Ofensiva de Moraes pode acender radicais do 7 de setembro

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A operação contra empresários acusados de pregar um golpe no país em caso de vitória do ex-presidente Lula reacendeu a vontade de bolsonaristas radicais de aproveitar o Sete de Setembro para agitar as ruas contra o Supremo Tribunal Federal. Até aqui, o roteiro traçado pela campanha do presidente Jair Bolsonaro — e que o presidente vem seguindo — era baixar a poeira, Bolsonaro deixa de falar de urna e do Tribunal Superior Eleitoral. E, assim, o Sete de Setembro vira um ato de demonstração de força do presidente, em todo o país, levando muita gente às ruas. Agora, os mais próximos não sabem se conseguirão segurar os radicais.

Em tempo: dentro da campanha, a avaliação é a de que ou essa turma mais próxima a Bolsonaro segura os radicais, uma vez que o presidente precisa “sair da bolha”, ou corre o risco de o Sete de Setembro se transformar numa pregação para convertidos que irá afastar os eleitores que, segundo as pesquisas, Bolsonaro ainda precisa juntar para virar o jogo.

Feche o cofre

Em reunião dia desses no comitê de campanha, o senador Flávio Bolsonaro foi muito claro com os integrantes do PL: dinheiro para custear as despesas só será dado àqueles que mostrarem e citarem o presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais e no material de campanha. Carreira solo às custas do partido, nem pensar.

Em paz…
Até o próximo desentendimento. O encontro entre o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, e a cúpula do Ministério da Defesa e da Polícia Federal foi lido pelos políticos como um “baixar a poeira”. E ficou claro que quem manda na eleição é o TSE. Não significa que as propostas serão aceitas.

Ciro critica coalizão
Na bancada do JN, Ciro Gomes soltou a metralhadora contra o presidencialismo de coalizão que domina a política brasileira desde o governo de José Sarney. A estratégia é atrair eleitores decepcionados com a polarização entre Lula e Bolsonaro, dos governantes com a gestão lastreada pelo Centrão.

O trabalho de Alckmin/ Candidato a vice de Lula, Geraldo Alckmin trabalha silenciosamente. Foi um dos articuladores da reunião de Lula com empresários da construção civil em São Paulo, onde o presidente prometeu retomar o Minha Casa Minha Vida.

Climão/ O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, e o procurador Augusto Aras estão que nem Estados Unidos e a antiga União Soviética nos tempos da guerra fria. Um tem munição contra o outro. “Xandão” já recebeu pedido de impeachment contra Aras, e Aras tem pedidos de impeachment contra o ministro, apresentados por bolsonaristas. Quem dá a palavra final sobre pedidos contra ministros do STF é o Senado.

Depois de Lula…/ Será a vez de o presidente Jair Bolsonaro fazer um comício em Belo Horizonte. Os organizadores esperam que seja o maior da campanha até agora. O presidente fará uma motociata de Betim, até a Praça da Liberdade, local do comício.

Soraia gravada/ Candidata do União Brasil ao Planalto, a senadora Soraia Thronicke ficou de fora da entrevista ao vivo no JN. A emissora ofereceu a ela uma entrevista gravada. O UB é o partido que tem maior fundo eleitoral, tem representação no Congresso, e, avaliam os auxiliares da senadora, não poderia passar por um tratamento diferente dos outros. A sabatina teria que ser ao vivo e com o mesmo tempo concedido aos outros candidatos.

 

Assessoria de Bolsonaro aposta em TV e rádio para subir nas pesquisas

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As pesquisas divulgadas nesta semana de largada da campanha frustraram as previsões dos assessores do presidente Jair Bolsonaro, mas não o suficiente para uma mudança de planos. A expectativa é que, até o fim deste mês e o início de setembro, ele estará empatado com o ex-presidente Lula. Para isso, a ideia é colar a campanha do presidente à do governador Claudio Castro, que lidera a pesquisa no Rio de Janeiro, e não fechar totalmente as portas para Romeu Zema, governador de Minas Gerais que está bem à frente nas pesquisas.

O outro ponto no qual Bolsonaro se apega é o horário eleitoral de rádio e tevê, quando serão apresentadas as obras do governo e os dados da recuperação econômica, apesar de todas as dificuldades provocadas pela pandemia. De quebra, também pretende apresentar os escândalos que terminaram levando integrantes do PT para a cadeia.

PT faz as contas
Da mesma forma que os bolsonaristas calculam como tirar votos de Lula, os lulistas montam suas estratégias para buscar os votos que faltam para uma vitória em primeiro turno. Os focos principais são Minas Gerais e São Paulo. E, também, os comícios que o PT batizou de “ato pela democracia”, em uma estratégia para recriar o clima das Diretas Já, que uniu o país contra a ditadura militar, no início da
década de 1980.

Ação & reação

O pedido da Polícia Federal para que o presidente Jair Bolsonaro seja indiciado por propagar notícia falsa relacionando a vacina da covid ao perigo de contaminação pelo vírus da aids é visto como mais um alerta ao chefe do Executivo de que toda a ação tem consequência. Daqui para frente, no período eleitoral, alguns auxiliares pediram a ele que evite comentários polêmicos. Afinal, avaliam alguns, a eleição será de quem errar menos ao longo dos próximos 45 dias.

Temer na área…
O ex-presidente Michel Temer continua na ativa, em defesa do legado de seu governo. Em suas redes sociais, passou a defender a reforma trabalhista. Esta semana, por exemplo, postou que, antes da reforma, havia no Brasil mais de 17 mil sindicatos. “Com a nossa reforma, o imposto sindical se tornou opcional e a o número de sindicatos no Brasil caiu quase que pela metade.”

…delimita o campo
A postagem, dizem alguns, vem um dia depois de Temer ficar ao lado do candidato e ex-presidente Lula, com quem trocou algumas palavras do tipo “Você está bem, hein?”. Temer quer deixar bem claro que não abre mão do que considera as boas propostas de seu governo, entre elas, a reforma trabalhista.

Ficou no roteiro
Aliados do presidente Jair Bolsonaro consideraram que ele cumpriu o script que estava previsto na posse de Alexandre de Moraes. Compareceu, cumprimentou. “Foi uma ida institucional, e não pessoal”, avisam alguns.

Arruma uma cadeira aí!/ A ida do vereador Carlos Bolsonaro à posse do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral não estava no script. Tanto que, quando ele chegou, houve um chamamento ao cerimonial para que, rapidamente, lhe conseguissem um lugar no plenário, as áreas vips estavam todas com lugares marcados.

Por falar em plenário…/ Os bolsonaristas registraram o ambiente decorado em vermelho do plenário do TSE. O tapete vermelho e as cadeiras vermelhas estão lá desde a inauguração, em 2011, primeiro ano do governo Dilma Rousseff.

Um palco a menos/ Ao cancelar o tradicional desfile militar de Sete de Setembro, o Comando Militar do Leste deixa a concentração na orla de Copacabana.

É hoje!/ Os candidatos ao governo do Distrito Federal fizeram banners em suas redes sociais a fim de chamar os eleitores e militantes para o debate do Correio Braziliense/TV Brasília/ Rádio Clube FM, hoje, às 20h30. É a oportunidade para você conhecer melhor os candidatos e suas propostas. Além da TV Brasília, canal 6, o debate terá transmissão pelas redes sociais do Correio. Não perca!!

 

Bolsonaro não aplaudiu trechos do discurso de Alexandre de Moraes

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Se tem algo que ecoará daqui até a eleição, do discurso lido pelo ministro Alexandre de Moraes em sua posse, é a defesa da regra do jogo e a referência à Justiça Eleitoral brasileira como a “única que apura e divulga no mesmo dia, com agilidade, segurança, competência e transparência”, motivo de “orgulho nacional”. A depender das autoridades que aplaudiram essa parte da fala de Moraes — algumas o aplaudiram inclusive de pé, algo incomum no meio do discurso nesses tipos de solenidades —, não haverá espaço para reclamações do resultado das urnas. Ou seja, quem está no jogo, que respeite as suas regras.

Bolsonaro sabia da saraivada de recados que viria no discurso de Alexandre de Moraes, tais como não confundir liberdade de expressão com agressão verbal e a defesa da urna eletrônica. O presidente, porém, continuará jogando da mesma forma que vem fazendo: lá e cá. Ou seja, recua, ao prestigiar a posse, mas não a ponto de aplaudir trechos de um discurso do qual discorda. Discordar faz parte. O que não pode, dizem os juristas, é querer ganhar no tapetão, com desrespeito ao resultado lá na frente.

Lula aposta nos cristãos

A contar por seu discurso na largada da campanha, em São Paulo, o ex-presidente Lula trabalha para tentar conquistar votos entre evangélicos e arrefecer a mensagem falsa que circulou pelo WhatsApp, de que ele fechará igrejas. Por várias vezes, ele citou Deus.

Enquanto isso, em Juiz de Fora…
Jair Bolsonaro bateu e baterá forte na tecla dos escândalos que levaram uma leva de petistas para a cadeia no passado recente. Com os números da economia melhorando, o presidente acredita que conseguirá reverter a sua rejeição, hoje muito próxima ao total de intenção de voto que o ex-presidente Lula apresenta nas pesquisas.

Nas internas, Lula circulou mais
Antes de os políticos entrarem para o plenário do TSE, os relatos das autoridades à coluna apontaram Lula mais solto e Bolsonaro mais recolhido com seus ministros.

Política de gestos I/ Lula, ao chegar ao plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi cumprimentar o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal José Paulo Sepúlveda Pertence, jurista que foi seu advogado em parte do processo do petrolão.

Política de gestos II/ O ministro da Economia, Paulo Guedes, fez questão de cumprimentar todos os ex-presidentes, inclusive Dilma Rousseff. A ordem no governo agora é distensionar.

Lugares cuidadosamente marcados/ Na fileira dos ex-presidentes, Dilma Rousseff foi colocada na ponta esquerda, ao lado de José Sarney, seguido de Lula, e à direita, Michel Temer. Não se cumprimentaram. Atrás de Lula, estava o time de ministros do presidente Jair Bolsonaro.

Por falar em ministros…/ A presença do ministério de Bolsonaro foi justamente para dar demonstração inequívoca de apreço à Justiça Eleitoral. Os ministros são quase que unânimes em afirmar que guerra, agora, é contra o maior adversário do governo, leia-se o PT e Lula.

O dilema de Lula para decidir se irá à posse no TSE

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A demora da equipe do ex-presidente Lula de confirmar presença na posse do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, se deveu a reflexões por parte da equipe. Alguns petistas chegaram a considerar o risco de ele terminar visto como “passado”, uma vez que estará no lugar reservado aos ex-presidentes, enquanto o presidente Jair Bolsonaro ficará à mesa, com as autoridades. A posição pode passar ao eleitor a ideia de que Lula “já teve a sua vez na Presidência da República” e que o momento seria de dar o lugar a outro nome. E isso, justamente na largada da campanha, é uma leitura que o PT não quer que seja feita, porque Lula tem que se mostrar afinado com o futuro, e não com o passado.

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Faltar à posse, porém, avaliam outros, seria o mesmo que passar a ideia de que ele teme um encontro com o presidente Bolsonaro cara a cara. Por isso, até o início da noite de ontem, a presença do ex-presidente era dada como certa.

A incógnita do Auxílio

Os candidatos ao Planalto prometem manter o Auxílio Brasil de R$ 600, mas ainda não disseram de onde vão tirar o dinheiro. O único que deu uma pista sobre o tema foi o presidente Jair Bolsonaro, uma vez que Paulo Guedes já mencionou a reforma do Imposto de Renda, com a taxação de lucros e dividendos, como uma das saídas para a concessão do benefício.

A prioridade deles
Os concorrentes à Presidência da República vão concentrar estes primeiros dias de campanha nos maiores colégios eleitorais do país: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

O que preocupa os bolsonaristas
A ordem, a partir de agora, é massificar o conhecimento do número do presidente-candidato que, em 2018, era 17 e, agora, será 22. O receio é que o eleitor mais humilde se confunda com os números. No caso do PT, não há esse risco, uma vez que o número de Lula nunca mudou, sempre foi 13, assim como MDB (15) e PDT (12).

Contra o orçamento secreto
A candidata do MDB, Simone Tebet, fez questão de citar em seu programa de governo que, quando o Poder Executivo não sabe para onde ir, o orçamento termina sequestrado pelo Congresso. Ou seja, será mais uma a lutar contra as emendas de relator. Resta saber se terá força para isso, uma vez que, dentro do MDB, muita gente apoia.

O encontro do ano/ Além de Bolsonaro e Lula, as atenções sobre o cara a cara da posse de Alexandre Moraes no comando do TSE vão se voltar aos ex-presidentes Dilma Rousseff e Michel Temer. Dilma tem, entre suas qualidades, a transparência de humor: não consegue disfarçar quando uma situação ou pessoa não lhe agrada.

Mulheres na roda/ Simone Tebet vai apostar alto no eleitorado feminino. Tanto é que vem falando em igualdade de gênero até na hora de escolher ministros. Se a ideia de “mulher vota em mulher” pegar, Simone amplia suas chances. Só tem um probleminha: Até aqui, nada indica que a polarização será quebrada.

Cada um joga com o que tem/ O PT tentará recriar o clima das Diretas Já com um comício no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, no próximo sábado, local que já serviu de palco para grandes mobilizações no passado em defesa da democracia. Bolsonaro, por sua vez, abre a campanha com o intuito de passar ao povo a ideia de que a violência que tentam lhe acusar foi feita pela esquerda, em 2018, quando foi alvo de um atentado em Juiz de Fora.

Às moscas/ Não contem com muito movimento no Congresso por estes dias. Mesmo quem não é candidato está dedicado a ajudar a eleição de alguém que é.

Na TV, Bolsonaro falará de economia e atacará o PT

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Empolgado com a notícia de deflação de 0,68% este mês, a equipe do presidente Jair Bolsonaro (PL) prepara duas frentes para o horário de rádio e tevê, que começa daqui a 16 dias. A linha mestra será a da recuperação da economia no pós-pandemia. Paralelamente, haverá uma “retrospectiva do caos” ou “recordar é viver”, o título ainda não está definido. A ideia é relembrar ao eleitorado as mazelas nos tempos do PT, com malas de dinheiro, e, inclusive, integrantes de primeiro escalão na cadeia — por exemplo, Antônio Palocci, primeiro nome a ocupar o Ministério da Fazenda no governo Lula. Mais tarde, ocuparia a Casa Civil no início do governo Dilma Rousseff.

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Em tempo: Lula também prepara um “recordar é viver” de seu governo, em que elencará os números do Minha Casa Minha Vida, do Bolsa Família e do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC. Pela primeira vez, o país terá as duas versões de um mesmo governo desfilando no horário eleitoral.

As empresas que se preparem

As falas dos candidatos a presidente da República indicam que, dessa vez, os empresários terão dificuldades em barrar um imposto sobre lucros e dividendos. O governo defende essa proposta para custear o Auxílio Brasil permanente de R$ 600. A equipe econômica de Lula, idem. E, agora, Ciro Gomes acena com essa medida em seu programa de governo.

O nó da campanha para o PT
Lula criticou o Auxílio Brasil ao se reunir com empresários, mas não houve qualquer gesto contrário ao benefício, quando estava em votação no Congresso, no primeiro semestre. Em conversas reservadas, aliás, alguns petistas dizem que há um receio de que Bolsonaro apresente um fôlego maior nas pesquisas por causa da PEC das Bondades, que a oposição não teve força e nem discurso para ficar contra.

O papel de Alckmin
O ex-governador Geraldo Alckmin, candidato a vice na chapa de Lula, tem sido peça-chave nas conversas e encontros do ex-presidente com o empresariado. Sua fala na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), por exemplo, em defesa da democracia, provocou o primeiro aplauso espontâneo dos pesos-pesados do PIB. É justamente junto a esse segmento, que resistiu a votar no PT em 2018, que Alckmin começará a trabalhar daqui para frente.

E a função posterior
Lula, por sua vez, aproveitou o embalo para avisar à seleta plateia que se ele e Alckmin forem eleitos, o ex-governador será tratado como “presidente” e governarão juntos. Lula saiu da Fiesp com muitos elogios por parte de seus integrantes.

Nem tanto
Muitos dos empresários, porém, consideram que, com a pandemia ditando os comportamentos e relações econômicas por mais de um ano, não dá para colocar a culpa da situação no colo do presidente-candidato Bolsonaro.

CURTIDAS

Hora de explicar/ O senador Eduardo Girão, do Podemos-CE, pediu que o ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski e oito ministros do Superior Tribunal de Justiça expliquem a participação em evento, em maio deste ano, num resort no Algarve, em Portugal. Diz o pedido do parlamentar que as viagens foram custeadas por empresas com “litígios bilionários pendentes de julgamento por magistrados convidados para o evento”.

Veja bem/ “Com efeito, tal desarrazoado episódio sem dúvida configura um expresso conflito de interesses e não pode e nem deve passar sem que maiores explicações sejam fornecidas ao povo brasileiro”, diz Girão no pedido. Os ministros ainda não se manifestaram a respeito.

A revolta deles/ Os senadores ficaram meio frustrados com a convocação feita pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), dizendo que as sessões desta semana cuidariam da pauta feminina. É que parte dos projetos são de autoria de parlamentares do sexo masculino.

Saída de coronel do grupo de fiscalização é prova da falta de diálogo

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A substituição do coronel Ricardo Sant’Anna do grupo das Forças Armadas que fiscalizará as eleições é vista no meio político como a prova mais bem acabada da falta de diálogo entre as instituições. Os generais, em conversas reservadas, dizem que a troca já estava decidida e eles aguardavam apenas a escolha do substituto para fazer o anúncio. O ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), porém, foi mais rápido e, por meio de uma nota, comunicou que o coronel estava fora. A turma do Exército ficou surpresa a atitude e considerou a nota, “no mínimo indelicada”. Dizem que Fachin perdeu uma boa chance de dialogar com as Forças Armadas, pedindo que trocassem o coronel. E, assim, saberia que a mudança já estava “em andamento”.

Da parte do TSE, porém, há quem diga que os militares poderiam ter avisado ao TSE que Sant’Anna seria substituído. O coronel agora deve responder a um processo administrativo, porque militares da ativa não podem se manifestar politicamente nas redes sociais. Falta, porém, definir como será a comunicação com o comando do TSE, uma vez que os militares foram chamados a participar e conhecer tudo mais de perto.

Pow e paft!

Quem leu a entrevista do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, no Correio de domingo, não estranhou nem um pouco as referências do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao petista Luiz Inácio Lula da Silva, durante o encontro com banqueiros na Febraban. Daqui para frente, será esse o caminho.

Receita antiga
Os ataques a Lula e ao PT serão cada vez mais recorrentes, com a intenção de resgatar o sentimento anti-PT que deu a vitória a Bolsonaro, em 2018. Naquele período, depois da prisão do ex-presidente, os petistas insistiram em lançar candidato considerando que a população não teria coragem de guindar o polêmico deputado ao Planalto.

O tripé do empresariado
Na rodada de conversas com os presidenciáveis, os empresários têm colocado três linhas gerais que desejam ver seguidas no país: segurança jurídica, livre mercado e democracia. Era isso que esperavam ouvir de Bolsonaro no encontro da Febraban.

Nacionalizou
A contar pelas citações a Lula e a Bolsonaro na primeira rodada de debates entre postulantes aos governos estaduais, muitos candidatos país afora vão usar essa estratégia. No DF, por exemplo, Keka Bagno (PSol) a toda resposta citava Lula. Nem Leandro Grass, o candidato apoiado pelo PT, chegou a tanto. O governador Ibaneis Rocha não esqueceu de Bolsonaro.

Contas paulistas/ A contar pela conversa nos bastidores durante o debate dos candidatos a governador de São Paulo, o PT de Fernando Haddad e o Republicanos de Tarcísio de Freitas vão tentar esquecer o tucano Rodrigo Garcia. É que tanto Haddad quanto Tarcísio sonham com a repetição da polarização nacional, e torcem para não ter de enfrentar o atual governador num segundo turno.

Contas mineiras/ Com 10 partidos na coligação, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), espera encerrar a campanha pela reeleição no primeiro turno. Só tem um probleminha: se Bolsonaro subir em Minas e arrastar o senador Carlos Viana (PL), o segundo turno virá.

Eleições na avenida/ Depois do ex-governador Paulo Octávio, candidato a governador do DF pelo PSD, o CB.Poder recebe hoje o líder tucano no Senado, Izalci Lucas, candidato da Federação PSDB-Cidadania.

Enquanto isso, no STF…/ Os tributaristas Daniel Szelbracikowski e Hugo Funaro autografam, hoje, a partir das 18h, na Biblioteca Ministro Victor Nunes Leal, no Supremo Tribunal Federal, o livro ICMS e Guerra Fiscal: da LC 24/1975 à LC 160/2017, prefaciado pelo ministro Gilmar Mendes. O evento é aberto ao público. Para entrar no prédio do STF, é preciso apresentar cartão de vacinação contra a covid-19 ou teste RT-PCR, além de usar máscara de proteção facial.

Com Bolsonaro mais próximo do 2º turno, Lula pesca apoios

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A redução da diferença entre o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro e da rejeição do presidente Jair Bolsonaro foram vistas com alívio pelo PL. A avaliação é que, com a redução do preço dos combustíveis, os auxílios que começaram a ser pagos à população e a campanha propriamente dita, a partir de 16 de agosto, o presidente terá condições de tentar melhorar ainda mais os índices. Desde que, lembram os integrantes do PL, passe a se dedicar mais a mostrar o que o governo fez e deixe de lado os ataques quase que diários à urna eletrônica, uma realidade que faz parte da regra do jogo.

Enquanto isso, o ex-presidente Lula arremata apoios para ver se, no detalhe, garante alguns votos a mais para tentar fechar a eleição na primeira rodada. Dos pontos de André Janones (Avante) e de Pablo Marçal (Pros), o PT calcula que Lula conseguirá amealhar, pelo menos, 1% do eleitorado. Não é muita coisa, mas, diante das pesquisas eleitorais que indicam uma diferença pequena para resolver a eleição em primeiro turno, os petistas trabalham para tentar garantir essa distância em favor de Lula. Até aqui, porém, a “pescaria” ainda não obteve esse efeito. A intenção do PT é pressionar adversários a apoiar o petista até às vésperas da eleição.

Deu ruim

O apoio do presidente do Pros, Eurípedes Miranda, a Lula provocou um terremoto na regional do Paraná. Lá, a deputada Aline Sleujes, bolsonarista, é candidata ao Senado. O ex-deputado Alfredo Kaefer, candidato a federal, também promete se rebelar: “Eu sou Bolsonaro e não vou mudar”, disse ele à coluna.

Tevê contará e muito
Os analistas de pesquisa de opinião acreditam que, ao contrário da eleição de 2018, o tempo de tevê de cada candidato a presidente da República terá importância neste ano. E, entre os apoios que amealha com as conversas Brasil afora, Lula trabalha para ter um tempo mais robusto do que Jair Bolsonaro.

Veja bem
Os petistas calculam que, por ser presidente da República, Bolsonaro sempre terá holofotes. Afinal, Lula já foi presidente e sabe que o cargo, por mais que se diga que não, tem importância na hora do olho no olho com o eleitor.

Estratégia comum
Tanto o União Brasil quanto o PSD jogam da mesma forma: Um pé em cada canoa, ao sabor dos interesses estaduais. O PSD tem aliança com o PT em Minas Gerais. Em São Paulo, com o Republicanos de Tarcísio de Freitas, o candidato de Bolsonaro. E, no Rio, com Ciro Gomes. Já o União, fecha com Bolsonaro no DF, com o PSDB de Rodrigo Garcia em São Paulo e com o candidato de Ciro Gomes no Maranhão, o senador Weverton (PDT).

O que interessa
Tanto o PSD quanto o União Brasil vão apostar firme na eleição de bancadas no Parlamento. Embora o União vá oficializar a senadora Soraia Thronicke como candidata a presidente da República, a prioridade da agremiação é eleger deputados federais. O projeto das duas legendas é ter um protagonismo no Parlamento, seja quem for o presidente da República.

Muita calma nessa hora/ Além dos aliados, a segurança do presidente Jair Bolsonaro também aconselhou o cancelamento do evento na Fiesp em São Paulo. A manifestação prevista para o vão do MASP, na Avenida Paulista, preocupou os responsáveis por esse setor.

Muito além da parada militar/ Os bolsonaristas esperam que o Sete de Setembro no Rio de Janeiro supere a visita do Papa. Para isso, os parlamentares evangélicos ligados ao presidente estão concentrados na organização da Marcha para Jesus.

Por falar em evangélicos…/ Pastores que tentaram marcar agendas com o ex-presidente Lula têm dito a amigos que ainda não foram atendidos.

André na área/ O banqueiro André Esteves, ex-CEO do BTG Pactual, fará a palestra inaugural da Semana de Integração do IDP, na próxima segunda-feira, às 10h30. As inscrições estão abertas em idp.edu.br/eventos.

Sem tempo e informações, Lula pode deixar as propostas para a economia em segundo plano

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Com o curto período de campanha e o presidente Jair Bolsonaro voltando mais uma vez ao discurso de ataque a ministros do Supremo Tribunal Federal e às urnas eletrônicas, o PT considera que o ex-presidente Lula pode prescindir de detalhar o projeto econômico que levará adiante caso seja eleito. Primeiro, Lula ainda não sabe o tamanho do buraco nas contas públicas. Em segundo lugar, a divulgação pode levar a narrativas que terminem por tirar votos do ex-presidente.

Assim, caberá aos representantes do mercado decidirem o voto sem essa variável. Até aqui, sabe-se apenas que, seja quem for o próximo presidente, as contas a pagar serão imensas. A expectativa dos economistas é de que 2023 será o ano de aperto nas contas públicas, sem espaço para novos projetos ou aumentos salariais.

Segura o dinheiro

Deputados que vieram a Brasília para o esforço concentrado reclamam que o governo não está sequer empenhando as emendas de relator neste período. No Poder Executivo, técnicos alegam que é preciso segurar recursos para pagamento dos auxílios até o final
deste ano.

Por falar em auxílios…
O PT terá pesquisas para acompanhar de perto o humor do eleitorado com o pagamento do Auxílio Brasil e todos os demais estabelecidos pela PEC das Bondades. Até aqui, a avaliação de alguns é a de que a melhoria de Bolsonaro em algumas pesquisas se deu por causa da redução do preço dos combustíveis.

Para a Justiça ver
Com a obrigatoriedade de gastar parte do fundo com candidaturas femininas, União Brasil, MDB e PSDB garantiram o cumprimento da legislação ao lançarem respectivamente as candidaturas presidenciais de Soraia Tronicke e de Simone Tebet, que terá como vice Mara Gabrilli. Agora, os partidos avaliam que poderão dedicar mais uma parcela do fundo para candidaturas masculinas à Câmara dos Deputados,
por exemplo.

E por falar em Justiça…
As atenções dos políticos estarão voltadas ao Supremo Tribunal Federal e à possibilidade de retroatividade da nova Lei de Improbidade. As apostas no STF são as de que, se a retroatividade for descartada, será por um placar apertado.

Ganha-ganha/ Assim como Soraia Thronicke (UB-MT), Mara Gabrilli (PSDB-SP) também não tem nada a perder ao concorrer à vice-presidência na chapa de Simone Tebet. Soraia e Mara têm mais quatro anos de mandato.

Ele tem a força, mas…/ O presidente da Câmara, Arthur Lira, deixou a oposição revoltada ao manter a votação por sistema remoto nesta semana de esforço concentrado. Esse gesto irritou o PT, que esperava aprovar a prorrogação da Lei de Cotas, que terminou retirada de pauta, e a pedido da própria oposição, diante da falta de quórum presencial.

Enquanto isso, no Itamaraty…/ O governo brasileiro observa atentamente a visita da presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan e a reação da China. Com a guerra da Ucrânia, esse é mais um tema explosivo no cenário internacional.

A força do comércio/ Este é o tema do Correio Talks em parceria com a Confederação Nacional do Comércio (CNC) nesta quinta-feira, 15h30. A abertura estará a cargo do presidente em exercício do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas.

Assinar carta da democracia não é apoiar Lula, alertam empresários

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Com a profusão de cartas em defesa da democracia, como a da USP e a da Fiesp, empresários simpatizantes do governo têm dito em conversas reservadas que é bom o PT ficar atento, porque a chancela aos documentos não representa um voto em favor do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Representantes do MDB de Simone Tebet, por exemplo, e do PDT, de Ciro Gomes, vão se colocar como signatários do texto, até para evitar que haja uma leitura de apoio ao petista.

O PL de Valdemar da Costa Neto, para diluir o peso do documento como um recado direto ao presidente Jair Bolsonaro, vai colocar suas falas em favor das urnas, tal como a do líder do governo, Capitão Augusto, em defesa do sistema eletrônico de votação. Ele tem reforçado em todas as entrevistas que a urna é segura.

A ordem entre os bolsonaristas é sair desse tema e seguir para a economia — redução do preço da gasolina, por exemplo, onde eles consideram que Bolsonaro pode surfar.

Combustível
O governo respirou aliviado com os dividendos da Petrobras — R$ 87 bilhões, dos quais R$ 32 bilhões ficarão com a União. A avaliação entre os bolsonaristas é de que o presidente ganhou pontos com a redução no preço dos combustíveis e, agora, terá recursos para pagamento dos auxílios previstos na PEC das bondades, cujos benefícios ainda não surtiram efeito eleitoral.

Sigam o Lira!

No PL e no QG de Jair Bolsonaro, a ordem é seguir a linha que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), expôs em seu twitter: “Má notícia para os pessimistas de plantão! Estamos na contramão do mundo, mas isso é bom! Inflação em baixa, PIB em alta. Desemprego com a menor taxa dos últimos anos. Estamos trabalhando com o Brasil real, que vai prosperando, melhorando, avançando”, publicou.

Cada um no seu quadrado
A campanha de Lula montou um grupo especial para conversar com segmentos do eleitorado religioso de uma forma geral. Geraldo Alckmin cuidará mais dos católicos, enquanto Benedita da Silva focará nos evangélicos. A avaliação é que o petista ainda tem muito terreno a percorrer nessa faixa do eleitorado.

Deu ruim
O vazamento do atestado médico que a deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF) apresentou para justificar sua ausência à reunião da federação PSDB/Cidadania, inviabilizou qualquer reaproximação entre ela e o senador Izalci Lucas (PSDB-DF). Paula é considerada por quem a conhece “uma leoa ferida”.

Nas rodas de Brasília/ Os cientistas políticos, que sempre se reúnem para discutir o processo eleitoral, concluíram que o cenário está assim: quando Lula fala, Bolsonaro ganha. E quando Bolsonaro fala, Lula ganha. Está explicado o motivo de ambos serem avessos a um debate com os demais candidatos.

Por falar em Brasília…/ Lula foi ovacionado pelos estudantes ao caminhar pelo “Ceubinho”, apelido da entrada norte do Minhocão da UnB. Contava-se nos dedos os que passaram “batidos” — ou seja, sem levantar a mão com os dedos formando um “L”, marca da campanha, ou gritar um “Lula lá”.

Separados I/ O QG da campanha de Bolsonaro está preparando uma agenda solo para a primeira-dama, Michelle. Ela já se dispôs a participar de encontro de mulheres e com o eleitorado evangélico, de forma a tentar reforçar a posição eleitoral do marido.

Separados II/ O candidato a vice, Walter Braga Netto, também terá agenda própria daqui para frente. Até porque, Bolsonaro terá dificuldades em agendas eleitorais durante a semana por causa do horário de expediente. No sábado, porém, estarão todos juntos em Montes Claros (MG).

PT e Lula usam Renan para torpedear a candidatura de Simone Tebet

Publicado em coluna Brasília-DF

PT e Lula estão dedicados a evitar a profusão de candidaturas de centro e, assim, ampliar as chances de vitória no primeiro turno. O alvo da vez é Simone Tebet (MDB). É nesse sentido que o senador Renan Calheiros (MDB-AL) ajudou a promover a ação judicial contra a convenção que escolherá a senadora candidata, amanhã (27/7), embora não assine o pedido. A ação de Renan, porém, carece de apoios dentro do diretório nacional, que tirou o pé do acelerador no esforço pró-Lula depois das críticas diretas de Dilma Rousseff a Michel Temer. A tendência, se a Justiça não interceder, é a candidatura de Tebet ser homologada esta semana e se tornar mais uma pedra contra a decisão da eleição no primeiro turno.

Embora se preparem para dois turnos, PT e Lula agem desde o início do ano para tentar fechar a eleição no turno inicial. Primeiro, Lula atraiu os partidos de esquerda, PSol, Rede, PV, PCdoB. Restou o PDT, que manteve a candidatura de Ciro Gomes e, inclusive, já realizou a sua convenção. O segundo movimento foi em direção ao centro: atraiu Geraldo Alckmin para vice na chapa e evitou a busca de uma candidatura do PSB ao Planalto. Agora, restam o MDB e o PSD de Gilberto Kassab, que se manterá neutro no primeiro turno da sucessão presidencial. Embora muitos políticos acreditem que Lula pode vencer a eleição, a aposta geral é de que todos os fatores ainda não estão colocados e, diante dessa constatação, a eleição está em aberto.

Onde mora o perigo

Os petistas acompanham com lupa as pesquisas desta semana. Eles avaliam que, na amostra do Ipespe, Bolsonaro apresentou poder de fôlego. E, nesse sentido, se o Auxílio Brasil obtiver efeito sobre o eleitorado, vai dar ao presidente-candidato uma vantagem justamente entre os mais pobres, segmento em que Lula lidera com folga.

Até aqui, eleitor “descasou” eleição
Ao que tudo indica, o eleitor não está vinculando a eleição presidencial à estadual. Até aqui, na Bahia, Lula lidera, mas seu candidato a governador, Jerônimo Rodrigues, não. A mesma situação se repete em Minas Gerais, em Pernambuco e no Rio de Janeiro.

O fator Michelle
O ingresso da primeira-dama Michelle Bolsonaro na campanha presidencial foi visto como “uma bênção” pelos coordenadores políticos de Bolsonaro. Uma parte estava preocupada, porque ela, embora participe de alguns atos, ia falar de improviso. A aposta é que, se Michelle conseguir atrair uma parte do eleitorado feminino, Lula perderá a vantagem que tem hoje.

Ajudinha
Ao não dar prosseguimento a denúncias contra o presidente Jair Bolsonaro, a Procuradoria-Geral da República dá ao candidato à reeleição o discurso de que os pedidos não passaram de “perseguição”, tanto é que foram arquivados. É por aí que o PL tratará desse tema.

Veio a calhar…/ A reunião da 15ª Conferência de ministros da Defesa das Américas, esta semana em Brasília, reforçará o compromisso com a democracia, na Carta de Brasília a ser divulgada quinta-feira.

… e amarrar/ O documento, segundo generais mais progressistas, tem tudo para ser lido como uma resposta das Forças Armadas a qualquer tentativa de desrespeito ao resultado das urnas em outubro.

Conta outra/ Em 2020, vários partidos fizeram convenções virtuais sem problemas. Por isso, o MDB acredita que está tudo certo para a manutenção da convenção que homologará Simone Tebet, amanhã.

A volta de Adélio/ A possibilidade de soltura de Adélio Bispo às vésperas de o atentado contra Jair Bolsonaro completar quatro anos é considerada pelos aliados do candidato do PL ao Planalto como uma provocação. Se Adélio for solto, será mais um ato que dará discurso para dizer que a vítima de violência nas eleições é o presidente.