Rodinei O desespero de Rodinei: retrato de um Flamengo que minimiza erros graves. Foto: Alexandre Vidal/Flamengo O desespero de Rodinei: retrato de um Flamengo que se acostumou a minimizar erros graves.

A autoestima do Vasco, o paternalismo do Flamengo e o empate no Clássico dos Milhões

Publicado em Esporte

O empate por 1 x 1 no Clássico dos Milhões desta sábado fez um bem danado para a autoestima do Vasco e expôs mais uma vez a política paternalista do Flamengo. Uma falha grave como aquela do lateral-direito Rodinei no penúltimo lance do jogo não pode ser tratada como algo normal em um clube profissional. É necessário cobrar na dosagem certa.

O técnico Abel Braga cumpriu o script esperado diante das câmeras. Agiu como paizão O técnico contou que Rodinei chegou a chorar. O elenco atual se acostumou a ter sempre alguém passando a mão na cabeça do vilão. Foi assim com Rafael Vaz, Alex Muralha, Pará, Diego em cobranças decisivas de pênalti, Lucas Paquetá e Uribe na reta final do Brasileirão do ano passado… Daria até para escalar um time do goleiro ao centroavante. Erros acontecem, mas devem ser corrigidos. Rodinei não pode finalizar um lance de cabeça baixa numa pelada e muito menos em uma partida oficial. Trata-se de uma questão de fundamento. O que Rodinei queria mais? Orejuela improvisado de goleiro, fora da meta, como na decisão do Carioca de 2017, em que acertou o gol vazio e correu para comemorar o título estadual?

Paternalismo rubro-negro à parte, a versão 2019 do Vasco está se acostumando a não perder. Isso é bom se levarmos em conta o complexo que virá pela frente: o trauma de brigar contra o rebaixamento. Alberto Valentim montou uma equipe competitiva para o Campeonato Carioca. O Brasileirão é outro desafio. Não custa lembrar que a maioria do elenco atual brigou até o último segundo para não cair na Série A do ano passado. Um sufoco desnecessário.

Não gosto do jeito de Alberto Valentim e Abel Braga montarem seus times. O comandante do Vasco surgiu no Palmeiras como esperança de novas ideias. Até tentou aplicá-las quando assumiu interinamente na reta final do vice-campeonato brasileiro de 2017. Agora, faz mais do mesmo. Programou um time fechadinho, programado para matar nas bolas aéreas e nas cobranças envenenadas de faltas e escanteios. Nada diferente do que os nossos treinadores andam fazendo pelos quatro cantos do país. Em time que não está perdendo não se mexe.  Entendo que o elenco é limitado, mas profissionais com material humano inferior ao do Vasco arriscam. Falo de Fernando Diniz no Fluminense, por exemplo.

Quanto ao Flamengo, você leu aqui uma análise sobre o que era Abel Braga no título do Brasileirão de 2012 e o que é Abel Braga à frente do Flamengo em 2019. O futebol apresentado pelo Flamengo A, B, C ou D é medíocre. Um time que faz de tudo para abrir o placar e faz de tudo para defender a vantagem mínima como se fosse um time pequeno, sem investimento, carente de talento. Definitivamente não é o caso. A escalação de Éverton Ribeiro na direita, De Arrascaeta no meio e Vitinho na esquerda mostra que a inserção do uruguaio no time titular no Flamengo pode ser simples, menos traumática, sem invenções. Antes de chorar o gol perdido no penúltimo lance do clássico ou o pênalti marcado sobre Maxi López, o Flamengo precisa jogar futebol. Estamos em março e isso (ainda) não aconteceu. O time não conseguiu se impor contra os primos pobres Botafogo, Fluminense e Vasco. Venceu apenas o arquirrival alvinegro sofrendo horrores. É pouco, Abel.

 

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