Sao Paulo Rodrigo Caio festeja o gol da vitória do São Paulo sobre o Flu. Imagem: Rubens Chiri/saopaulofc.net

Dez pitacos sobre o futebol candango, brasileiro e internacional no fim de semana da bola

Publicado em Esporte
  1. Verdão

Não vou perder tempo neste post falando de arbitragem, STJD, bate-boca patético entre os cartolas Peter Siemsen, Eduardo Bandeira de Mello e Paulo Nobre e muitos menos diretores executivos oportunistas como Alexandre Mattos e Rodrigo Caetano. Esse povo não joga bola. Vou recorrer à frieza dos números: das 31 rodadas, o Palmeiras já liderou 22. Repito, 22! Campeonato por pontos corridos é regularidade. Não é possível que o time de Cuca tenha sido tão beneficiado pelo apito a ponto de colecionar, repito, 22 rodadas no primeiro lugar da Série A. É preciso enxergar — aceitar e respeitar — os méritos do time paulista. Quando tem pela frente um time lá da rabeira da classificação, seja grande ou pequeno, o Palmeiras atropela, ao contrário dos concorrentes. O Figueirense é apenas mais uma vítima. Não vejo injustiça nenhuma se o Palmeiras for campeão. Seria justo.

 

  1. Amarelão

Além do Palmeiras, quatro times ocuparam o primeiro lugar nesta Série A: Corinthians, Grêmio, Internacional e Santa Cruz. Como sentir cheiro de hepta se o vice-líder Flamengo amarela todas as vezes que tem a chance de aparecer pela primeira vez na liderança? Foi assim no empate diante de um São Paulo horrível no Morumbi. Em caso de vitória, o Flamengo assumiria temporariamente a liderança e colocaria pressão no Palmeiras. Foi assim ao recuar covardemente diante do Inter, no domingo, depois de abrir o placar no Beira-Rio. Se houvesse um tropeço do Palmeiras em Floripa, o Flamengo poderia assumir a dianteira.  Em vez de passar por cima de um colorado desesperado, de sufocá-lo, o Flamengo cedeu e tomou a virada. Com todo o respeito à nação rubro-negra, ainda tem campeonato, mas o cheirinho é de enea, nona, como queiram. O “cheirinho de hepta” nada mais é do que a atualização do tal do “deixou chegar” usado no ano passado e em outras tantas ocasiões. O time entrou no G-4 e não se sustentou. Amarelou e saiu rapidinho de lá.

 

  1. Alçapão

O Botafogo é a melhor história de reação deste Brasileirão. Tem que respeitar: foram sete rodadas na zona de rebaixamento. Graças a Jair Ventura, o Glorioso só está atrás do Palmeiras no número de pontos conquistados no segundo turno. E a Arena Botafogo é um alçapão. São oito partidas na Ilha do Governador e apenas uma derrota, no duelo contra o Santos. Por essas e outras o alvinegro merece demais estar no G-6. E voltar à Libertadores. Quanto ao Atlético-MG, última vítima do Botafogo na Ilha, o jejum de título brasileiro que se arrasta desde 1971, pelo jeito, vai continuar. É a maior abstinência entre os 12 principais clubes do país.

 

  1. Vacilão

Assim como o Flamengo, o Santos é outro desperdiçador de pontos. O Peixe jogou no lixo a oportunidade de assumir o terceiro lugar ao empatar com o Grêmio na Vila Belmiro. É bom deixar claro que terminar a Série A no G-3 significa limpar o início da temporada. Os três melhores do Brasileirão vão direto para a fase de grupos da Copa Libertadores da América. Os outros três serão submetidos à dificuldade da fase preliminar, com viagens desgastantes. Em algumas vezes, na altitude. O Grêmio continua em lua de mel com Renato Gaúcho. Tem duas chances de ir à Libertadores: o Brasileirão e a Copa do Brasil.

 

  1. Reconstrução

Paulo Autuori faz um belo trabalho no Atlético-PR. E com garotos! A vitória no clássico contra o Coritiba é mais um passo da volta por cima. Autuori saiu queimado do Vasco, do São Paulo e do Atlético-MG. Vai ser duro se manter no G-6 e carimbar o passaporte para a Libertadores, sobretudo com Grêmio, Corinthians e Fluminense no retrovisor, mas tá mandando bem.

 

  1. Salvação

Ouso dizer que as vitórias do Internacional e do São Paulo na rodada praticamente garantiram a permanência dos dois clubes na elite. Dificilmente os quatro degolados deixarão de ser Vitória, Figueirense, Santa Cruz e América-MG. A sequência de jogos do Coritiba também é muito perigosa. Sinceramente, achei muita cara de pau o técnico Celso Roth dizer que armou uma arapuca para o Flamengo, depositando o triunfo na conta dele. E a coleção de lambanças dele nesta passagem pelo Inter? Quando o time vence é fácil assumir os acertos. Vitinho foi o cara do jogo. E o Flamengo acusou dois golpes: covardia e cansaço. Quanto ao São Paulo, que vitória heroica no Rio. Salvaram o emprego de Ricardo Gomes, por quem torço muito para ter um fim de ano feliz, ou seja, mantendo o tricolor na primeira divisão.

 

  1. Humilhação

Jogar a Série B três vezes tem seu preço. O Vasco perdeu o respeito dos clubes frequentadores assíduos da segundona, como o CRB-AL. A torcida cruz-maltina quer terminar a Série B no G-4, óbvio, mas o título é importante, sim. Basta lembrar do clima de velório no Maracanã, em 2014, quando o time voltou para a elite em um estádio lotado tomando sufoco. Há algo de podre no reino de São Januário. Eurico Miranda sabe e anda aborrecido com a surpreendente queda de rendimento do trabalho da dupla Jorginho e Zinho. O desgaste desnecessário pode ser determinante para mudanças na comissão técnica em 2017.

 

  1. Decepção

Uma pena o Guarani ter sido goleado por 4 x 0 pelo ABC no jogo de ida da semifinal da Série C do Campeonato Brasileiro. Era importante ganhar o título para ganhar ainda mais moral depois do retorno à segunda divisão. No outro confronto, o Boa mandou bem ao derrotar o Juventude, de Antônio Carlos, em Caxias do Sul. Meio caminho andado para a final.

 

  1. Atenção

Como escrevi aqui outro dia em um post, fiquem de olho no trabalho do ex-lateral-esquerdo Giovani van Bronckhorst à frente do Feyernoord. Lá se vão nove rodadas do Campeonato Holandês e nove vitórias (27 pontos). O Basel é quem mais se aproxima disso, com 31 pontos ganhos em 33 no Campeonato Suíço. Nenhum dos líderes dos outros seis principais nacionais da Europa tem uma arrancada como essa. Desempenho como esse no Velho Continente só o TNS na Liga do País de Gales, com 11 vitórias em 11 partidas, mas num torneio de baixo nível.

 

  1. Recordação

As melhores lembranças do futebol candango em 2016 são o Cresspom e o Gama, ambos na Copa do Brasil. O time das meninas chegou à semifinal, caiu de pé ao vencer o Audax/Corinthians na despedida do torneio, mas fez uma campanha brilhante na competição. O limitado Gama também arrebentou ao chegar à terceira fase. Foi ao limite e só caiu quando bateu de frente com o Santos.