Italia Duas eliminações seguidas na fase de grupos (2010 e 2014) e ausência em 2018. Foto: Miguel Medina/AFP

Copa não terá todos os campeões do mundo pela décima vez. Saiba quem já chorou como a Itália…

Publicado em Esporte

Pela décima vez, a Copa do Mundo não contará com todas as seleções campeãs do mundo. A última havia sido em 2006, quando o bicampeão Uruguai conseguiu a proeza de ser eliminado na repescagem pela Austrália na decisão por pênaltis. Em 2010 e em 2014, todas as seleções estreladas bateram o ponto. Não será assim em 2018. Alemanha, Argentina, Brasil, Espanha, França, Inglaterra e Uruguai estão confirmados na Rússia. O inacreditável é real: a Itália, infelizmente, terá de acompanhar o torneio pela tevê.

Eliminada por 1 x 0 pela Suécia no placar agregado, a Squadra Azzurra não conseguiu fazer o mínimo, um golzinho para forçar a prorrogação e, quem sabe, os pênaltis. Um vexame diante de 70 mil pagantes no Estádio San Siro, em Milão, onde a seleção acumulava sete vitórias em sete jogos em Eliminatórias para a Copa, como mostrei no post anterior aqui no blog. A Squadra Azzurra não faltava a um Mundial desde 1958 (leia lista de chamada ao fim do post), justamente na Suécia. Nas Eliminatórias, a Irlanda do Norte avançou e despachou Itália e Portugal.

Para um apaixonado por futebol, como este blogueiro, o dia 13 de novembro de 2017 virou uma data triste. A Itália fará muita falta na Rússia. Mas vale ponderar: o que aconteceu nesta segunda-feira vinha se desenhando há pelo menos duas Copas. Tetra em 2006, na Alemanha, a Itália não passou da fase de grupos nas duas edições seguintes — na África do Sul e aqui no Brasil. Em 2010, terminou em último lugar num grupo que tinha Paraguai, Eslováquia e Nova Zelândia. Em 2014, Uruguai e Costa Rica avançaram às oitavas; Itália e Inglaterra deram adeus à Copa.

Ao cair no grupo da Espanha nas Eliminatórias para a Copa de 2018, o risco de um vexame aumentou. A incapacidade de vencer a Fúria ao menos em casa condenou a Itália à repescagem. E o sorteio dos confrontos inseriu no caminho da equipe de Giampietro Ventura uma camisa pesada. A Suécia, vice-campeão da Copa de 1958 e terceira colocada em 1994, está de volta. E promete dar trabalho em 2018.

Na primeira Eliminatória sem Ibrahimovic, a Suécia retorna à Copa após 12 anos. A última presença aconteceu na Alemanha, em 2006. Em recuperação de uma grave contusão, o centroavante do Manchester United anunciou que, se a Suécia se classificasse para a Copa, repensaria a aposentadoria da seleção e disputaria a edição do ano que vem. O sucesso da Suécia não é obra do acaso. Como mostrei aqui no blog na última sexta-feira, o país escandinavo foi campeão da Eurocopa Sub-21 em 2015, na República Checa. Na fase de grupos, derrotou justamente a Itália. O trabalho de renovação levou seis campeões continentais para a repescagem: Lindelöf, Augustinsson, Helander, Guidetti e Kiese Thelin. E Eles mais uma vez fizeram história.

O apocalipse da Itália, como a imprensa de lá chama desde ontem a catástrofe, ocorre justamente em um momento bacana do Campeonato Italiano. Quem tem o vício de chamar a Serie A de retranqueira e reduz o discurso ao velho catenaccio, talvez não tenha prestado atenção em um levantamento publicado no Correio Braziliense ao término da última temporada europeia: o Calcio registrou a melhor média de gols entre os sete principais nacionais do Velho Continente em 2016/2017.

Há treinadores pensando diferente no país da bota, como Maurizio Sarri, do Napoli. Cuca, por exemplo, estava louco para observar o trabalho dele de perto. Massimiliano Allegri levou a Juventus a duas finais de Champions League (2015 e 2017). Antonio Conte levou o Chelsea ao título da Premier League. Carlo Ancelotti fez bons trabalhos no Real Madrid, no Paris Saint-Germain, no Bayern de Munique na primeira temporada. Talvez, a reconstrução da Squadra Azzurra para a Euro-2020 comece justamente na prancheta de um desses nomes. Giampiero Ventura foi a maior invenção de moda dos últimos tempos e a Federação Italiana de Futebol é a maior culpada pelo vexame. Quando teve bom treinador, a Itália chegou à final da Euro-2012 (Cesare Prandelli) e às quartas da Euro-2016 (Antonio Conte). Sinal de que há luz no fim do túnel para o recomeço.

 

LISTA DE CHAMADA

As presenças e (ausências)  dos campeões mundiais na Copa

1930 – Uruguai campeão da primeira edição
1934 – Ausente: Uruguai
1938 – Ausente: Uruguai
1950 – Todos participaram: Uruguai e Itália
1954 – Todos participaram: Uruguai e Itália
1958 – Ausente: Itália
1962 – Todos participaram: Uruguai, Itália, Brasil e Alemanha
1966 – Todos participaram: Uruguai, Itália, Brasil e Alemanha
1970 – Todos participaram: Uruguai, Itália, Brasil, Alemanha e Inglaterra
1974 – Ausente: Inglaterra
1978 – Ausentes: Inglaterra e Uruguai
1982 – Ausente: Uruguai
1986 – Todos participaram: Uruguai, Itália, Brasil, Alemanha, Inglaterra e Argentina
1990 – Todos participaram: Uruguai, Itália, Brasil, Alemanha, Inglaterra e Argentina
1994 – Ausentes: Inglaterra e Uruguai
1998 – Ausente: Uruguai
2002 – Todos participaram: Uruguai, Itália, Brasil, Alemanha, Inglaterra, Argentina e França
2006 – Ausente: Uruguai
2010 – Todos participaram: Uruguai, Itália, Brasil, Alemanha, Inglaterra, Argentina e França
2014 – Todos participaram: Uruguai, Itália, Brasil, Alemanha, Inglaterra, Argentina, França e Espanha
2018 – Ausente: Itália