Fagner flu Fagner e o Fluminense, um dos seus times do coração. Foto: Divlgação/Fluminense

Cantor Fagner fala de futebol e revela que lançará livro sobre seu primeiro amor

Publicado em Esporte

Você conhece o Raimundo Fagner Cândido Lopes cantor, ídolo, distribuidor de autógrafos e agora também de selfies na era digital. Mas no bate-papo a seguir, Fagner assume o papel de tiete. Fala da vida de colecionador de fotos com jogadores de futebol e revela que lançará, em breve, um livro sobre uma das suas primeiras paixões: o futebol. O cearense de Orós conta que sempre foi boleiro. Cansou de jogar pelada, aqui no DF, lá no Iate Clube.

Na entrevista, o torcedor do Fortaleza e do Fluminense fala da relação com craques como o compadre Zico e Afonsinho, o rebelde, com quem morou. Ele recorda inclusive que Afonsinho o lançou no time do Trem da Alegria. Usa o nordestinês para chamar uma imagem que tem com Higuita de estrambólica. Até compara o seu futebol com o do xará do Corinthians e da Seleção Brasileira.

Fagner usa a voz para cantar, mas também é afinado para cornetar. Padrinho de Thiago, filho de Zico, dá uma alfinetada no amigo Reinaldo Gueldini — ex-técnico do Gama. E esclarece que jamais quis ser jogador de futebol profissional. O Plano A do ex-estudante da Universidade de Brasília (UnB) era ser administrador. O B, arquiteto. Mas aí, em 1972, venceu o 1º Festival do Ceub com Mucuripe, canção que teve Belchior como parceiro. E o futebol virou apenas uma diversão.  Neste sábado, Fagner se apresenta aqui em Brasília, às 21h, no Centro de Convenções.

 

Eu sei que você é colecionador de foto com jogadores de futebol. Quantas são?

Pô, você pegou legal (risos). Eu guardo as minhas fotos em momentos incríveis, mágicos, com qualquer jogador que você possa imaginar. Com Pelé, Rivellino, Sócrates, meu compadre Zico… São imagens de peladas que eu promovi lá no Ceará, dos campos em que eu joguei. Com Zico na Itália, no Japão… Pelé no Cosmos… E em todos os clubes das cidades em que eu ia fazer shows e os times me chamavam para treinar.  Eu ia ao Atlético-MG num dia e aparecia no Cruzeiro no outro. Fui ao Grêmio, ao Internacional. Eu tenho uma relação boa com todos os clubes, e sempre tive a oportunidade de bater uma bolinha nesses clubes.

É o momento em que você deixa de ser ídolo para ser o tiete?

Exatamente. E boleiro. Sempre fui muito fominha. Esse tempo, de certa maneira, passou. Vai chegando a idade, vamos perdendo as forças.

Pensa em fazer algum produto unindo música e futebol?

Eu tenho a intenção, em breve, de mostrar essa passagem minha com o futebol, da paixão que eu tive, da relação que existe da música com o futebol, que são coisas muito íntimas no Brasil. Há poucos livros, pouca memória.

Então você pretende fazer um livro…

Eu quero lançar um livro da minha relação com o futebol. Esses momentos que você falou, essas fotos, as pessoas comentando isso. A gente está bem adiantados, inclusive.

Qual é a sua imagem preferida com jogador?

Tem fotos estrambólicas. Eu com Higuita (goleiro colombiano). Coisa sem sentido (risos). Eu com Michel Platini. Com Zico, pela amizade, companheirismo. Pelé largando o futebol no Cosmos (dos Estados Unidos). Magrão (Sócrates), Rivellino… Todas essas relações que eu tive. Essas peladas, momentos mágicos. Estão registrados e tenho a história de cada momento.

Tem previsão para você publicar?

Não. Estou terminando meu livro com Regina Echeverria, com um pouco da história da minha carreira. Não é nada definitivo, mas estou primeiro acabando esse livro para depois fazer um livro de amenidades sobre o futebol.

Toda vez que você vem a Brasília bate uma bolinha…

Eu jogava lá no Iate. Tinha uma pelada muito boa lá. Peguei uma turma excelente. Eu vinha mesmo pra valer nessa época. Eu jogava lá frente, de ponta-esquerda. Eu sempre joguei muito com o Zico, Júnior. Eles resolviam no meio de campo e davam passe pra mim. Eu só dava o último tapa na bola (risos). E não podia perder! A bola sempre chegava muito bem dada.

 

Eu quero lançar um livro da minha relação com o futebol. Esses momentos que você falou, essas fotos, as pessoas comentando isso. A gente está bem adiantados, inclusive

 

Você morou muito tempo com o Afonsinho, do Botafogo, Vasco, Santos, Flamengo, do seu Fluminense, entre outros clubes. Como foi a sua relação com ele?

Pronto, essa minha relação com o futebol vem justamente dessa minha ligação com Afonso. Quando começou a coisa do passe livre, eu o conheci por meio de um colega, e logo nós ficamos amigos. Ele levou-me para morar na casa dele e lançou-me no time do Trem da Alegria. A história do Afonso eu acompanhei de perto. Eu era lateral-direito, mas depois terminei lá na frente. Esse time durou um ano e meio, dois anos mais ou menos.

Lembra a escalação do Trem da Alegria?

Tinha o Paulinho da Viola, jogava Gonzaguinha, Moraes Moreira, Pepeu Gomes… Era uma mistura. Estou esquecendo muita coisa, mas era mais ou menos esse timaço aí.

 

Eu nunca quis ser jogador de futebol profissional. Foi fundamental para eu largar a faculdade. Eu fazia administração na Universidade de Brasília (UnB), mas com olho na arquitetura. Aí, a música chegou (em 1972, ao vencer o 1º Festival do Ceub e cortou o barato

 

E a amizade com o Galinho?

A amizade com o Zico surgiu porque o Geraldo Cleofas (contemporâneo de Zico nas divisões de base), que era o gênio que surgiu junto com o Zico, morava no mesmo prédio do Afonsinho. A gente estava em contato todo dia. Falavam muito de mim na imprensa. Ele (Geraldo) veio a falecer e, em seguida, eu conheci o Zico. Teve um ingrediente aí de emoção. Geraldo Cleofas era um grande amigo do Zico, grande amigo meu. e daí surgiu essa amizade rica e sincera.

Quando você ganhou seis discos de ouro organizou uma pelada entre jogadores da seleção de 1970 contra a de 1982. Jogou em qual time?

Nós fomos comemorar esses discos e eu fiz uma festa em Fortaleza. Levamos aí uns quarenta e tantos jogadores. Coincidentemente, tinha gente da geração de 1970. Jairzinho, Dirceu Lopes, Rivellino, Sócrates, Reinaldo, Éder Aleixo, Marinho Chagas. Foi um momento memorável. Batista, Toninho Cerezo. Até hoje, quando eles me encontram, perguntam: “Cadê aquela festa?”.

E qual das duas seleções é a melhor?

As duas, as duas. Cada uma fez o seu papel. Uma ganhou, um timaço. E a outra encantou o mundo e terminou não ganhando. Não gosto de fazer distinção de qual foi melhor. Ninguém vai convencer ninguém de que a que não ganhou foi a melhor. A de 1970 era Gerson, Pelé, Rivellino, Tostão, Jairzinho. E depois um time espetacular que encantou o planeta. Todos foram para a Europa. Zico, Sócrates, Júnior, Falcão, Cerezo, Edinho, foi todo mundo. Só ficou o Éder. São duas gerações espetaculares.

 

Estou torcendo muito pra ele (Fagner) continuar na Seleção. E ele marca muito. Eu nunca fui de marcar muito. Eu era mais de ser marcado (risos). Ele marca pra chuchu. Torço demais para que ele faça uma carreira bonita e que honre pra caramba essa camisa. Ele tá honrando demais o meu nome, e a gente fica muito feliz por isso

 

O concurso de música que você ganhou, aqui em Brasília, foi definitivo para, entre outras coisas, deixar de lado o futebol?

Eu nunca quis ser jogador de futebol profissional. Foi fundamental para eu largar a faculdade. Eu fazia administração na Universidade de Brasília (UnB), mas com olho na arquitetura. Aí, a música chegou (em 1972, ao vencer o 1º Festival do Ceub e cortou o barato.

Mas aí, um xará virou jogador. Afinal, quem é melhor: o Fagner cantou ou o Fagner lateral-direito do Corinthians?

Ele tá matando a pau lá… Estou torcendo muito pra ele continuar na Seleção. E ele marca muito. Eu nunca fui de marcar muito. Eu era mais de ser marcado (risos). Ele marca pra chuchu. Torço demais para que ele faça uma carreira bonita e que honre pra caramba essa camisa. Ele tá honrando demais o meu nome, e a gente fica muito feliz por isso.

E o Tite, conquista o hexa na Copa do Mundo da Rússia em 2018?

Estou com uma confiança do tamanho do Tite. Ele chegou na hora certa. Antes veio o Dunga, com todo um passado, mas o Tite pega uma geração que aprendeu com o 7 x 1, com aquele desastre em todos os sentidos. A gente vinha sacando que viria um desastre político, no futebol, na economia, em tudo. Todo mundo cantou vendo o Titanic ali na frente e terminou acontecendo. A gente tem esses exemplos. Jogar em casa era uma responsabilidade muito grande. Hoje, nós temos jogadores maduros para várias posições. E o Tite é o cara mais importante, certo para estar com esse time. Essa série de vitórias em jogos oficiais é algo que a gente jamais teve nas Eliminatórias.

E o filho do Zico? Ficou chateado com a passagem do Thiago Coimbra pelo Gama?

Eu quero saber o motivo de ele não ter jogado. Passou dois meses aqui (faz cara feia). Ele é meu afilhado, filho do Zico. Ele me ligava dizendo que iria jogar, mas ficava no banco. Acho que foi por isso que o time não ganhou, o Thiago não jogou (risos). E eu conheço o Reinaldo Gueldini (ex-técnico do Gama), é meu amigo, joguei bola com ele.