Em nome do pai: filho e auxiliar do treinador Ramón Díaz é o homem-bomba do Paraguai capaz de detonar a Seleção; saiba quem é ele

Publicado em Sem categoria

Ramón Díaz e o filho Emiliano (D), a cabeça tecnológica do Paraguai

Crédito da imagem: Divulgação/Federação Paraguaia

Dunga faz o possível e o impossível para mostrar que não está desinformado. Tem sempre uma saída para driblar as cascas de banana nas entrevistas coletivas. Questionado se fez algum tipo de reciclagem antes do retorno à Seleção, disse que tomava café da manhã todos os dias com Arrigo Sacchi – mentor do fantástico Milan dos anos 1990 e da Itália vice-campeã do mundo em 1994. No domingo, mostrou intimidade ao falar do técnico argentino do Paraguai, Ramón Díaz, com quem tomou bons vinhos em alguns jantares. A pergunta que não foi feita é se ele conhece o Emiliano. Quem???  

Eu gostaria de ser um mosquitinho para bisbilhotar as reuniões do Dunga com seu auxiliar, Andrey Lopes, a fim de saber se a dupla conhece o trabalho do filho do Ramón Díaz. Emiliano Díaz é o cérebro do Paraguai, adversário do Brasil neste sábado, às 18h30, pelas quartas de final da Copa América. Não joga no time, mas é o laboratório de gols da seleção. Nepotismo à parte a figura discreta, quase imperceptível no banco de reservas, é uma das armas secretas do Paraguai para eliminar o Brasil e deixar Dunga na corda bamba.  

Emiliano Díaz é uma espécie de “nerd” da comissão técnica. É o responsável, por exemplo, por criar e ensaiar jogadas de bola parada. Uma delas deu certo contra a Argentina e Lucas Barrios empatou a partida na primeira rodada da Copa América (veja o vídeo abaixo). O cara também organiza os treinos. Entra em campo antes do pai e deixa tudo pronto para o coroa escolher os procedimentos. Ex-jogador, Emiliano é o cara mais próximo dos convocados de Ramón Díaz.  

Dunga que não se engane. Emiliano mapeou todos os passos da Seleção Brasileira e entregou ao pai. Exigente, Ramón cobra análise das 10 últimas partidas dos adversários. Pouco para quem acompanha 57 partidas por semana e formatou uma base de dados com detalhes de todos os jogadores da Copa América. O filho é o responsável pelo minucioso dossiê que informa sobre as bolas paradas e aéreas do rival, sistema tático, posicionamento, estatísticas…  

Ao contrário do pai, Emiliano domina as novas tecnologias. Quando auxiliou Ramón no River Plate, entregava um Ipad a cada jogador com um aplicativo no qual estavam todas as informações sobre os rivais. Era o dever de casa. O método é o mesmo no Paraguai. O jovem Emiliano faz uma espécie de upgrade na carreira do pai, de 55 anos. Atrevido, teria tentado clonar, no River Plate, o posicionamento do Bayern de Munique, de Pep Guardiola. Admirador de José Pekerman, ficou encantado com a Colômbia em um amistoso diante da Holanda e desafiou o pai a fazer o mesmo no time argentino. A nova ambição é dar um nó em Dunga.  

Relatório de Emiliano nos tempos de River

Campeão do Mundial Sub-20 em 1979, ao lado de Diego Armando Maradona, Ramón Díaz fez o gol da Argentina naquela derrota por 3 x 1 para o Brasil na Copa do Mundo de 1982. Ficou fora do torneio em 1986 e 1990 por causa de uma guerra de vaidades com D10S. Como técnico, fez história em 1996. Levou o River Plate ao título da Copa Libertadores da América em um timaço que tinha o uruguaio Enzo Francescoli no papel de maestro.  

Abre o olho, Dunga! O parceiro de taça de vinho está melhor. E o segredo é o filho.

*Coluna Máquinas do tempo publicada na edição de sexta-feira (26/6) do Correio