Coluna Brasília-DF de hoje

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Cunha, a referência
Advogados que acompanham de perto os processos da Lava-Jato passam a monitorar diariamente o caso envolvendo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), considerado por muitos mestres do direito um dos mais fartos em termos de elementos que podem servir de prova. O objetivo de tanta atenção é, logo ali na frente, usar o caso como parâmetro, ou seja, se não tiver conta bancária com depósito e cópia de passaporte para comprovar abertura de conta na Suíça, os advogados terão um forte argumento para tentar sustentar a inocência de outros políticos suspeitos de participação no esquema.
Cobrança geral
A Frente Parlamentar de Agricultura (FPA) cobrou ontem do presidente da Câmara que ele libere logo a análise do impeachment da presidente Dilma Rousseff. A principal argumentação foi o fato de o processo contra ele (Eduardo Cunha) já tramitar no Conselho de Ética e a necessidade de resolver logo no início do ano que vem tanto o caso Cunha quanto o processo contra Dilma.
O motivo da pressa
A mudança de planos no sentido de o relator Fausto Pinato (PRB-SP) apresentar logo seu parecer prévio e não deixar tudo para o ano que vem tem um motivo muito simples: a cada dia que passa, a situação de Eduardo Cunha vai ficando mais complicada. Ontem, por exemplo, a maioria da bancada do PSDB desembarcou.
E tem mais
Conforme antecipou a coluna, Eduardo Cunha pensa em deixar apenas o impeachment da presidente Dilma como “flor do recesso”, alimentando o noticiário depois das festas de fim de ano. Falta combinar com os partidos.
Onde mora o perigo
A estratégia de Cunha, de tentar correr com o seu processo, tem vários poréns. O principal deles é o que fará o Supremo Tribunal Federal: se o STF decidir acolher a denúncia contra Eduardo Cunha e a Casa optar pela absolvição, ficará ruim para a Câmara como um todo e dará margem a um novo processo. Se houver o inverso, a Casa condenar e o STF arquivar a denúncia (o que ninguém acredita), também não será positivo. A prudência, dizem alguns, recomenda esperar.
Corrida de acordos
A Andrade Gutierrez trabalha para ser a segunda empresa a fechar o acordo de leniência. Do jeito que a coisa vai, não conseguirá chegar aos mesmos termos que chegou a Camargo Corrêa, a pioneira nesse quesito.
Dever de casa/ O deputado Miro Teixeira, Rede-RJ, (foto) estuda a consolidação das leis penais e já colocou tudo num arquivo a ser entregue ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowsky.
Momentos decisivos/ É assim que deputados e senadores classificam a semana que vem: no terça-feira, vetos e reunião do PMDB. Na quinta, sai o parecer do caso Eduardo Cunha.
O serviço que falta I/ quem conhece as coisas fala numa dívida ativa da União de R$ 1,3 trilhão. Se o governo corresse atrás desses recursos com afinco e recuperasse 10%, seria mais que a CPMF.
O serviço que falta II/ Se a Câmara tivesse prestado atenção nos projetos das excelências, alguns transtornos poderiam ter sido evitados. A deputada Elcione Barbalho (PMDB-PA) é autora de um projeto de 2007 que torna obrigatória a contratação de seguros contra o rompimento de barragens. A proposta terminou arquivada por parecer do deputado Benito Gama, por inadequação orçamentária e financeira. “No Brasil, as coisas são assim, a gente primeiro sofre com os problemas e depois pensa nas soluções. É uma pena que isso esteja tão arraigado nanossa cultura”, diz.