PARTIDOS E PREFERENCIAS DE CADA UM PARA O DESFECHO DA CRISE

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MP, TSE E PLANALTO

A política é uma senhora ansiosa e, embora muitos considerem cedo para se trabalhar com saídas mais drásticas, os partidos já começaram a discutir as formas para afastar a presidente Dilma Rousseff (PT) do poder. O problema, entretanto, é como afastar e quem assume. A parte do PMDB que aposta no impeachment prefere uma saída “via pedaladas”, ou seja, crime de responsabilidade por ter consumido recursos sem cobertura orçamentária, o que significaria um longo caminho e o governo seguindo aos trancos e barrancos, mas com a perspectiva de Michel Temer assumir o poder.

A outra saída, na qual aposta o PSDB, é a via eleitoral. Em 14 de julho, (coincidentemente, a queda da Bastilha), o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, depõe na Justiça Eleitoral sobre as doações à campanha de 2014. Se ficar configurado crime eleitoral, a expectativa é de que tudo se resolva até setembro, com a cassação da chapa, algo que não interessa a uma parcela expressiva do PMDB. Nesse caso, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, também do PMDB, assumiria a Presidência da República e convocaria eleições em 90 dias.

Os partidos, entretanto, não farão qualquer movimento se perceberem que essas saídas poderão gerar uma instabilidade ainda maior no país. A presidente Dilma Rousseff, na avaliação de muitos, tem espaço de manobra, embora pequeno, para sair desse córner. O primeiro passo foi dado essa semana, ampliando o poder de Michel Temer. Faltam atitudes capazes de oferecer ao governo um ar de novidade.

Cargos distribuídos

Embora a classe política reclame da demora das nomeações de segundo escalão, alguns não têm do que se queixar. Depois de nomear Alexandre Gadelha comandante das Docas do Rio, o PMDB fará de Celso Cunha, diretor do Planetário do Rio de Janeiro, diretor da Nuclebras Equipamentos Pesados (Nuclep), onde estava Gadelha. É o PMDB de Eduardo Paes, Luiz Fernando Pezão, Leonardo Picciani e Eduardo Cunha ocupando seus espaços.

Na gaveta

Enquanto os políticos nomeiam, a gratificação de fronteira da Polícia Federal continua apenas no papel. O incentivo foi criado por lei, como forma de estimular os policiais a trabalharem nas cidades fronteiriças, mas não foi implementado.

Mercado futuro

Dados da Polícia Federal indicam que os regimes próprios de aposentadorias e pensões de municípios espalhados por todo o Brasil vão dar trabalho daqui a algum tempo. No Ceará, por exemplo, num universo de 55, 53 estão falidos. Os problemas vão de má gestão a desvios. O rombo ultrapassa R$ 11 bilhões.

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A solução de Miro

Do alto da experiência de quem já viu muitas crises no governo, o deputado Miro Teixeira (PROS) considera que Dilma hoje só tem uma saída: fazer uma tremenda reforma administrativa, transparente, em linguagem simples. “Não há motivo para 

se permitir o impeachment. Ela é reconhecidamente íntegra. Não se mete em malandragens, mas tem que agir”, afirma.

CURTIDAS    

Ranking do cárcere/ O executivo da Odebrecht Alexandrino Alencar é considerado um dos mais irritados na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Às vezes, grita e esperneia.

Sintomático/ O ministro da Advocacia Geral da União, Luiz Adams (foto), almoçava dia desses sozinho em plena quinta-feira, num famoso restaurante fast-food de um shopping da cidade. Comeu um hambúrguer, tomou um chopE, pagou a conta e foi embora. Em Brasília, quando ministro começa a andar sozinho, é mau sinal…

Por falar em horário de almoço…/ No mesmo dia, o ministro do Turismo, Henrique Alves (PMDB), e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), passaram mais de duas horas numa mesa discreta em um restaurante da cidade. Falavam bem baixinho, mas, se estavam num local público, é porque queriam ser vistos.

Tripudiou/ A presidente Dilma Rousseff não cumprimentou o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB), na solenidade da Tocha Olímpica em Brasília. “Tô nem aí. Minha aprovação é de 80% e a dela de 9%. Desta vez, vai ganhar Troia e não a Grécia!”, ironizou.