Chape A Chapecoense mantém o sonho de permanecer na elite em 2019. Foto: Foto: Marcos Ribolli A Chapecoense mantém o sonho de permanecer na elite em 2019.

É hora da resenha: 10 pitacos sobre o que rolou no futebol brasileiro e internacional no fim de semana

Publicado em Esporte

Grandes técnicos e seus hiatos
A história do Campeonato Brasileiro tem alguns intervalos impressionantes. Telê Santana, por exemplo, conquistou o primeiro título brasileiro como técnico em 1971. O segundo demorou 20 anos, com o São Paulo, na edição de 1991. O mestre perdeu duas Copas, foi visto como desatualizado depois das eliminações nas Copas de 1982 e de 1986, e deu a volta por cima no tricolor paulista conquistando todos os títulos possíveis se reinventando. Alguns deles, como a Libertadores e o Mundial, duas vezes. Vanderlei Luxemburgo não é campeão brasileiro desde 2004. Lá se vão 14 anos. Luiz Felipe Scolari conquistou o Brasileirão em 1996 com o Grêmio. Se o Palmeiras vencer os próximos dois jogos (Fluminense e Paraná) e o Internacional perder os dois (América-MG e Botafogo), Felipão voltará a conquistar o Brasileirão no domingo depois de 22 anos.

Assim como Telê, Felipão comandou a Seleção em duas Copas. Ganhou o penta em 2002 e perdeu o hexa em 2014 com direito a eliminação por 7 x 1 na semifinal. É considerado desatualizado e jamais dará um F5 na carreira. É fiel ao estilo, não abre mão das convicções e da forma de enxergar o jogo, de montar os times dele. Não dá para chamar o iminente bi pessoal de volta por cima quando se tem no currículo uma derrota como aquela para a Alemanha. Mas é preciso respeitar, sim, um cara campeão da Copa do Brasil, do Brasileirão e da Libertadores pelo Grêmio. E, possivelmente, vencedor dos mesmos títulos também pelo Palmeiras. Só falta o Brasileirão. Questão de tempo.

 

Espelho, espelho meu…
Na era dos pontos corridos, ninguém foi mais vice do que o Inter. Detalhe: a contar de 2003, pode ser vice de um clube paulistano pela terceira vez. Terminou atrás de Corinthians (2005), São Paulo (2006) e agora pode ser vice do Palmeiras (2018). Curiosidades à parte, baita campanha colorada. No retorno da Série B, o time está classificado por antecipação para a Libertadores. O clube não disputava a competição continental desde 2015.

 

Como vota, Corinthians?
Como diria aquele ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, preso lá em Curitiba: “como vota, deputado Andrés Sanchez?” Não me canso de insistir: em lances polêmicos como o do meia Danilo no clássico de sábado contra o São Paulo, é sempre bom lembrar como foi a votação para o uso do Árbitro de Vídeo (VAR) no Conselho Técnico do Campeonato Brasileiro na sede da CBF, em 5 de fevereiro deste ano.

Veja como opinaram os presidentes dos dois clubes…

A favor: Flamengo, Botafogo, Bahia, Chapecoense, Palmeiras, Grêmio e Internacional.
Contra: Corinthians, Santos, América-MG, Cruzeiro, Atlético-MG, Atlético-PR, Paraná, Vasco, Fluminense, Sport, Vitória e Ceará.
Não votou: São Paulo

 

O rico em vontade e o pobre de espírito
Em março, o pobre, limitado, mas esforçado Botafogo, eliminou o milionário Flamengo do Carioca. Sete meses depois, o pobre, limitado, mas esforçado Botafogo, praticamente elimina o sonho rubro-negro de conquistar o Brasileirão. Mera coincidência? O que dizer para as duas torcidas depois do clássico sábado? Feliz 2019! Este ano já deu para quem não ganhou nada, e para quem foi campeão estadual e, ao que parece, ficará na elite.

 

Cuquite aguda
O técnico do Santos tem dessas coisas. Faz um belo trabalho, o time arranca, empolga, tem a chance de entrar na zona de classificação para a Copa Libertadores da América de 2019 e… perde para a Chapecoense. Resultado surpreendente. O Atlético-PR e o Atlético-MG agradecem. O Vasco nem tanto. O time catarinense está a um ponto da equipe cruz-maltina. Deu ruim também para o Flamengo, próximo adversário do Santos. Jogo duríssimo para a turma de Dorival Júnior na próxima quinta-feira.

 

Memória curta
Leio e ouço muitos torcedores do Vasco indignados com a falha do goleiro Martín Silva na derrota por 2 x 1 para o Grêmio. Espero que seja apenas cabeça quente. Ou os cruz-maltinos deletaram da memória aquele dia 23 de fevereiro deste ano? Naquele jogo, o clube devia ao jogador sete meses de direito de imagem, o salário de dezembro, 13º e férias. Total do débito: R$ 1,2 milhão. Citei apenas um jogo. O cara tem muito crédito. Se o clube cair pela quarta vez para a Série B, não será culpa do goleiro. Os torcedores inteligentes sabem disso.

 

CPF na nota?
Se clássico é um campeonato à parte, o Bahia pode se orgulhar de terminar o ano sem perder para o arquirrival Vitória. Em jogos oficiais, isso não acontecia desde 1993, quando o tricolor contava com Rodolfo Rodríguez, Mailson, Marcelo Ramos, Naldinho, entre outros. Contabilizado partidas oficiais e amistosos, a última vez havia sido em 1987, com quatro triunfos e dois empates em seis confrontos. Portanto, o Vitória é o freguês em 2018.

 

Títulos em série
Temos que respeitar o futebol cearense. Puxando pela memória aqui, o Guarany de Sobral conquistou a Série D em 2010. O Ferroviário igualou o feito neste ano. O Ceará foi campeão da Copa do Nordeste em 2015. E o Fortaleza ganhou a Série B no sábado. No ano que vem, o estado pode voltar a ter dois representantes na elite pela primeira vez desde 1984. O Fortaleza está confirmado. Falta o Ceará confirmar a permanência na Série A.

 

Uma final Libertadora
Costumamos achar o repertório das finais da Libertadores pobre. Não foi o que sei viu no primeiro jogo da decisão entre Boca Juniors e River Plate, no domingo, no estádio La Bombonera. Que jogaço! Na edição de sábado do Correio Braziliense, mostrei as escolas táticas que estavam por trás dos técnicos Guilhermo Schelotto e Marcelo Gallardo. Ambos deram show. O do River, ao surpreender escalado três zagueiros, como havia feito na fase de grupos contra o Independiente Santa Fe, em Bogotá. O do Boca, ao pressionar o trio com dois centroavantes pesados — Ábila e Benedetto depois da contusão de Pavón. Schelotto também transformou o jogo ao colocar Tévez. Gallardo respondeu lançando Zuculini para marcá-lo. Taticamente, foi um duelo que não deixou a desejar em nada a uma decisão de Champions League.

 

Mais do mesmo
A essa altura da temporada europeia, seis dos sete líderes das sete principais ligas nacionais da Europa são exatamente os mesmos que foram campeões da temporada passada. A exceção é o Borussia Dortmund, que ameaça encerrar a série de seis título consecutivos do Bayern de Munique no Alemão. Nas demais competições, Juventus, Manchester City, Barcelona, PSV Eindhoven, PSG e Porto comandam os nacionais do Velho Mundo. Por falar em futebol internacional, que gol foi aquele do Manchester City na vitória por 3 x 1 sobre o United depois de 1min54s de posse de bola. Ah, e que exibição do Bétis contra o Barcelona no Espanhol.

 

Siga o bloqueiro no Twitter: @mplimaDF