Decisão sobre a venda (ou não) do mando de campo é dos clubes da Série A. Foto: Ed Alves/CB/D.A Press Decisão sobre a venda (ou não) do mando de campo é dos clubes da Série A.

Tinha até camarote reservado para o presidente da Câmara no Mané: entenda a frustração do Botafogo com a desistência do Vasco de jogar em Brasília

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A crise na relação entre as diretorias dos principais clubes do Rio ganhou mais um capítulo nesta terça no desfecho do local do clássico entre Botafogo e Vasco neste fim de semana. Depois de o Flamengo se negar a enfrentar o Botafogo fora do Rio; e de Vasco e Fluminense disputarem o setor sul do Maracanã na final da Taça Guanabara; é a vez de o Botafogo se queixar do Vasco. O campeão do primeiro turno mudou de ideia e se recusou na última hora a disputar o clássico do fim de semana em Brasília. O blog apurou que o valor da cota fixa (R$ 300 mil para cada clube), avião fretado da companhia aérea Azul, dois hotéis no centro da cidade e até um camarote para o presidente da Câmara dos Deputados estavam reservados.

Como o blog publicou no último sábado, o Glorioso havia vendido o mando de campo da partida válida pela primeira rodada da Taça Rio para Brasília. O jogo seria disputado neste sábado, no Mané Garrincha, às 17h, mas a mudança de planos da diretoria cruz-maltina oficializou o duelo no Nilton Santos, às 19h30, e irritou a cúpula alvinegra. Em janeiro, o Flamengo também havia prejudicado o Botafogo na negociação do jogo com Manaus e Brasília. Em grave crise financeira, o clube de General Severiano receberia R$ 700 mil no confronto com o rubro-negro e R$ 300 mil diante do Vasco. Logo, deixou de faturar R$ 1 milhão.

A irritação do Botafogo com o Vasco diz respeito principalmente à pressa do arquirrival para receber a cota fixa prometida pelos promotores do clássico deste fim de semana. A diretoria exigia o depósito de R$ 337 mil até o fim da tarde de segunda-feira. Do total, R$ 300 mil referia-se à cota fixa para jogar em Brasília; e R$ 37 mil para aquisição de passagens no deslocamento de Vitória (ES) para Brasília após o duelo com o Serra pela segunda fase da Copa do Brasil. Em vez de retornar ao Rio para depois embarcar rumo ao DF, o Vasco pretendia viajar direto da capital capixaba para cá. Incluindo diárias de hotel e alimentação isso representaria gasto extra de R$ 70 mil para os promotores do jogo.

Os empresários chegaram a topar o pagamento do deslocamento , mas alegaram que só poderiam transferir o dinheiro na manhã desta terça-feira. Diante do impasse, o Vasco desistiu do acordo para jogar em Brasília e aborreceu o Botafogo.

Além da cota fixa de R$ 300 mil, os dois clubes viriam a Brasília com tudo pago. O blog apurou que um voo da companhia aérea Azul foi fretado por R$ 175 mil. A aeronave traria os dois times e representantes da Ferj que trabalhariam na partida. Como o Vasco queria embarcar de Vitória para Brasília, usaria o avião apenas na volta. Dois hotéis da capital também estavam locados para acomodar as delegações com direito a pensão completa.

Mandante da partida, o Botafogo chegou a pedir aos promotores do clássico camarote exclusivo no Mané Garrincha para um torcedor ilustre do clube: Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, era um dos convidados da cúpula alvinegra. O clube apostou inclusive na influência política para trazer o clássico para Brasília, mas nem mesmo o Governo do Distrito Federal foi capaz de convencer o presidente do Vasco, Alexandre Campello, a mudar de ideia. Com isso, Botafogo e Vasco se enfrentarão no Nilton Santos.

No início deste ano, o Botafogo tentou trazer para Brasília o duelo contra o Flamengo. No entanto, não houve acordo com a diretoria rubro-negra. Cada clube faturaria cota de R$ 700 mil, mas o clube da Gávea não aceito jogar em Manaus nem em Brasília. O confronto aconteceu no Estádio Nilton Santos. Na ocasião, o Flamengo preferiu ficar no Rio e frustrou o Botafogo. O arquirrival alegou que acabara de chegar de uma viagem longa para Orlando, nos Estados Unidos, onde havia disputado a Florida Cup.

O regulamento do Campeonato Carioca permite a realização de jogos da fase classificatória fora do Estado. Porém, os clubes, as federações e a tevê detentora dos direitos de transmissão (Globo) precisam concordar com a mudança. “Excepcionalmente, havendo acordo entre as partes e anuência da Ferj, qualquer partida do campeonato poderá ser realizada fora do Estado do Rio de Janeiro. Tal disposição não se aplica às partidas do turno semifinal e turno final do campeonato”, diz o artigo 58 nas “Disposições Gerais”.

 

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