Relator empoderado

Publicado em coluna Brasília-DF

Se teve um vitorioso ontem no Supremo Tribunal Federal (STF) antes mesmo de terminada a sessão foi o ministro-relator da Lava-Jato, Edson Fachin. Ele ganhou da maioria dos colegas o direito de levar qualquer pedido de habeas corpus diretamente ao plenário da Suprema Corte, sem necessidade de se dirigir diretamente à 2ª Turma, onde a maioria do colegiado, composto por Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello e Fachin, tem libertado os enroscados na Lava-Jato, como fizeram com José Carlos Bumlai. Aliás, foi depois da liberação de Bumlai que Fachin decidiu levar o caso Palocci ao pleno. Agora, dizem aqueles que conhecem Fachin, é bom o pleno da Casa se acostumar, porque outros pedidos virão.
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Em tempo: A onda do plenário do STF criada a partir do caso do ex-ministro Antonio Palocci indica que, ali, vai ser difícil liberar os encarcerados da Lava-Jato. Em outras palavras, o ex-presidente Lula vai esperar um bom tempo para sair da cadeia.

Mudança dos ventos
Depois de horas fechado com representantes do MDB paulista, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, seguiu para São Paulo. O partido, que tem em Paulo Skaf seu pré-candidato a governador e em Brasília mantinha conversas com o ex-prefeito João Doria, está cada vez mais próximo do governador Márcio França. Marun foi até lá dar um freio de arrumação. A ordem é esperar mais um pouco para ver como é que fica.

Duas leituras
A saída de 13 deputados do MDB, provocada basicamente por problemas regionais, será fartamente explorada como uma baixa por causa das denúncias envolvendo o presidente Michel Temer e seus amigos. Ninguém quer ser obrigado a explicar a prisão dos dois ex-presidentes da Câmara indicados pelo partido, Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, nem os R$ 51 milhões de Geddel Vieira Lima.

A onda é renovar
Candidato da oposição a presidente da Confederação Nacional do Comércio, o deputado Laércio Oliveira adota as mesmas bandeiras que prometem nortear as eleições de outubro. Boa gestão de recursos públicos e renovação. A eleição da CNC é em setembro, quando a campanha política estará pegando fogo. Laércio vai propor, por exemplo, a máximo de dois mandatos para que alguém possa presidir a instituição. O atual presidente, Antônio Santos, está lá desde 1980 e apoia José Roberto Tadros.

Disputa acirrada
Com o empate técnico entre os concorrentes, cada um joga com as armas que tem. Tadros se apega a Santos, enquanto Laércio Oliveira lembra seus projetos na Câmara, como o que instituiu o trabalho intermitente e a relatoria do projeto da terceirização.

E o climão continua/ Enquanto o ministro Gilmar Mendes expunha seu voto sobre a necessidade de o plenário analisar o pedido de HC de Palocci, Edson Fachin digitava em seu laptop.

E nos bastidores…/ Os advogados estão a cada dia mais boquiabertos com o STF. Recusar análise de um habeas corpus a alguém preso preventivamente há mais de um ano deixou muitos à beira de um ataque de nervos.

E a economia, hein?/ Eduardo Guardia aproveitou a transmissão de cargo para confirmar toda a equipe e ver se acalma o mercado. Melhor assim.

Suprapartidário/ O novo ministro do Esporte, Leandro Cruz, conseguiu reunir quase todos os ex-ministros da pasta na transmissão de cargo. Tudo porque criou uma galeria para estampar as fotos daqueles que já comandaram o ministério. Lá estavam Orlando Silva, Aldo Rebelo, George Hilton e, óbvio, Leonardo Picciani, (foto), que sai do governo para concorrer a um mandato de
deputado federal.

Faltou um/ Na galeria constam apenas aqueles que ocuparam o cargo a partir do governo Lula (antes o ministério era ‘extraordinário’). Do rol de ex-ministros do período Lula-Dilma-Temer, apenas Agnelo Queiroz não compareceu. Mandou dizer que estava doente.