A coluna Máquinas do Tempo desta segunda no Correio: na linha com o técnico Roger Machado

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Há duas semanas, entrevistei um dos técnicos mais promissores do país. A conversa com Roger Machado publicada no Correio durou quase 40 minutos. O bate-papo sobre futebol foi longe. Antes da despedida, virou resenha. O ex-lateral, hoje comandante do Grêmio, gostou de duas lembranças minhas. A senha para ele entrar comigo na máquina do tempo e inspirar a coluna de hoje.

Eu disse a Roger Machado que chama a atenção a quantidade de jogadores, tanto do Grêmio quanto do Ajax, na final do Mundial de Clubes de 1995 — chamado à época de Copa Toyota — que viraram treinadores. Roger tomou um susto. “Bah, é mesmo! Não havia me tocado. Na zaga, eu, Arce e o Adilson (Batista). Dinho, Luis Carlos Goiano, o Carlos Miguel… O Luciano também é”, recordou.

Dei boas risadas quando Roger falou de três astros do time de 1995. “O Danrlei virou deputado federal. O Paulo Nunes só quer saber de festa (risos). O Jardel estava se preparando para ser treinador. Até pouco tempo, Émerson era auxiliar-técnico. O Nildo, que era reserva do Jardel, é outro que virou técnico. Muita gente, mesmo, não havia me tocado. É a escolinha do professor Felipão”.

Vinte anos depois do triunfo do Ajax nos pênaltis sobre o Grêmio no Estádio Nacional de Tóquio, em 28 de novembro de 1995, a fábrica de técnicos não para. Assim como Felipão, o holandês Louis van Gaal, do Manchester United, fez escola. Danny Blind, melhor jogador em campo naquele final, herdou de Guus Hiddink a prancheta da seleção da Holanda.

Enquanto Roger comanda o Grêmio, Frank de Boer é o técnico do Ajax. Patrick Kluivert também é treinador. Liderou a paradisíaca Curaçao nas Eliminatórias e quase protagonizou um milagre. Levou o país à terceira fase e vendeu caro a derrota por 2 x 0 para El Salvador no placar agregado. O volante Davids, outro integrante daquele timaço do Ajax que venceu o Grêmio, chegou a comandar o Barnet, da Inglaterra, por duas temporadas — de 2012 a 2014.

Em 1995, o Grêmio de Felipão jogou de igual para igual com a Ajax de Louis van Gaal. Levou o duelo até a prorrogação e perdeu nos pênaltis por 4 x 3. No bate-papo, Roger explicou por que o Grêmio não venceu.  “Nós perdemos nas penalidades. Jogamos de igual pra igual contra um time que era a base da Seleção Holandesa e estava há dois anos sem perder um jogo. Ainda no primeiro tempo, ficamos com um jogadores a menos (Rivarola). Tivemos algumas oportunidades para matar a partida durante o tempo regulamentar. E nas penalidades, os nossos melhores batedores (Dinho e Arce) perderam”.

Naquele ano, o Ajax conquistou o Campeonato Holandês, a Liga dos Campeões, de forma invicta, a Supercopa da Uefa e o Mundial de Clubes. Entrou para a história como um dos melhores  times de todos os tempos. Depois do sucesso, se apequenou. Tenta se reerguer sob a batuta de Frank de Boer, que levou o time recentemente a quatro títulos do Campeonato Holandês. Enquanto isso, Roger Machado sonha levar o Grêmio à conquista do primeiro Brasileirão desde 1996.

Uma das virtudes do jovem treinador do Grêmio é o interesse por tudo o que é novo. Na resenha, comparei a belíssima linha de passe tricolor na vitória por 2 x 0 sobre o Atlético-MG, no Mineirão, ao golaço de Senegal sobre a Dinamarca na Copa do Mundo de 2002. O lance do Grêmio termina com gol de Douglas. O de Senegal, com finalização perfeita de Salif Diao. Roger Machado não lembrava. Mas, estudioso (e como!) pediu para que eu enviasse o link. Ele queria analisar a jogada. Depois de receber o vídeo via WhatsApp, respondeu no aplicativo: “Realmente parecido!”.

A final do Mundial de Clubes de 1995

Grêmio

4-4-2

Danrlei

Arce, Rivarola, Adilson e Roger;

Arilson, Dinho, Luis Carlos Goiano e Carlos Miguel;

Jardel e Paulo Nunes

Técnico: Luiz Felipe Scolari

Do exílio…

Vinte anos depois da final do Mundial de 1995, os mestres da nova geração de técnicos vivem momentos distintos. Apesar do 7×1 na Copa de 2014, Felipão ganha dinheiro a rodo à frente Guangzhou Evergrande, na China.

Ajax

4-3-3

Van der Sar;

Reiziger, Blind, Frank de Boer e Bogarde;

Ronald de Boer, Litmanen e Davids;

Finidi, Kluivert e Overmars

Técnico: Louis van Gaal

…Ao prestígio

Depois de levar a Holanda ao terceiro lugar na Copa de 2014, Louis van Gaal assumiu o Manchester United. A missão é dar ao clube o primeiro título do Campeonato Inglês e da Liga dos Campeões depois da era Alex Ferguson.