image Jairo dos Santos ajudou o Brasil a ganhar o tetra e o penta. Imagem: Reprodução/BOL

Espião da Seleção em oito Copas vence CBF na Justiça: R$ 2,5 milhões

Publicado em Esporte

Observador técnico da Seleção Brasileira nas conquistas do tetracampeonato em 1994, nos Estados Unidos, e do penta, em 2002, Jairo dos Santos venceu a Confederação Brasileira de Futebol na Justiça na disputa para receber 33 anos de direitos trabalhistas. Espião de Claudio Coutinho, Telê Santana, Sebastião Lazaroni, Carlos Alberto Parreira, Mario Jorge Lobo Zagallo, Vanderlei Luxemburgo, Emerson Leão, Luiz Felipe Scolari e em parte da primeira era Dunga, Jairo dos Santos tem de ser indenizado pela CBF em R$ 2,5 milhões segundo confirmaram ao blog o próprio Jairo dos Santos e seu advogado, Waldir Nilo Passos Filho. A CBF recorreu há três anos da primeira decisão, mas a condenação foi determinada pela 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-RJ).

Com passagem pelo Flamengo como diretor — a última delas em 2012 — Jairo dos Santos trabalhou para a CBF em oito Copas do Mundo e cobra indenização de 33 anos de trabalho sem carteira assinada pela entidade máxima do futebol brasileiro. Militar aposentado da marinha, Jairo dos Santos foi dispensado pelo então ministro da pasta em 1977 para atuar como assessor técnico e observador da ainda CBD — Confederação Brasileira de Desportos, atual CBF. O técnico à época era Claudio Coutinho, um dos maiores amigos de Jairo dos Santos.

Quando assumiram a Seleção no fim de 2012, Luiz Felipe Scolari e o coordenador Carlos Alberto Parreira queriam ao lado Jairo dos Santos. Parreira fez o convite pessoalmente a Jairo, mas o diretor Jurídico da CBF, Carlos Eugênio Lopes, vetou a contratação porque o escolhido estava em litígio com a entidade desde 2010, alegando falta de pagamento. Na época, a CBF havia perdido a queda de braço em primeira instância e recorreu da decisão.

Sem o profissional de confiança, a comissão técnica partiu para o improviso. Na Copa das Confederações, aproveitou o coordenador das Divisões de Base e técnico da Seleção Sub-20, Alexandre Gallo. Felipão e Parreira sabiam que a carga de trabalho seria dobrada na Copa do Mundo e acrescentaram o ex-zagueiro Roque Júnior, fechando o time de espiões durante a trágica campanha no Mundial dos EUA.

Jairo dos Santos entrou na comissão técnica da Seleção em 1977, e só deixou o cargo de observador nas Eliminatórias para a Copa de 2010, quando Dunga e Jorginho comandavam a Seleção e optaram pela contratação de Marcelo Cabo. Formado em engenharia, pelo IME, e educação física, Jairo dos Santos sistematizou o trabalho de “espionar” e incorporou a ciência ao futebol. Revolucionário à época, Jairo defendeu que deve-se observar pelo menos duas vezes ao vivo um adversário, apenas gravar as impressões no jogo para não perder lances de vista e utilizar dados estatísticos para fazer projeções.

A função que teve Jairo dos Santos como pioneiro é ocupada hoje pelos auxiliares de Tite, Cleber Xavier, Sylvinho e Matheus Bachi, filho do treinador, e pelo analista de desempenho tático Fernando Lázaro. O diretor de seleções Edu Gaspar e o preparador de goleiros Taffarel também contribuem eventualmente.