Simplicio 1 Fábio Simplício vestiu a camisa 17 da Seleção em 2009 contar Omã. Foto: Marcos Paulo Lima Fábio Simplício vestiu a camisa 17 da Seleção em 2009 contar Omã.

Entrevista: Fábio Simplício. “Francesco Totti é o melhor com quem joguei”

Publicado em Esporte

São Paulo — O encontro casual aconteceu no lendário Estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu. Fábio Simplício estava lá para ver o treino da Argentina para a decisão do terceiro lugar da Copa América contra o Chile. O ex-volante, hoje empresário, havia levado a família para ver Lionel Messi de pertinho. O frio e a chuva daquele dia frustrou, principalmente, Jordan Pereira Simplício. O filho mais novo ficou aborrecido com o cancelamento da atividade. Para compensar, fez compras na loja de material esportivo de um dos cartões postais da capital paulista. Enquanto, isso, Fábio Simplício passava a carreira a limpo em um bate-papo descontraído com o blog. Na conversa a seguir, ele recorda o dia em que foi convocado por Dunga para defender a Seleção Brasileira em um amistoso contra Omã, elege Francesco Totti o melhor jogador com quem trabalhou, se declara fã do volante Arthur do Barcelona e da esquadra comandada por Tite e é sincero ao afirmar que não tem saudade das quatro linhas.

 

Você vestiu a camisa da Seleção uma vez em um amistoso contra Omã na primeira era Dunga. Foi convocado para o lugar do Ramires. Dá saudade?

A minha missão foi feita. Hoje, eu trabalho com alguns jogadores, parti para esse ramo, mas eu não sinto saudade do campo. A minha fase passou e não tenho esse negócio de que gostaria de estar ali dentro. Hoje, sou um mero torcedor. Gosto de ir ao estádio. Levo meu filho para assistir, porém, saudade de estar dentro do campo, não tenho.

 

Qual é a lembrança daquela partida contra Omã?

Foi um momento espetacular na minha vida. Meu filho havia nascido. Tudo aconteceu muito rápido. Tarde, porque eu estava com a idade avançada (30 anos), mas foi um boom na minha carreira. Eu estava na minha melhor fase física e mental no Palermo. Dali surgiu a oportunidade de ir para a Roma.

 

Você veio ao Pacaembu ver o Messi. Qual é o lugar dele na história?

É o melhor. Não vi Pelé, Maradona, acompanhei um pouco, mas considero o Messi é um jogador grandioso. Um talento espetacular, um fora de série.

 

Hoje, sou um mero torcedor. Gosto de ir ao estádio. Levo meu filho para assistir, porém, saudade de estar dentro do campo, não tenho

 

Você acompanhou a Copa América. Como avalia o momento da Seleção?

Vou falar da posição em que eu jogava. Estamos bem servidos de volantes. Sou fã desse menino Arthur. Não gosto muito de volantes que jogam muito com a bola para trás. Ele é do tipo que joga para frente. Joga de área a área. Encaixou perfeitamente no meio de campo.

 

Aprova trabalho do Tite?

É ótimo. Tem projeção, é um cara muito respeitado. A pressão aqui é muito grande por não ter conquistado a Copa, mas a conquista da Copa América dá credibilidade novamente para o Mundial do Catar.

 

Como foi a sua transição do futebol para empresário?

Eu não quis fugir muito do que eu fazia. Não tenho saudade do futebol, do campo, mas do ambiente a gente sente. Por isso entrei nesse ramo. Sou empresário, dono de um parque dentro do shopping Dom Pedro com o Doni (ex-goleiro). Além disso, agenciamos alguns jogadores como o Daniel Fuzatto, que é o segundo goleiro da Roma; o Gabriel, goleiro da Seleção Sub-17; e outros mais novos que estão no Santos, São Paulo, Corinthians…

 

Foi um momento espetacular na minha vida (a convocação para a Seleção Brasileira). Meu filho havia nascido. Tudo aconteceu muito rápido. Tarde, porque eu estava com a idade avançada (30 anos), mas foi um boom na minha carreira. Eu estava na minha melhor fase física e mental no Palermo. Dali surgiu a oportunidade de ir para a Roma.

 

 

O Campeonato Italiano era o melhor do mundo. O que explica a queda em relação a nacionais como o Espanhol e o Inglês?

Eles entraram em um período complicado depois da conquistarem a Copa de 2006. O país caiu numa decadência muito grande e agora vem voltando. A Juventus tem feito grandes contratações, tem um poder financeiro maior. O Napoli está ali brigando, a Roma, Milan e Inter estão tentando retornar abastecidos por investidores chineses. Os patrocinadores também estão voltando e a tendência é que o futebol italiano volte a crescer.

 

A sua grande paixão na Itália é a Roma?

Eu defendi três clubes na Itália. Fiquei mais tempo no Palermo. No ano passado, voltei lá na cidade. Roma é uma cidade impressionante, Parma é onde fui recebido na Itália, uma cidade pequena, mas acolhedora. AS três têm um significado importante na minha vida.

 

Fábio Simplício e o filho Jordan: paixão pelo São Paulo. Foto: Marcos Paulo Lima

 

Quais são as lembranças da Roma?

Joguei lá com o Juan, Doni, Cicinho, Julio Baptista, Rodrigo Taddei, uma rapaziada muito boa. A recordação boa é que tive o prazer de atuar com o Imperador (risos). O Francesco Totti é um cara fora de série e eu tive essa honra de fazer um-dois com ele.

 

Alguma história engraçada com o Totti?

Antes de fechar o acordo com a Roma eu jogava no Palermo. Um dia, nos enfrentamos e ele disse: ‘se chegar em mim não te passo a bola quando você chegar na Roma’. Ele já sabia que eu tinha pré-contrato. Isso marcou.

 

A recordação boa (da Roma) é que tive o prazer de atuar com o Imperador (risos). O Francesco Totti é um cara fora de série e eu tive essa honra de fazer um-dois com ele. É o melhor com quem eu joguei

 

 

Aqui em São Paulo, a sua identificação é com o tricolor?

Sim. Eu joguei 12, 13 anos no clube, a idade do meu filho Jordan.

 

Jordan! Escolheu esse nome por causa do Michael Jordan?

Sim, por causa do Michael Jordan. Sou muito fã de basquete, sigo a NBA. O Jordan sempre foi uma referência dentro e fora da quadra. Meu filho nasceu em 2009. Tenho uma menina de 15 anos. Se viesse menino seria Jordan. E aí coloquei Jordan Pereira Simplício.

 

A sua passagem pelo São Paulo ficou marcada pela briga com o Diego em defesa do escudo do clube no Morumbi em um clássico do Brasileirão de 2002…

Hoje, por onde passo, nem lembro muito do gol de calcanhar que fiz contra o Corinthians, mas desse episódio que marcou bastante. Encontrei o Diego depois lá na Itália. É um bom jogador, mas eu tive que dar uma intimidada.

 

 

 

Você citou o gol de calcanhar contra o Corinthians. É o mais importante da sua carreira?

O mais importante foi contra o Cagliari no Campeonato Italiano. Fiz o gol e acabou o jogo. Ali salvou o Parma da zona de rebaixamento. Todo mundo entrou no campo. Foi um gol que marcou bastante.

 

Hoje, por onde passo, nem lembro muito do gol de calcanhar que fiz contra o Corinthians, mas desse episódio que marcou bastante. Encontrei o Diego depois lá na Itália. É um bom jogador, mas eu tive que dar uma intimidada.

 

Qual foi o seu melhor treinador?

Levir Culpi. Ele cuidava do atleta fora de campo. Ele me deu a primeira oportunidade no São Paulo. Perguntava o que eu havia feito com o dinheiro do primeiro contrato. Ele dizia para eu ajudar a família. Reencontrei o Levir Culpi no Japão e ele fez as mesmas perguntas, se eu estava cuidando dos meus pais, da minha família, dos meus filhos. É um personagem.

 

E o melhor jogador com quem você atuou?

Falei do Totti. É o melhor com quem eu joguei. O outro é o Kaká. Esses dois jogadores pra mim foram fora de série, os caras de maior expressão.

 

 

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