Direto de Berlim: o taxista turco que conduziu Alex, mostrou a foto e queria discutir comigo as derrotas para o Brasil na Copa de 2002

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Fatih Barram e o ídolo Alex em Berlim: foto guardada com carinho no táxi

Imagem: Arquivo pessoal

É hora de pegar o rumo de casa em Berlim. Táxi solicitado via aplicativo por um amigo para o trajeto até o aeroporto Tegel. Aliás, é a melhor maneira de pedir táxi em Berlim. O cara aparece na hora combinada. Ao volante, um motorista turco curte as músicas de seu país nas maiores alturas. Não está nem aí para agradar o passageiro. Nem cogita baixar um pouquinho o volume. Guarda a mala no bagageiro, aciona o taxímetro e acelera.

No meio do caminho, pergunta a minha nacionalidade. Digo que sou brasileiro. O turco Fatih Barram abre um largo sorriso e diz: “Brasil, Alex”. Respondo: isso, Alex, sacando logo que o cara é torcedor do Fenerbahçe. Durante uns trêsminutos ele se derrete em declarações de amor a Alex. Fala em inglês com sotaque turco-germânico. Uma confusão só, mas dá para compreender. O sinal fecha e ele procura alguma coisa no bolso. Fico tenso à espera do que vai sair de lá. Era um smartphone.
Feliz da vida, o turco pede para eu ir passando as imagens guardadas no aparelho até encontrar a mais recente. Encontro. Lá estava ele posando ao lado de Alex, um dos maiores ídolos da história do seu Fenerbahçe. “Ele estava aqui em Berlim para comentar a final da Champions League. Eu tive a honra de conduzir Alex. Eu não queria cobrar nada dele pela viagem, mas ele disse que fazia questão de pagar”, conta Fatih Barram
O sinal abriu e o humor começou a mudar. O turco queria saber por que Alex jamais disputou uma Copa do Mundo. Disse que nem eu sabia e joguei a bomba no colo de Zagallo, Felipão, Parreira e Dunga, técnicos da Seleção Brasileira nos anos em que Alex poderia ter disputado a Copa do Mundo. “Ele poderia ter enfrentado a Turquia em 2002”, não é, questiona, indignado. Aí eu me limitei a balançar a cabeça positivamente.
Pressenti que o assunto ia chegar na polêmica vitória do Brasil por 2 x 1 sobre a Turquia na primeira rodada da Copa de 2002, a da conquista do penta. Aquela da encenação do Rivaldo na bandeirante de escanteio, do pênalti que não foi no lance que deu origem ao pênalti da virada… Avistei a placa do aeroporto e pensei comigo: acelera, turco, não estou nem um pouco a fim de entrar em dividida. Graças a Deus o portão de acesso ao Terminal 1 chegou mais rápido do que eu esperava. Foi o tempo de pagar a conta, pegar a mala, bater a porta do carona e dizer: em outra viagem a gente fala sobre isso.