Complexo de Peter Pan! Aos 105 anos, o Chile busca o primeiro título na vida. Aos 102 jogos, Messi também com a camisa da Argentina

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Chile e Argentina: os candidatos ao título da Copa América

Crédito da imagem: Divulgação/Conmebol

A final entre quem jamais conquistou nada contra quem não ganhou coisa nenhuma com a camisa da seleção principal. Assim pode ser definido o duelo do anfitrião Chile com Lionel Messi, da Argentina, hoje, no último capítulo da Copa América 2015. Aos 105 anos, La Roja é uma das três seleções do continente com a sala de troféus vazia. Tetra vice na história do torneio, a esquadra anfitriã tem a chance de exorcizar seu complexo de Peter Pan, crescer na vida e se livrar das más companhias do Equador e da Venezuela. Eleito quatro vezes o melhor jogador do mundo, Messi também vive na terra do nunca. Acumula 102 jogos com a camisa alviceleste, mas é incapaz de usar sua magia para quebrar um encanto intacto desde 1993. A moeda do Brasil ainda nem era o real quando os hermanos festejaram a última glória de sua esquadra principal.

A operação caça-fantasmas do Chile tem seu “Maracanazo”. Em 1955, La Roja perdeu o título, em casa, justamente para a Argentina. Não era uma final, como a de hoje. O torneio foi disputado em um hexagonal. O Chile tinha chance de título, mas o gol de Rodolfo Micheli tem, para os chilenos, o mesmo gosto amargo enfiado goela abaixo dos brasileiros pelo uruguaio Ghigghia na final da Copa de 1950. É o “Nacionalazo” deles. Mas não é só isso. O belíssimo time comandado pelo argentino Jorge Sampaoli precisa sentar-se no divã antes de entrar em campo e superar outro complexo — o de inferioridade. O Chile jamais derrotou a Argentina em 99 anos de história da Copa América. São cinco empates e 19 derrotas.

Não há dúvida de que o Chile pisará no gramado do Estádio Nacional pilhado. Alexis Sánchez então… O atacante tem uma espécie de acerto de contas com o desafeto Messi. Numa matéria publicada em 2013 pelo site espanhol El Confidencial, Messi é acusado de ter humilhado alguns colegas do Barcelona. Entre eles, o ídolo chileno. Messi teria dito a Alexis em um treino: “Do jeito que você é ruim, não sei como custou tanto. Não chute tanto e me passe a bola”. O clube catalão havia investido 26 milhões de euros para tirá-lo da Udinese, da Itália. Sánchez saiu do Barça pela porta dos fundos rumo ao Arsenal.

O menosprezo de Messi por Alexis Sánchez é mais ou menos o mesmo do povo argentino pelo craque do Barcelona. Menos idolatrado do que o reserva Carlitos Tévez, a Pulga batalha incessantemente para conquistar um título com a seleção principal e ganhar um cantinho no lado esquerdo do peito da torcida. O título do Mundial Sub-20 de 2005 no papel de protagonista e a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008 em um time em que Riquelme era o cara, e Di María fez o gol do título, não contam. A Copa América tem seu peso, mas o tri na Copa do Mundo de 2014 seria a flechada de amor certeira no coração de quem (ainda) não o considera o Messi(as).

Em 102 jogos com a camisa principal da Argentina, a Pulga teve duas chances de desequilibrar em uma final. Fracassou em ambas. Na final da Copa América de 2007, levou um baile da Seleção Brasileira de Dunga, por 3 x 0. No ano passado, desperdiçou ao menos duas chances claras de gol na decisão da Copa, no Maracanã diante da Alemanha. O título de hoje pode dar início ao império de Messi em torneios de seleções. Se for campeã, a Argentina disputará a Copa das Confederações de 2017, na Rússia. Um novo título daria embalo para Messi levar os hermanos ao tri no Mundial de 2018.

Companheiro de Messi no Barcelona, Bravo, capitão e goleiro do Chile, sabe que o amigo nunca balançou a rede em uma decisão com a camisa da Argentina, mas não despreza o poder de decisão do dono da braçadeira da Argentina. “A verdade é que não é fácil. A qualidade do Messi é incrível. Espero que cada componente do nosso time faça seu papel o melhor possível, tentando neutralizá-lo”, suplica. Frio e calculista, Messi anotou apenas um gol na Copa América, mas lidera o ranking de assistências ao lado de Valdivia — três cada. Ele avisa: “Tomara que eu tenha guardado os gols para a final”. A conferir…