Muito além da Odebrecht

Publicado em coluna Brasília-DF

O vídeo em que Marcelo Odebrecht diz que “no Brasil não existe eleito sem caixa dois” deixou 90% dos congressistas de cabelo em pé. É que faltam os termos de colaboração premiada das outras empreiteiras ainda não foram divulgados oficialmente. Há ainda operações da Polícia Federal que investigam outros setores, tais como a Carne Fraca, que, apesar dos pesares, começou a desvendar os negócios da JBS Friboi. Assim como a Lava-Jato mirou na lavagem de dinheiro e chegou a Marcelo Odebrecht, há quem diga que a trapalhada da carne embrulhada em papelão vai desaguar no caixa dois do setor de alimentos.

O calvário de Temer

O presidente Michel Temer aproveita esses dias de feriado para percorrer todas as estações do Congresso em São Paulo, de forma a preparar o terreno para a segunda-feira pós-Páscoa. A avaliação do Planalto é a de que neste feriadão, com tudo parado em Brasília, só vai dar Odebrecht.

A Páscoa de Temer

Para a segunda-feira, entretanto, o governo quer ter outros temas para disputar o espaço de noticiário. Vai apostar especialmente nas reformas, que agora estão na seguinte ordem: primeiro trabalhista, depois previdenciária. Por isso, o encontro neste domingo com ministros, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e outros.

Água mole em pedra dura…

O contrato PAC SMS da Petrobras com a Odebrecht, de US$ 825 milhões, esse que os delatores apontaram como origem do pagamento de propina a partidos, foi levado a seis reuniões de diretoria da petroleira em 2010, à época presidida por José Sergio Gabrielli. Só na sexta reunião é que os diretores decidiram pelo contrato, com o voto favorável inclusive de Graça Foster, então diretora de Gás.

Porta arrombada

Graça, na presidência da empresa, em 2013, cortou o valor pela metade e todos os envolvidos, inclusive a Odebrecht, negaram a existência de irregularidades. Há quem diga que foi para cortar os recursos do PMDB e não do PT. Mas aí muito dinheiro já havia sido distribuído. Se alguém tivesse tido a coragem de revelar tudo no início, a história de muita gente hoje seria diferente. Que, nesta sexta-feira santa, tempo de reflexão, esse caso sirva de lição para o futuro.

E o dinheiro sumiu!

Esse contrato do PAC SMS teve um adiantamento de US$ 80 milhões para “mobilização”. E ninguém sabe onde o dinheiro foi aplicado.

Delatores preferem as loiras/ Os apelidos que os delatores da Odebrecht deram à senadora Gleisi Hoffmann (foto), do PT-PR, — “amante” e “coxas” — é porque muitos da empresa tinham verdadeira adoração pela ex-ministra da Casa Civil de Dilma. Alguns deles diziam, em conversas reservadas, nos áureos tempos: “Ah, se ela me desse bola…”

Virou moda/ Depois dos vídeos dos delatores, agora chegou a vez dos vídeos dos políticos. Estão todos se apresentando nas redes sociais para se explicar, inclusive o presidente Michel Temer.

Barroso em NY…/ O ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso vai abrir a primeira conferência de estudantes brasileiros na Faculdade de Direito da Universidade de Columbia — a Columbia Law School Brazilian Association. A 2017 CLS Brazil Forum: Challenges and Perspectives vai discutir a conjuntura atual sob a perspectiva jurídica.

… para acalmar os aflitos/ O encontro vai discutir medidas anticorrupção, compliance, ambiente de resolução de disputas, fusões, reestruturações.