Depois da briga por grana em Brasília na Copa, a final: Gana pode ser campeã africana com técnico judeu rejeitado por 17% de muçulmanos

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Gana recebe US$ 3 milhões em espécie no Brasília Palace

Crédito da imagem: Reprodução/TV Globo

Pouso de “emergência” na Base Aérea de Brasília, transporte de dinheiro com escolta policial pelas ruas do DF e distribuição de US$ 3 milhões em espécie aos jogadores para quem quisesse ver do lado de fora do hotel. O roteiro de cinema protagonizado pela seleção de Gana, há sete meses, em Brasília, para impedir uma greve do elenco em pleno Mundial do Brasil, pode terminar com final feliz, neste domingo, em Bata, Guiné Equatorial. Neste domingo, às 16h30, as Estrelas Negras disputam a final da Copa Africana de Nações contra a Costa do Marfim em uma revanche da decisão de 1992. Naquele ano, os Elefantes frustraram a geração comandada por Abedi Pelé. Depois de um empate por 0 x 0, vitória nos pênaltis por 11 x 10. 

Acusados de comandar o indicativo de greve na Copa do Mundo, Kevin-Prince Boateng e Sulley Muntari foram banidos da seleção de Gana. Eles condicionavam a entrada em campo contra Portugal, no Mané Garrincha, na última rodada da fase de grupos, ao pagamento da premiação atrasada. Sob pressão, a federação do país pediu adiantamento de receitas à Fifa e impediu um vexame maior em Brasília. O bicho só não evitou a derrota por 2 x 1 para Portugal.

Depois de ganhar fama de mercenária, Gana anda na linha sob o comando do israelense Avram Grant. Vice da Champions League em 2008, à frente do Chelsea, o técnico assumiu o cargo com a missão de moralizar o elenco. Na chegada, o judeu sofreu resistência por parte de 17% da população muçulmana do país, que não reconhece o estado de Israel.

Uma das apostas de Avram Grant contra a Costa do Marfim é André Ayew. Filho de Abedi Pelé, ele é um dos artilheiros da Copa Africana com três gols. O jogador do Olympique de Marselha tem a chance de vingar o pai, derrotado pela Costa do Marfim na decisão de 1992, e encerrar o jejum de 33 anos sem título continental. Tricampeã, Gana não fatura o título desde a edição de 1982.

Pé-frio?

A Costa do Marfim também quer sair da seca. Os Elefantes chegaram a duas finais na era Didier Drogba, mas perderam o título para Egito (2006) e Zâmbia (2010). Há cinco anos, amargou o vice sem sofrer gol ao longo de todo o torneio. Drogba aposentou-se da seleção. Na primeira edição sem ele, o país pode ser bicampeão. Sem o astro, a seleção conta com a liderança de Yaya Touré no meio de campo e a velocidade dos atacantes Gervinho e Wilfried Bony para reconquistar o título continental.

O vencedor da finalíssima deste domingo estará classificado para a Copa das Confederações de 2017, na Rússia — evento teste para o Mundial de 2018. Além da anfitriã, a Austrália está classificada. Na semana passada, os Cangurus derrotaram a Coreia do Sul na decisão da Copa da Ásia.