Paqueta Éverton Ribeiro, Diego e Paquetá: meias compensam jejum de Dourado. Foto: Gilvan de Souza/Flamengo Éverton Ribeiro, Diego e Paquetá: gols dos meias compensam o jejum de Dourado.

Até quando o Flamengo suportará ser o líder do Brasileirão sem a contribuição do seu centroavante?

Publicado em Esporte

O Flamengo lidera o Campeonato Brasileiro na contramão dos últimos campeões da Série A. O Corinthians de 2017, 2015 e 2011 tinha centroavantes decisivos. Jô, Vágner Love e Liédson desequilibravam. O Palmeiras de 2016 contava com Gabriel Jesus para desatar nós de partidas complicadas — uma delas, contra o próprio Flamengo, no Allianz Parque. O Cruzeiro do bi de 2013 e 2014 contava com Ricardo Goulart. Fred fez a diferença nas conquistas de 2012 e de 2010 do Fluminense. O que seria do Flamengo sem as 19 bolas na rede de Adriano, o Imperador, no título de 2009? A campanha rubro-negra em 2018 depende até agora fundamentalmente de Vinicius Junior e dos homens do meio de campo.

No dia em que Paolo Guerrero soube que poderá disputar a Copa da Rússia pela seleção do Peru, o Flamengo sentiu mais uma vez na pele a carência de um centroavante. Artilheiro do último Campeonato Brasileiro ao lado de Jô, Henrique Dourado tem seu valor, mas não repete no Flamengo o desempenho que teve no ano passado com a camisa do Fluminense. Culpa dele? Não totalmente. Dos 15 gols rubro-negros nesta edição, apenas dois foram do centroavante. Ambos na vitória por 2 x 0 diante do América-MG, na segunda rodada. No Brasileirão, não marca desde 21 de abril. São dois gols em 508 minutos.

No ano passado, o Fluminense jogava em função de Henrique Dourado. Continua sendo assim com o menino Pedro. No Flamengo, Dourado continua parecendo um estranho no ninho. Em tempos de Copa do Mundo, podemos dizer que ele lembra Fred na Seleção Brasileira de 2014. O time de Felipão não jogava para ele. Resultado: Fred era chamado de cone. Conclusão: o garoto Vinicius Junior é o artilheiro do Flamengo no Brasileirão com quatro gols. Os meias Lucas Paquetá (3), Éverton Ribeiro (2) e Diego (2) contribuíram juntos com sete.

Henrique Dourado no Brasileirão 2018

  • 14/04 – Vitória 2 x 2 Flamengo (0 gol)
  • 21/04 – Flamengo 2 x 0 América-MG (2 gols)
  • 29/04 – Ceará 0 x 3 Flamengo (0 gols)
  • 06/05 – Flamengo 2 x 0 Internacional (0 gol)
  • 13/05 – Chapecoense 3 x 2 Flamengo (0 gol)
  • 19/05 – Flamengo 0 x 0 Vasco (0 gol)
  • 26/05 – Atlético-MG 0 x 1 Flamengo (0 gol)
  • 31/05 – Flamengo 2 x 0 Bahia (0 gol)

Os meias do Flamengo compensam o “jejum” de Henrique Dourado. Lucas Paquetá, Éverton Ribeiro e Diego estão colocando os pés dentro da área, assumindo a responsabilidade do centroavante. Resta saber até quando isso será possível. A tendência é que os homens do meio de campo sejam cada vez mais visados pelos marcadores adversários. A começar do duelo deste domingo contra o organizado Corinthians.

Durante a Copa, Maurício Barbieri terá um mês para fazer a “inserção social” de Henrique Dourado ao time. Não dá mais para o centroavante viver à margem do time. Das duas uma: ou o Flamengo encontra um centroavante capaz de se encaixar no sistema de jogo — sonha com Vágner Love — ou terá de abrir mão de Henrique Dourado por um falso 9 depois do Mundial. Função, por exemplo, que Paquetá assumiu contra o Cruzeiro no primeiro jogo da final da Copa do Brasil no ano passado. Rodriguinho tem feito isso no Corinthians nesta temporada. Romero e Danilo também assumiram esse papel no alvinegro nos tempos de Tite.

A arrancada do Flamengo neste Campeonato Brasileiro é muito boa. Resta saber até quando a tropa de elite formada por Vinicius Junior, Diego, Éverton Ribeiro e Lucas Paquetá conseguirá blindar Henrique Dourado da responsabilidade de um centroavante. Há casos de times campeões brasileiros que, na carência de um matador, recorreram a falsos nove. Mas dá trabalho.

 

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