Gama 1 Cuca orienta os jogadores de outro alviverde: o Gama, em 2002. Imagem: Jefferson Rudy/CB/D.A Press

Ex-técnicos do Gama, Cuca e Caio Júnior podem ser campeões brasileiro e sul-americano

Publicado em Esporte

O Gama é um clube fora de série, sem divisão, mas faz parte — para o bem ou para o mal — da formação profissional de dois técnicos paranaenses que podem terminar o ano com títulos inéditos na carreira. Técnico do alviverde em 2002, o curitibano Alexis Stival, o Cuca, 53, precisa de um empate neste domingo com a Chapecoense para encerrar 22 anos de jejum do Palmeiras e acrescentar no currículo o primeiro título pessoal no Campeonato Brasileiro. Natural de Cascavel (PR), Caio Júnior ignora a passagem de 2005 pelo Gama em seu site oficial. Em entrevista recente ao blog, contou que o perrengue vivido no Distrito Federal o levou a desistir temporariamente da profissão. Onze anos depois, a experiência traumática o ajuda a fazer história à frente da Chapecoense — finalista da Copa Sul-Americana.

Curiosamente, Cuca e Caio Júnior se enfrentam neste domingo, às 17h, no Allianz Parque, em São Paulo, na partida mais importante da penúltima rodada da Série A. O Palmeiras deve confirmar o nono título, incluindo as conquistas da Taça Brasil e do Robertão, anteriores a 1971. Caio Júnior é o responsável por adiar a festa.

Aprendizes nos tempos de Gama, os dois treinadores olham para o passado em solo candango de forma distinta. Cuca tem suas ressalvas, mas aprova o “contrato temporário” de 2002. “Foi um período muito curto. Eu vivi a Copa do Mundo de 2002 no Gama. Fiquei só no Campeonato Candango. Perdemos o hexagonal final para o CFZ, mas foi uma passagem que deu para conhecer bem a cidade e o clube”, recorda, em entrevista ao blog antes da vitória do Palmeiras sobre o Flamengo por 2 x 1 em Brasília, no primeiro turno do Campeonato Brasileiro.

Cuca saiu magoado ao saber que o mandatário da época havia contratado Hélio dos Anjos para ser o treinador do Gama na Série A.  “Essas coisas infelizmente acontecem. Eu me lembro que, naquele ano, o presidente era o Wagner (Marques), mas preferiram contratar outro treinador (Hélio dos Anjos). Pra mim, a vida seguiu naturalmente”, minimiza. O Gama caiu para a segunda divisão. Desde então, não regressou à elite.

Depois da saída do Gama, Cuca contabiliza sete títulos na carreira (ler quadro), incluindo uma Taça Libertadores da América em 2013, pelo Atlético-MG. Supersticioso desde aquela época, Cuca lembra do motorista do ônibus alviverde, seu João, a quem ordenava não sair de marcha à ré. “Isso é mais folclore, né? Mais brincadeira da turma comigo. Eu me divirto com isso também. Olha só, eu lembro um dia em que a torcida do Gama estava brava comigo, e ele (seu João) abriu o portão para eu falar com a torcida e voou logo uma bicicleta para dentro, em cima de nós. Pergunta se o seu João lembra disso também (risos)”, diverte-se Cuca.

Cuca liderou o Gama no hexagonal final do Campeonato Candango de 2002. O CFZ conquistou o título invicto e o Gama foi vice. “Embora tenha sido uma passagem pequena, o bom foi que aprendi a ter um bom convívio com todos. Edvan Aires era um bom diretor, eu gostava muito dele, estava sempre comigo. Não sei como ele está hoje. Deu para fazer grandes amizades”, agradece.

 

A sala de troféus de Cuca
» Flamengo
Campeonato Carioca (2009)
» Cruzeiro
Campeonato Mineiro (2011)
» Atlético-MG
Campeonato Mineiro (2012 e 2013)
Copa Libertadores (2013)
» Shandong Luneng
Copa da China (2014)
Supercopa da China (2015)

 

Caio Júnior chegou a interromper a carreira

Caio Júnior: passagem traumática pelo Gama. Imagem: Breno Fortes/CB/D.A Press
Caio Júnior: passagem traumática pelo Gama. Imagem: Breno Fortes/CB/D.A Press

Protagonista da classificação da Chapecoense para a final da Copa Sul-Americana em cima do San Lorenzo, time do coração do papa Francisco, Caio Júnior não gosta nem de lembrar do trabalho à frente do Gama. O site oficial do técnico simplesmente despreza a experiência.

“A passagem pelo Gama foi o período mais frustrante da minha carreira. Quando eu saí de lá, decidi não ser mais técnico. Eu vi muita coisa errada, relações obscuras com empresários”, disse em entrevista recente ao blogueiro.

Caio Júnior não cita nomes, mas revela o quanto se sentiu incomodado no clube. “De repente, eu parecia o patinho feio. Parecia que eu era errado, e eles, os certos. Decidi ser comentarista, mas depois, graças a Deus, a minha carreira renasceu no Paraná”, conta. Onze anos depois, o técnico que quase desistiu da carreira ao passar pelo Gama  está prestes a consagrar a Chapecoense campeã do segundo torneio mais importante das Américas.

 

A sala de troféus de Caio Júnior

» Al-Gharafa
Campeonato do Catar (2009/2010)
Stars Cup (2009)
Copa do Sheik Tamim (2009)
» Al-Jazira
Copa do Presidente (2009)
» Vitória
Campeonato Baiano (2013)
» Al Shabab
Copa do Golfo Árabe (2014/2015)