Trem da alegria no forno

Publicado em coluna Brasília-DF

Os deputados que integram a Mesa Diretora da Câmara fizeram tantas promessas de cargos aos colegas para obtenção de votos que, já na primeira reunião do colegiado, o primeiro-secretário, Giacobo, do PR, levou uma ideia mágica: multiplicar os cargos de natureza especial, os chamados CNEs. A manobra para contratar mais gente prevê a transformação de CNE 7, hoje mais de R$ 15 mil mensais, em cargos de valores menores, em torno de R$ 3 mil mensais. Assim, cada um poderá ajudar mais apadrinhados dos parlamentares. Giacobo prometeu levar um estudo mais aprofundado em breve.

Servidores de carreira alertaram que isso não é comum. Segundo assessores e parlamentares presentes, a preocupação que surgiu na hora foi sobre aumento de despesa. Alguém disse que “praticamente nada, só encargos e vale-refeição”. Quem estava na reunião percebeu que o presidente Rodrigo Maia não se manifestou a respeito. Era como se nem estivesse ali, com tantos problemas a resolver. Tem gente torcendo para que essa postura dele não seja no sentido de “quem cala, consente”.

Os insaciáveis
Em conversas para lá de reservadas, peemedebistas avisam para que fique claro desde já: se confirmada a nomeação do deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) para o Ministério da Justiça, a bancada atendida será a de Minas Gerais, e não a do partido. Na Justiça, avisam, hoje só tem problemas. Greve de policiais, Lava-Jato e rebelião em presídios. Ou seja, só pauta negativa para colocar o partido na foto.

Aguinaldo na CCJ
Os peemedebistas vão ficar ainda mais irritados quando souberem do desenho para compensar o líder do PP, Aguinaldo Ribeiro, que estava em campanha para o lugar de André Moura na liderança do governo. É que está na roda a indicação de Aguinaldo para a presidência da Comissão de Constituição e Justiça. E não será uma novidade ter um pepista numa posição que, geralmente, é do PMDB. Arthur Lira (PP-AL) presidiu a CCJ no manadto de Eduardo Cunha como presidente da Câmara.

DRU sob ataque
Sabe aqueles recursos orçamentários com destinação a determinados setores e que a União desvincula para usar onde quiser dentro da chamada Desvinculação de Receitas da União? Pois é. O ex-deputado Beto Albuquerque, do PSB, colocou na roda a proposta de aproveitar a reforma da Previdência para evitar que os recursos oriundos de contribuições sociais e do orçamento da seguridade sejam incluídos nesse bolo. O Ministério da Fazenda não quer saber de mudança na DRU.

Prefeitos querem um PRT
Nesse embalo de pressionar para transformar o PRT num verdadeiro Refis, os prefeitos se mobilizam para ver se conseguem ser incluídos, de forma a permitir um alívio nos pagamentos de dívidas. A MP original não inclui o setor público.

Cunha em modo de espera/ Preso em São José dos Pinhais (PR), o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha decidiu esperar mais um pouco antes de partir para uma delação premiada. Espera que seu artigo publicado na imprensa, contestando a prisão, e o depoimento a Sérgio Moro, no qual mencionou Michel Temer, sirvam de recado para que o governo ajude a levar o Supremo Tribunal Federal a rever a decisão do juiz paranaense.

Dois Eikes/ Investigadores do Rio estão intrigados com a diferença de comportamento do empresário Eike Batista (foto) nas entrevistas que deu ainda no aeroporto, quando regressava ao Brasil para se entregar e agora. Antes de embarcar, ele se mostrava disposto a contar tudo o que sabia. Entretanto, permaneceu calado nos dois depoimentos. Há quem suspeite que ele tenha recebido ameaças.

Vai render/ Não foram apenas os advogados de José Dirceu que perceberam uma brecha no depoimento de Fernando Henrique Cardoso para tentar aliviar a vida do cliente. O ex-deputado Paulo Delgado, admirador de Fernando Henrique e considerado um “pelicano”, mistura de petista com tucano, saiu-se com esta: “Das duas, uma: ou Fernando Henrique diz para esquecerem seu depoimento ao juiz Sérgio Moro, ou a teoria do domínio do fato está desmoralizada”.

Privilegiado/ Os políticos que chegam ao Palácio do Planalto morrem de inveja de um ser vivo que sai de lá sempre contemplado. É um martim pescador, pássaro que todos os dias fica horas na murada do parlatório e, de repente, glup! Mergulha e sai com a refeição no bico. Nunca erra o alvo e já virou atração para visitantes e funcionários.

Na edição impressa, saiu que o vídeo da “pescaria do Martim” estaria exibido aqui. Porém, por problemas técnicos, não foi possível exibir o vídeo aqui. Ainda hoje, estará no site .