Don Elias Figueroa fala sobre a quinta ausência do Chile nas oitavas da Libertadores no século, o título do Cobresal e a Copa América 2015

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Figueroa: maior ídolo do futebol chileno

Crédito da imagem: www.quioteca.com

Manuel Pellegrini é técnico do badalado Manchester City. Alexis Sánchez, astro do Arsenal. Vidal, o maestro da Juventus. Bravo, goleiro reserva do Barcelona. Entre tapas e beijos, Valdivia veste a camisa 10 do Palmeiras. A seleção despachou a Espanha e quase eliminou o Brasil nas oitavas de final da Copa de 2014, sob o comando do argentino Jorge Sampaoli — sonho de consumo do São Paulo. Ah, e o país é sede da Copa América, de 11 de junho a 4 de julho. A excelente fase do Chile contrasta com um vexame coletivo dos clubes na Copa Libertadores. Pela quinta vez neste século a fase de mata-mata começa sem nenhum time de lá entre os candidatos ao título. Colo-Colo, Universidad de Chile e Palestino foram eliminados.

Além do Chile, Equador e Peru não têm mais representantes na Libertadores. A Jamaica disputará a Copa América como convidada, mas os clubes da terra do reggae não participam do torneio de clubes do nosso continente. O “W.O.” chileno assusta se lembrarmos a lista de finalistas. O Colo-Colo foi campeão em 1991. Unión Española (1975), Cobreloa (1981 e 1982) e Universidad Catolica (1993), vices.

Considerado o maior jogador da história do futebol chileno, ídolo do Internacional e eleito o melhor zagueiro da Copa do Mundo de 1974, Elias Figueroa conversou ontem por telefone com o Correio Braziliense sobre a situação dos clubes de seu país. Em 2011, a Universidad de Chile chegou a ser comparada ao Barcelona na conquista da Copa Sul-Americana, mas tudo não passou de um lampejo. “Nós temos uma seleção boa e só. Os nossos melhores jogadores estão fora do país. Alguns, na Europa. Outros, aí no Brasil. Isso diminuiu a competitividade dos times no continente”, reclama Don Elias, aos 68 anos, de Viña del Mar, onde mora.

O craque acusa a invasão estrangeira ao Campeonato Chileno como outro motivo para a fragilidade dos times. “São muitos. Podem ser escalados cinco (como no Brasil). A maioria, sinceramente, não é protagonista. Talvez, não mereçam nem se sentar no banco de reservas. Isso desestimula jogadores que são formados na base”, observa. Um exemplo é o Rangers de Talca. Em 2009, o time foi rebaixado para a segunda divisão por usar seis forasteiros em uma partida contra o Cobreloa. A Federação puniu o clube com a perda de três pontos e a queda tornou-se inevitável.

Arquirrival do Cobreloa, derrotado pelo Flamengo na final da Libertadores de 1981, o Cobresal conquistou no último domingo o Torneio Clausura do Campeonato Chileno. O time da pequena cidade de El Salvador, especializada na exploração de mineração, jamais havia sido campeão. O título garantiu vaga na Libertadores 2016 — 30 anos após a última participação de 1986.

“O Cobresal é um time do norte do país. A festa foi muito bonita, os torcedores ficaram muito felizes com a conquista inédita, mas não estamos otimistas com a participação deles na próxima Libertadores. É um time competitivo aqui dentro. Para disputar títulos internacionais é preciso investir bastante. O elenco que ganhou o título é muito limitado”, avalia Figueroa. Comandado pelo técnico argentino Dalcio Giovagnoli, o Cobresal tem cinco jogadores estrangeiros. Entre os nacionais, nenhum foi convocado recentemente por Jorge Sampaoli para a seleção chilena.

Novo campeão chileno

O Cobresal (foto acima) é da mesma região onde ocorreu um outro milagre: em 2010, 33 operários foram soterrados na Mina de San José. O clube foi fundado pela Codelco, estatal chilena do cobre para o qual os sobreviventes trabalhavam. Em 2012, a região sofreu com temporais, inundações e desabamentos e agora festeja um título. Antes da conquista inédita, o time chegou perto do título em 1984 e 1988, quando um dos centroavantes do clube era uma tal de Iván “Bam Bam” Zamorano. 

Três perguntas para…Elias Figueroa, sobre a Copa América 2015

Apesar do vexame chileno na Libertadores, a seleção é favorita ao título?

Creio que sim. Não será fácil derrotar os comandados de Jorge Sampaoli aqui dentro. É impressionante o trabalho que fez na Universidad de Chile e agora, em nossa seleção. Por outro lado, se todos grandes os jogadores vierem ao

Chile, será um torneio de altíssimo nível técnico,

de difícil prognóstico.

Jorge Sampaoli tem feita a diferença. É influência dele ou a geração também é boa?

As duas coisas, mas o fundamental é a evolução dos nossos jogadores na Europa. Temos protagonistas como Vidal, Alexis Sánchez… Bravo tem oportunidades no Barcelona. É um bom conjunto, vocês viram aí, no Brasil (risos)

Qual é a sua opinião sobre Valdivia no Palmeiras, Aránguiz no seu Inter e Mena no Cruzeiro?

Valdivia é um excelente jogador, mas precisa resolver a vida dele aí no Palmeiras para ser feliz e jogar bola. Espero que Aránguiz ganhe a Libertadores com a camisa do Inter. Eu não consegui (risos). Mena é uma peça-chave no sistema tático

do Chile, bom jogador.