Berizzo Berizzo enfrentou o Brasil como assistente de Bielsa no Chile. Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press Eduardo Berizzo enfrentou o Brasil como auxiliar de Marcelo Bielsa no Chile.

Eduardo Berizzo: auxiliar de Bielsa no Chile, terror do Barcelona e ameaça ao Brasil na Copa América

Publicado em Esporte

O técnico argentino Marcelo Bielsa não é Jesus Cristo, mas fez muitos discípulos no mundo da bola. Três deles jogavam sob o comando do “El Loco” naquele timaço do Newell’s Old Boys derrotado pelo São Paulo de Telê Santana na decisão da Libertadores, em 1992. Os técnicos Mauricio Pochettino (Tottenham), Gerardo “Tata” Martino (México) e… Manuel Eduardo Berizzo Magnolo! Sim, esse mesmo, o técnico do Paraguai, rival do Brasil nesta quinta-feira nas quartas de final da Copa América. O ex-zagueiro fez o gol do time argentino na partida de ida, em Rosário, e perdeu a primeira cobrança na disputa por pênaltis no Morumbi (ver vídeo).

A seleção guarani avançou ao “mata” como pior terceiro colocado graças ao empate entre Japão e Equador, mas, como diz a minha rainha Elisabete, é melhor não se empolgar. O respeito ao adversário não se deve apenas ao fato de o Brasil ter sido eliminado pelo Paraguai nos pênaltis nas versões de 2011 e de 2015 do torneio. A questão (também) é Eduardo Berizzo.

O capitão Daniel Alves sabe de quem estamos falando. Em 1º de setembro de 2014, o técnico do Paraguai espantou o mundo da bola ao vencer o Barcelona do trio MSN — Messi, Suárez e Neymar — por 1 x 0, no Camp Nou, pelo Campeonato Espanhol. Comandava o modesto Celta contra o timaço liderado por Luis Enrique.

 

“Ele (Bielsa) mostrou-me que as coisas se constroem graças ao trabalho e à preocupação de ser sempre melhor, de buscar a perfeição”

Eduardo Berizzo, técnico do Paraguai, em 2015

 

A turma do menosprezo achou que o Barcelona estava num mau dia. Pode até ser, mas houve um dia pior. Em 23 de setembro de 2015, o raio chamado Eduardo Berizzo atingiu o Barcelona pela segunda vez. Só mudou o endereço: Balaídos. O Celta goleou o Barcelona por 4 x 1. Era o Barcelona de ter Stegen; Daniel Alves, Piqué, Mascherano e Mathieu; Sergi, Busquets e Iniesta; Messi, Suárez e Neymar. Três meses antes, esse timaço havia conquistado a Champions League na decisão contra a Juventus, em Berlim.

Eduardo Berizzo goleou o Barcelona pelo Celta, mas também sofreu goleadas. Uma delas, por 6 x 1. O técnico do Paraguai é oito ou oitenta, ou seja, fiel ao Bielsismo. Encanta e desencanta facilmente. Um tormento para quem é escravo de resultados.

 

 

Marcelo Bielsa e Eduardo Berizzo trabalharam juntos na seleção do Chile e sofreram contra o Brasil de Dunga. O atual comandante do Paraguai era auxiliar do “El Loco”. Unidos, enfrentaram o Brasil duas vezes na primeira era Dunga. Nas Eliminatórias para a Copa 2010, os chilenos perderam no Estádio Nacional, em Santiago, por 3 x 0, e salvaram o emprego do capitão do tetra. Dunga havia fracassado nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008. Em vez do ouro, voltou com o bronze. O Chile perdeu novamente por 4 x 2, em Pituaçu. A dupla classificou o Chile para o Mundial da África do Sul, mas Berizzo quebrou o pau nas Eliminatórias em um jogo contra a Colômbia. Pegou seis jogos de gancho e teve de cumpri-los na África do Sul. Sem o pupilo, Bielsa avançou com o Chile às oitavas de final e trombou novamente com o carrasco Brasil. A Seleção impôs mais um 3 x 0, em Johanesburgo.

 

 

Depois de quatro anos de aprendizado com Marcelo Bielsa, Eduardo Berizzo seguiu carreira-solo. Na América do Sul, passou rapidamente pelo Estudiantes de La Plata e atraiu os olhos da Espanha ao levar o O’Higgins ao título do Torneio Apertura do Campeonato Chileno em 2013. Levou o Celta às semifinais da Copa do Rei da Espanha e da Liga Europa em 2017. Vendeu caro a eliminação contra o Manchester United de José Mourinho ao perder em casa por 1 x 1 e empatar por 1 x 1 em Old Trafford.

Sucessor de Jorge Sampaoli no Sevilla, deixou o cargo para combater o câncer de próstata. Quando foi curado da doença, entrou na pauta do Flamengo pelo menos duas vezes. A primeira na demissão de Paulo César Carpegiani. Depois, na saída de Zé Ricardo. Eduardo Bandeira de Mello preferiu Reinaldo Rueda. Enquanto isso, Berizzo retornava à Espanha para uma passagem melancólica pelo Athletic Bilbao — duas vitórias em 13 jogos — e ficaria desempregado até Juan Carlos Osorio pedir o boné na seleção do Paraguai.

Eduardo Berizzo chega ao duelo tático com o Brasil acumulando a experiência de quem enfrentou técnicos de ponta na Europa. Luis Henrique, José Mourinho, Zinedine Zidane, Carlo Ancelotti. Portanto, Tite que se cuide para não cair nas armadilhas de um novo “Roberto Martínez”.

 

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