O que interessa

Publicado em coluna Brasília-DF

Os deputados respiraram aliviados com a concordância do governo em mudar alguns pontos da reforma da Previdência, em especial, a aposentadoria rural. Porém, é preciso saber como a população vai receber essas propostas e se elas serão suficientes para aplacar as insatisfações. Se for assim, a reforma passa. Caso contrário, as dificuldades para conseguir os 308 votos permanecerão.
Em sentido contrário, o governo tenta tirar a temperatura do mercado e dos investidores. Afinal, se Temer ceder demais, o efeito será zero. “As mudanças previstas até agora não alteraram os humores. Afinal, se for para garantir força à aprovação, ok. Agora, quando a mudança é por fraqueza, desespero, aí sim é razão para se preocupar”, diz Richard Back, da XP Investimentos, de olho no andar da base aliada nos próximos dias.

Sinais

A revisão da meta fiscal de 2018, de R$ 79 bilhões para R$ 129 bilhões, tirou o humor do mercado, que esperava
R$ 11 bilhões a menos. Se não vier uma reforma da Previdência a contento, a chapa vai ferver.

Entre a cruz e a espada

O presidente Michel Temer vem sendo aconselhado a cortar os cargos do líder do PMDB do Senado, Renan Calheiros, da mesma forma com a qual o parlamentar está podando os espaços daqueles que o enfrentam no Senado. Quem conhece o estilo do alagoano procura fazer com que o presidente não enfrente Renan assim. Reza a lenda que ele não pode abrir guerra a Renan, como Dilma Rousseff abriu contra Eduardo Cunha. Especialmente, nessa temporada de reformas.

Temer, o pêndulo

O presidente, considerado um craque na política, faz gestos de aproximação para os dois extremos. Ao mesmo tempo em que chama o governador de Alagoas para dizer que não haverá retaliação, deixa nas entrelinhas um recado de que isso pode acontecer. Há quem diga que quem começa a ficar perdido com esses sinais é Renan.

“Quem quiser se posicionar agora pode estar comprando gato por lebre”

Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE),
senador, ao comentar os resultados das pesquisas que traçam cenários sobre 2018
Turismo na luta

Responsável por milhões de empregos no país, o setor de turismo não vai ficar quieto com o corte de 68% nos recursos do Ministério do Turismo, valores destinados à promoção do Brasil no exterior. A primeira ação do presidente do Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo, Felipe Carreras, foi divulgar um manifesto em protesto contra o corte de recursos. O documento considera que um setor responsável por movimentar a economia nacional não poderia ter o Orçamento reduzido a menos da metade.

De golpes & vices I/ Essa semana, num jantar na casa do deputado Weverton Rocha (PDT-MA), Jandira Feghali, Orlando Silva, Alice Portugal e Alessandro Molon comentavam a reforma política e a necessidade de acabar com os vices. Todos acreditam que vice gasta demais e só fica conspirando.

De golpes e vices II/ Foi nessa hora que o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), presente ao jantar e que não perde uma resposta, brincou: “Vocês, hein?! Acusaram a gente de dar um golpe e agora querem mudar a lei só para proibir que o PMDB chegue ao poder. Isso é que é golpe!”

De golpes e vices III/ Diante da gargalhada geral, Orlando Silva (foto) fez as contas: o PMDB só chegou à Presidência pela vice. José Sarney era vice de Tancredo Neves; Itamar Franco, de Fernando Collor (embora ainda não estivesse filiado ao PMDB quando virou presidente, entrou logo depois). E Michel Temer, de Dilma Rousseff.

Enquanto isso, na residência do Senado…/ A primeira-dama do Senado, Mônica Paes de Andrade Oliveira, ofereceu um almoço de Páscoa a um seleto grupo de funcionárias da Presidência da Casa, entre chefes de gabinetes, de cerimonial, responsáveis pela obra na residência oficial, entre outras. Do alto de quem convive com a política desde a infância, o ex-presidente do PMDB, Paes de Andrade, dona Mônica, discretamente, ajuda o marido. Não se espantem se ela começar a chamar as mulheres dos senadores e as senadoras.