho de 1993. Na época, contratou o então goleiro Gilmar. Anos depois, Dal Pozzo, o técnico, ganhou o Gauchão do Interior, em 2012, e alçou o time do interior à Série D.

Gilmar costuma contar que aprendeu muito com Tite na passagem pelo Caxias. Com fama de bom pegador de pênaltis, agarrou as instruções do mestre. Principalmente as táticas. Volta e meia atualiza o conhecimento nos encontros do fim de ano. Ele e Tite conversam e trocam mensagem por telefone. Por isso, é bem provável que Tite tenha entrando em contato com o pupilo após a conquista inédita da Série C do Campeonato Brasileiro.

Catarinense de Quilombo, Dal Pozzo tem 50 anos. Com fama de calmo, ganhou o apelido de papa na passagem pelo Goiás, e virou padre no Náutico. Habilidoso, pensou em jogar vôlei, mas virou goleiro. A primeira passagem pelo Náutico foi frustrante. Perdeu o emprego depois da eliminação nas semifinais do Campeonato Pernambucano 2016 contra o Santa Cruz. Contratado em 13 de maio, passou de vilão a herói do clube em cinco meses. Devolveu o Náutico à Série B com 22 jogos, 12 vitórias, 6 empates e 4 derrotas. O aproveitamento de 63,6% rendeu até vaga para a fase de grupos da Copa do Nordeste 2020.

 

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