Deus (e Dunga) escrevem certo por linhas tortas na estreia do Brasil na Copa América

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Depois de ouvir gritos de “7 x 1”, Brasil festejado ao fim do jogo em Temuco

Imagem: Leo Correa/Mowa Press

Se Deus é brasileiro, ele escreve certo por linhas tortas para ajudar Dunga a ser um burro de sorte. Voltemos um ano atrás. No maior vexame da história da Seleção, Luiz Felipe Scolari apostou em um jogador do Shakhtar Donestsk como solução para a ausência do contundido Neymar. Foi um desastre completo. A Alemanha rasgou a camisa verde-amarela dentro do Mineirão por 7 x 1. Ontem, Dunga apostou em um outro jogador do time ucraniano na tentativa de virar a partida contra o Peru e teve êxito. Douglas Costa fez o gol da vitória por 2 x 1 e quebrou um tabu. O Brasil não largava com três pontos na Copa América desde 2004. O passe foi de Neymar. Dono do jogo, ele também marcou.

Outra prova de que Deus escreve certo por linhas tortas na prancheta de Dunga foi a convocação às pressas de Daniel Alves. O lateral-direito jamais havia sido chamado pelo treinador depois do fracasso na Copa do Mundo. O baiano estaria em férias não fosse o corte do titular Danilo por contusão. Titular no Mundial de 2014, Daniel Alves chegou sentando na janelinha, barrou o reserva Fabinho, do Monaco, e foi o único ser capaz de dialogar com Neymar no gramado do Estádio Germán Becker, em Temuco.

Foi do parça Daniel Alves o cruzamento para Neymar fazer de cabeça o gol de empate. Antes de o camisa 10 fuzilar o goleiro Gallese, o Peru explorou o que a defesa do Brasil tem de pior: a prepotência do zagueiro David Luiz. Em vez de jogar como beque de pelada e dar um bico na bola para onde o nariz apontava ao ser pressionado pelo ataque do Peru, um dos vilões do 7 x 1 preferiu recuar a bola cheio de pose para Jefferson. O camisa 1, treinado pelo preparador Taffarel para ser um espécie de Neuer — líbero — verde-amarelo, pagou mico. Saiu jogando mal, entregou a bola nos pés de Cuevas e foi buscá-la na própria rede. Uma sucessão de lambanças de dar inveja aos Trapalhões.

Mas o pacto de Dunga com o todo-poderoso parece forte. Ah, com Neymar também. Rejeitado pelo técnico na convocação para a Copa de 2010 por ser jovem demais, o capitão e camisa 10 segue provando que não guarda mágoa. Neymar simplesmente iniciou todos as ações ofensivas do Brasil. Era arco e flecha. Acertou o travessão, deixou Douglas Costa duas vezes na cara do gol — na primeira delas o jogador do Shakhtar finalizou para fora — e brilhou definitivamente no último ato da difícil estreia. Piedoso, Neymar deu uma segunda chance a Douglas Costa. Enxergou o camisa 7 em posição legal em um lançamento mágico e o camisa 7 finalmente caprichou. Só teve o trabalho de empurrar a bola para a rede. Foi o primeiro gol de Douglas Costa em sete exibições pela Seleção.

“O importante é que o gol saiu na Copa América e quando o Brasil estava precisando”, comemorou na saída de campo. Enquanto isso, Neymar comemorava a eleição de melhor jogador em campo. “Quero continuar atingido marcas, com gols, passes, o que quer que seja”, afirmou o jogador em entrevista à TV Globo.

Decisivo na vitória que deixa o Brasil na liderança do Grupo C com os mesmos três pontos da Venezuela nos critérios de desempate, Neymar admitiu que esperava um primeiro jogo difícil diante do Peru. “Toda estreia é difícil, ainda mais em uma competição como essa. A rivalidade está no continente. A vitória é o mais importante”, avaliou.

TE CUIDA, PELÉ

Com o gol de ontem, Neymar é o quinto maior artilheiro da Seleção

1. Pelé, 95 gols

2. Ronaldo, 67

3. Zico, 66

4. Romário, 56

5. Neymar, 44

6. Rivellino e Jairzinho, 43