Novo Botafogo Protesto alvinegro antes da volta do time ao Campeonato Carioca. Foto: Vitor Silva/Botafogo Protesto alvinegro antes da volta do time ao Campeonato Carioca. Foto: Vitor Silva/Botafogo

10 pitacos sobre o que rolou no futebol neste fim de semana

Publicado em Esporte

Tapa na cara da sociedade

A retomada do futebol brasileiro via Campeonato Carioca, possivelmente com torcida mais à frente (acho um crime), é um tapa na cara da sociedade de polianas que insistem em dourar a pílula dizendo que o mundo não será mais o mesmo depois da pandemia. Ao que parece, o mundo –  ao menos o do futebol – piorou. A maioria dos dirigentes voltou para dentro da própria bolha. Não estão nem aí para número de mortes ou contaminados pela covid-19. Insisto: não havia nem há clima para a volta de nenhum Estadual. Com torcida então, nem se fala. Há um descompasso entre a chegada do vírus na Europa e no Brasil. Mas isso é o que eu acho. Pra eles tá tudo bem. Para completar, vem o técnico Renê Simões, que um dia foi tão sábio ao repreender Neymar e dizer “estamos criando um mostro”, e afirma que o futebol tem que voltar, entre outros motivos, para deter a violência doméstica à mulher. Parei.

 

Pequenos e grandes recados

O Botafogo deu duas belas mensagens ao mundo da bola na goleada por 6 x 2 sobre a Cabofriense. A primeira, a faixa “protocolo bom é o que respeita vidas”, uma alfinetada em quem apressou a volta do futebol no país. Marcou a posição alvinegra no debate. Aliás, para usar a palavra da moda, repudio a censura da Ferj a Paulo Autuori. Lamentável. A segunda, a dica de que a solução em tempos de crise pode estar no próprio elenco e não na Holanda (Arjen Robben) ou na Costa do Marfim (Yaya Touré). Gostei muito de Luís Henrique e Caio Alexandre. Pelo menos estão com fome de vencer na carreira. Nenhum deles tem a vida ganha.

 

Eu já sabia

Quem leu as entrevistas que fiz no fim do ano passado com Octavio Zambrano, ex-técnico colombiano de German Cano; e Paulo Autuori, treinador brasileiro que enfrentou o centroavante na Colômbia quando comandou o Atlético Nacional, não está surpreso com o desempenho do jogador argentino, autor de três gols na vitória do Vasco sobre o Macaé. Lá se vão oito gols em 12 jogos. Excelente. A surpresa, na verdade, é a organização tática do time comandado pelo técnico Ramon Menezes. Vi uma equipe que se propôs a jogar com três zagueiros em vários momentos da partida. O lateral-esquerdo Henrique formava a linha de três com Ricardo Graça e Leandro Castán, transformando o sistema tático a fim de dar liberdade a Yago Pikachu. Chamou atenção também a valorização da posse de bola, sem rifá-la, e a saída de jogo a três, muito usada pelo técnico argentino Ricardo La Volpe e adotada pelo Barcelona nos tempos de Pep Guardiola. Por sinal, houve um tempo em que Guardiola usava linha de três zagueiros e o lateral Eric Abidal formava o trio para liberar Daniel Alves. Apenas coincidências.

 

Voltaço

Se algum grande poderia perder nesta rodada era o Fluminense. O Volta Redonda é o time pequeno mais organizado em meio à pandemia do novo coronavírus e daria trabalho ao tricolor. Deu mesmo. A vitória por 3 x 0 expôs a falta de tempo de treinamento do Fluminense e de ritmo de jogo do centroavante Fred. Para mim, Odair Hellmann errou ao escolher um lado do campo para atacar no segundo tempo. Insistiu demais pela direita com pelo menos quatro jogadores caindo por aquele setor — inclusive o inoperante Ganso — e de lá nada saiu.

 

Tá feliz agora?

Sócio do Vasco na parceria com Jair Bolsonaro para apressar a volta do futebol no Rio de Janeiro e encorajar os demais estados, o Flamengo faz contas simples para ser bicampeão carioca: três vitórias seguidas. Uma sobre o Boavista, nesta quarta-feira, uma na semifinal da Taça Rio e outra na decisão do segundo turno. Neste caso, não haveria final por dois motivos: o time ganhou a Taça Guanabara e tem, hoje, a melhor campanha geral do Estadual. Como a pressa nem sempre é amiga da perfeição, a pergunta é: há clima para comemorar isso?

 

Palco de dois jogos neste domingo pelo Campeonato Carioca, o Estádio Nilton Santos pelo processo de desinfecção para receber a partida do Botafogo e depois do Fluminense. Foto: Vitor Santos/Botafogo

 

Gols da Alemanha

O Campeonato Alemão terminou neste fim de semana com segurança, planejamento, muita organização. Uma aula para clubes e federações do Brasil que andam batendo cabeça. Quero destacar uma curiosidade: o técnico campeão da Bundesliga é o alemão Hans-Dieter Flick. O técnico campeão da Premier League é o alemão Jürgen Klopp. O técnico campeão da Ligue 1 é o alemão Thomas Tuchel. Pequenos detalhes de um país tetracampeão do mundo que forma jogadores (e treinadores) de ponta.

 

Que volante!

Alguém ainda dúvida de que Casemiro é um senhor volante? Vai muito além de ter sido o cara na vitória sobre o Espanyol. Ele tem cinco gols em 39 jogos na temporada. Desempenho pau a pau com os outros companheiros do meio de campo, bem mais acostumados ao papel de artilheiro. O alemão Kroos tem seis bolas na rede em 38 partidas. Melhor do mundo em 2018, o croata Modric contabiliza cinco em 33. O que seria de Zidane e do Tite sem Casemiro. Aliás, vimos o que foi o Brasil sem Casemiro contra a Bélgica nas quartas de final da Copa da Rússia. Infelizmente, ele estava suspenso.

 

Praga do Real

Se conhecemos bem Cristiano Ronaldo, ele não está nada feliz com a possibilidade de não ser o artilheiro do Campeonato Italiano. Cinco gols separam o português de Ciro Immobile (23 x 28). Dá para alcançar e até ultrapassar nas últimas 10 rodadas. Nada é impossível para um craque dessa magnitude. Cristiano Ronaldo não é artilheiro de nada desde o título da Champions League em 2016 pelo Real Madrid. Em competições nacionais, desde 2015 no Espanhol. Tempo demais para quem foi eleito cinco vezes melhor do mundo. Longe de mim dizer que o cara acabou, óbvio. Vai que mete quatro ou cinco num jogo só. Afinal, estamos falando de Cristiano Ronaldo!

 

Parece até time brasileiro

Costumamos estender tapete vermelho para os atos dos clubes europeus, mas eles também erram — e muito. O gabinete de crise do Benfica e no Barcelona impressiona. O time português estuda demitir o técnico Bruno Lage numa reta final de competição. Paralelamente, dá tiros para todo lado em busca de um sucessor. Não há conexão alguma entre os perfis de Jorge Jesus, Marco Silva e Maurício Pochettino. Os três pensam futebol de formas diferentes. Benfica age nesse momento exatamente como a maioria dos times brasileiros. E o badalado Barcelona? Pouca vezes vi tão sem rumo. A negociação de Arthur foi péssimo recado para um elenco que briga com o arquirrival Real pelo título espanhol. As declarações do técnico Quique Setién sobre a negociação do brasileiro foi totalmente desastrosa.

 

Agora é Copa!

Com a Premier League resolvida, as atenções na terra da rainha se voltam para as semifinais da FA Cup. Por sinal, serão badaladas. De um lado, Manchester City e Arsenal. Do outro, Manchester United e Chelsea, protagonistas da final da Liga dos Campeões em 2008. Olha que interessante: o técnico do Arsenal Mikel Arteta foi aprendiz de Pep Guardiola do Manchester City. O treinador do Chelsea Frank Lampard duelará com outro nome promissor na nova safra deu técnicos da Inglaterra, o norueguês Solskjaer. Vai ser bem difícil levantar da poltrona.

 

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