Cruzeiro Um dos patrocinados pela Caixa, o Cruzeiro ganhou a Copa do Brasil em 2018. Foto: Nelson Almeida/AFP Um dos patrocinados pela Caixa, o Cruzeiro ganhou a Copa do Brasil em 2018.

Depois de vestir a camisa do Palmeiras-Crefisa, Bolsonaro ameaça virar vilão dos clubes Caixa

Publicado em Esporte

“Garoto-propaganda” da Crefisa por algumas horas ao vestir a camisa do Palmeiras na festa do décimo título brasileiro, o presidente eleito, Jair Bolsonaro. pode “sem querer querendo” aumentar o abismo financeiro entre o time de maior orçamento do país e os concorrentes, e virar vilão de mais da metade dos clubes da Série A. Competições como a Copa do Nordeste e a Copa Verde e os campeonatos paraibano, potiguar, sergipano, rondoniense e sul-mato-grossense também arriscam serem atingidos em cheio.

Bolsonaro pretende revisar o investimento em publicidade e patrocínio da Caixa. Dos 20 clubes da elite, 12 recebem verba do governo federal: Atético-MG, Athletico-PR, Avaí, Bahia, Botafogo, Ceará, Cruzeiro, CSA, Flamengo, Fortaleza, Goiás e Santos são os clubes da primeira divisão parceiros do banco. A estatal é anunciante master de todos eles. Também haverá impacto em clubes das séries B e C. No total, 24 clubes têm acordo com a Caixa.

O futuro chefe do executivo escreveu no Twitter: “Tomamos conhecimento de que a Caixa gastou cerca de R$ 2,5 bilhões em publicidade e patrocínio neste último ano. Um absurdo! Assim como já estamos fazendo em diversos setores, iremos rever todos esses contratos, bem como do BNDES, Banco do Brasil, SECOM e outros”, avisou, em resposta a um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) publicado em no fim de novembro.

O texto aponta “irregular prorrogação de contratos de patrocínio”. Acrescenta ainda que os acordos “não se constituem em serviço de natureza contínua”. Os contratos anuais vencem entre dezembro e abril, período em que costumam ser renovados (ou não). A contrapartida é a visibilidade. Pelo menos três times classificados para a Série de 2019 terminam 2018 em alta com a estatal. O Cruzeiro expôs a a marca na conquista do bi da Copa do Brasil. O Fortaleza arrematou a Série B. O Athletico-PR internacionalizou a grife na festa do título inédito da Copa Sul-Americana. Há bônus proporcionais à relevância do torneio.

Curiosamente, a Série A não é conquistada por um parceiro da Caixa desde o Corinthians, em 2015. O Palmeiras-Crefisa faturou o troféu em 2016 e em 2018. O Corinthians, no ano passado. O Timão fez contratos pontuais na temporada anterior.

Neste ano, a previsão de teto para aplicação nos clubes de futebol era de R$ 152,9 milhões, o equivalente a 22% do montante estimado pela Caixa para publicidade, patrocínio e comunicação em 2018. Alguns clubes renovaram sem reajuste e outros times aceitaram assinar com redução do repasse.

O TCU exige transparência na aplicação do dinheiro público, ou seja, a prestação de contas do patrocínio. Há críticas à falta de isonomia na distribuição do montante, ou seja, com aplicação diferenciada do dinheiro. O Flamengo, por exemplo, encabeça o ranking com R$ 25 milhões, seguido por Santos (R$ 14 milhões), Atlético-MG, Botafogo e Cruzeiro (R$ 10 milhões cada).

Em entrevista ao blog, o atual presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, que deixará o cargo em 31 de dezembro, avaliou a situação. “Acho que o patrocínio deve sempre ser avaliado segundo o seu retorno, independentemente de se tratar de empresa pública ou privada. Há empresas especializadas em calcular o retorno que a exposição da marca proporciona ao patrocinador”, argumenta. Questionado sobre qual seria o impacto da perda do apoio da Caixa no orçamento rubro-negro, o dirigente respondeu: “Nenhum. Certamente teremos opções”. O Corinthians não achou anunciante master depois do rompimento com a Caixa.

Em nota publicada na noite de quinta-feira, a Caixa rebate o relatório do TCU. “A Caixa Econômica Federal esclarece que segue os ritos legais previstos na legislação e acompanhamento de órgãos de controle externo.

O orçamento com recursos do banco projetado para ações de publicidade, patrocínio e comunicação em 2018 foi de R$ 685 milhões, sendo realizado até novembro de 2018 de R$ 500,8 milhões. A CAIXA reforça que as ações de comunicação do banco são voltadas para alavancagem de negócios, produtos e serviços, sendo reduzidas desde o ano de 2016”.

 

O ranking de patrocínio com a Caixa em 2018*

1. R$ 25 milhões – Flamengo
2. R$ 14 milhões  – Santos
3. R$ 10 milhões – Atlético-MG, Botafogo e Cruzeiro
6. R$ 6, milhões – Atlético-PR, Bahia e Vitória
9. R$ 5 milhões – Paraná e América-MG
12. R$ 4,0 milhões – Ceará, Ponte Preta e Avaí
14. R$ 3,2 milhões – Paysandu
15. R$ 3,1 milhões – Londrina
16. R$ 3,0 milhões – Coritiba
17. R$ 2,8 milhões – Sport (4 meses)
18. R$ 2,4 milhões – Fortaleza e Vila Nova
20. R$ 2,3 milhões – Criciúma
21. R$ 2 milhões – Atlético-GO
22. R$ 1,5 milhões – CRB e CSA
24. R$ 1,3 milhão – Sampaio Corrêa

* Considerando os valores fixos de cada clube. A Caixa prevê bônus pela conquista de alguns títulos. 

 

Bônus por título


Mundial de Clubes - R$ 2 milhões

Libertadores - R$ 1,5 milhão

Série A - R$ 1 milhão

Série B - R$ 500 mil

Copa do Brasil - R$ 500 mil

Copa do Nordeste - R$ 300 mil

Copa Verde - R$ 200 mil

 

 

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