Tendência do Senado é devolver Coaf a Moro (e arriscar perder toda a 870)

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O primeiro teste do governo Jair Bolsonaro pós manifestações será no Senado, com a votação amanhã da Medida Provisória 870, modificada pela Câmara dos Deputados. E, a contar pelos  cálculos de bastidores, a tendência do Senado é mesmo devolver o Conselho de Controle das Atividades Financeiras (coaf) ao guarda-chuva da Justiça, hoje sob os cuidados do ministro Sérgio Moro. Só tem um problema: A MP vale só até 2 de junho. E, feita a mudança pelos senadores, o texto tem que voltar à Câmara. Dada a guerra em plenário e o clima ruim entre o Congresso e o governo pós-manifestação, o risco de não votar a MP esta semana na Câmara é altíssimo, e, se isso acontecer, a MP perde a validade e a Esplanada volta ao formato do governo Michel Temer.  “O texto só será mantido na forma da Câmara se o presidente vier a público pedir que se aprove do jeito que está, para que não haja o risco de a medida caducar”, disse o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), que hoje vota a favor do Coaf na Justiça.

Então, o governo e os senadores estão com um dilema:  Ou seguem o pedido das ruas, e defende o Coaf com Moro, ou garantem o desenho da Esplanada feito pela equipe do presidente Jair Bolsonaro. A Câmara, até aqui, não disse se garante uma nova votação. Se for para cumprir os prazos de publicação do texto e leitura em plenário, não haverá tempo. E, depois das críticas a que foram submetidos nas ruas ontem, os congressistas prometem se agarrar cada vez mais ao texto constitucional e ao regimento, ou seja: Respeitar os prazos e não aos “conchavos” criticados nas ruas, acordos que costumam apressar as coisas no Congresso, geralmente, em favor do governo. Logo, uma manifestação que era para ajudar o presidente, está a um passo de atrapalhar. Vejamos os próximos capítulos.

Com texto disparado pelo WhatsApp, Bolsonaro se mostra acuado

Bolsonaro
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O país não quer que Bolsonaro faça conchavos, quer que ele governe dedicando energia àquilo que interessa à maioria dos eleitores: emprego, renda, saúde, educação e segurança.

O texto compartilhado pelo presidente Jair Bolsonaro a amigos via WhatsApp, aquele que diz que o país é ingovernável sem conchavos, foi visto até por aliados como um sinal de que ele se sente cada vez mais acuado. Alguns arriscam a dizer que ele está até meio perdido sobre que decisões tomar e em quem confiar. A carta apócrifa, divulgada pelo Estadão, que publicou em seguida uma resposta do próprio Planalto, indica ainda que o presidente dá um xeque-mate muito cedo, uma vez que não colocou sequer o que representa a nova politica que prometeu empreender no país.

Diz a resposta que o presidente enviou à jornalista Tânia Monteiro, do Estadão, por intermédio do porta-voz:  “Venho colocando todo meu esforço para governar o Brasil. Infelizmente os desafios são inúmeros e a mudança na forma de governar não agrada àqueles grupos que no passado se beneficiavam das relações pouco republicanas. Quero contar com a sociedade para juntos revertermos essa situação e colocarmos o País de volta ao trilho do futuro promissor. Que Deus nos ajude!”, afirmou o presidente.

Até aqui, a nova politica, na visão de muitos, parece ser algo do tipo: “Façam apenas o que eu quero”. Bolsonaro não foi feito sozinho, deputados, senadores, governadores e prefeitos também o foram. E é preciso estabelecer a base de diálogo com todos, o que até agora não foi feito. O presidente e sua equipe não são deuses, nem donos da verdade, precisam apresentar as bases de um diálogo. Imagine, caro leitor, um jogo de futebol do campeonato brasileiro, por exemplo. As regras do ano passado não valem mais, tá ok? Perfeito. Agora, quais são as novas regras? Como ninguém sabe, estão todos ali, esperando, uns se aquecem dentro do campo, tocando bola, outros dão cambalhotas, enquanto a maioria apenas observa, esperando o surgimento das novas regras. Ocorre, que, no jogo do poder, o relógio não está parado.

Sem saber o que essa nova politica representa, quais são as novas regras do jogo, tudo vai parando e os problemas aumentando. O Orçamento não tem recursos para investimentos, em breve faltará para pagar despesas correntes. O Congresso tem dificuldades em aprovar na íntegra as propostas que ele apresenta, como, aliás, nenhum presidente conseguiu até hoje, em especial, num tema como Previdência. E, para completar, o senador Flávio Bolsonaro, o 01, deve muitas explicações sobre compra e venda de imóveis e ex-funcionários ligados a milicianos.

Em relação ao Congresso, o presidente, nos últimos meses, manteve uma relação de idas e vindas com os parlamentares. Fixou primeiramente sua relação com as bancadas temáticas, deixando os líderes partidários fora do seu campo, jogando sozinhos. As conversas com o presidente da Câmara e do Senado só ocorreram em março, às véspera da viagem aos Estados Unidos. A conversa mais alentada se daria um mês depois. Porém, quando tudo parecia caminhar de forma mais cordial, o presidente, no Twitter, voltou a dizer que definiria exclusivamente o que faria em relação à Venezuela, o que levou Maia a responder com um alerta de declarações de guerra têm que obrigatoriamente passar pelo Parlamento.  Bolsonaro não gostou do puxão de orelhas.

Com os militares, a relação também não foi das melhores, por causa dos ataques diretos feitos por Olavo de Carvalho e pelo 02, Carlos Bolsonaro, incansável no papel de tratar até amigos e aliados do presidente como conspiradores. Derrubou Gustavo Bebianno da mesma forma que Olavo de Carvalho quase conseguiu derrubar o general Santos Cruz. Vale lembrar que, nesses episódios, Bolsonaro não foi incisivo na defesa de nenhum dos auxiliares, pedindo aos militares apenas que considerassem o episódio encerrado.

Nas últimas duas semanas, o presidente mais uma vez, em vez de se garrar no serviço de aprovar a reforma da Previdência e azeitar sua relação com o Parlamento, jogou energia num decreto de ampliação do porte de armas, texto de constitucionalidade duvidosa, e, na primeira manifestação contra seu governo, chama todos de idiotas, quando o erro primário partiu de um ministro da Educação, Abraham Weintraub, que declarara publicamente bloquear verbas de universidades que, na avaliação faziam balbúrdia. Muitos governos no passado recente, inclusive Dilma Rousseff, tiveram que bloquear recursos da Educação, mas nenhum anunciou isso como um “castigo” dado com gosto de vitória como fez Weintraub. Todos davam essa notícia com ares de velório.

Falta a Bolsonaro, dizem alguns de seus próprios aliados, energia positiva e leveza para governar, sem ver em todos “inimigos a serem abatidos”.  Não é colocando a culpa nos outros que seu governo ganhará altitude para voar em céu de brigadeiro. Ainda está tempo.

Bolsonaro manda rever cortes no orçamento das universidades

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Parlamentares que estiveram hoje com o presidente Jair Bolsonaro chegaram ao Congresso comemorando. O presidente, antes de embarcar para Dallas, teria conversado com o ministro da Educação, Abraham Weintraub, e determinado que refizesse as contas a respeito dos cortes nos orçamentos das universidades. “Minha decisão é não cortar”, disse Bolsonaro a líderes aliados que estiveram ontem no Planalto. A notícia logo se espalhou no plenário. Porém, não havia sido divulgada oficialmente até o início da noite e a Casa Civil correu para desmentir. Entre os líderes, ficou a dúvida: Ou o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse ao presidente que não dava para recuar e dar a vitória à esquerda, ou o governo deixará esse anúncio para Weintraub fazer em sua exposição na Câmara, transformando o ato de protesto dos estudantes convocado para hoje numa grande festa de agradecimento ao presidente por rever os cortes. De quebra, um recuo dá ainda ao PSL o discurso de que tem um chefe do Poder Executivo sensível aos anseios da sociedade em termos de educação, não apenas no quesito armamentos.

 

A notícia de revisão nos cortes, se confirmada, leva o governo a dar um nó em dois adversários: Os partidos de esquerda, que perdem o discurso de ressurgimento do movimento de rua contra o governo e, de quebra, tira de cena o motivo que levou à convocação do ministro Weintraub ao plenário da Câmara, por um placar de 307 votos a 82. Se Weintraub chegar ao plenário hoje falando que não haverá mai cortes, será agraciado.

 

A avaliação política feita por aliados do presidente é a de que as primeira informações do governo a respeito das instituições federais de ensino superior mereceram aplausos, uma vez que não falavam em cortes e sim em cobrança de excelência no ensino e na produtividade tanto dos alunos quanto das pesquisas. Algo que ninguém em sã consciência iria para as ruas protestar. Os cortes, entretanto, não são recebidos da mesma forma. Afinal, não é possível cortar e ao mesmo tempo cobrar  excelência. Quanto aos oposicionistas, dizem alguns, poderiam até mesmo usar o discurso de que a convocação dos atos de protesto e do ministro levaram o presidente a refazer a conta. Bolsonaro, pro sua vez, dirá que tomou essa decisão em defesa do ensino de qualidade e do poder de cobrar excelência das universidades públicas. Aí, é do jogo. O eleitor e o contribuinte que tirem as suas conclusões.

 

À medida em que a reforma avança, Centrão aumenta pressão por cargos

reforma
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Coluna Brasília-DF

Paralelamente à negociação do texto da reforma da Previdência em tramitação no Congresso, os partidos já fizeram chegar ao Planalto que, a princípio, dispensam os cargos de segundo e terceiro escalões. É que quem já fez as contas considera que esses postos e nada são quase a mesma coisa. Portanto, a tendência agora é continuar a criar confusão até que o governo se convença de abrir as portas do primeiro escalão aos partidos do Centrão. A esta altura do campeonato, lembram os parlamentares desse segmento da política, só o DEM foi contemplado. E, por mais que o governo diga que não escolheu seus ministros levando em conta a coloração partidária, é assim que os deputados veem.

Moral da história: enquanto alguns vão para a Comissão Especial dispostos a mudar o mérito, o Centrão vai aproveitar para arrancar um naco do Poder Executivo. Isso dá ao presidente Jair Bolsonaro as seguintes opções: ou cai no toma lá, dá cá e tenta preservar a sua proposta, ou negocia com a ala que deseja, realmente, reformular a Previdência, de forma a manter alguns benefícios e aliviar a transição.

O que o PT quer

A perspectiva de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixar a cadeia em setembro leva o PT a apostar no seguinte quadro: Lula começa a dar entrevistas, a fazer reuniões políticas e, assim, passa a servir de contraponto para forçar uma mudança de agenda no parlamento. Num país carente de líderes políticos, os petistas acham que Lula pode ressurgir das cinzas.

Falta combinar

O receio, entretanto, é de que o TRF-4, a segunda instância, corra para condenar o ex-presidente no caso do sítio de Atibaia. Uma segunda sentença evita que Lula deixe a carceragem da Polícia Federal em Curitiba ainda este ano.

Cutucou onça…

Por mais que o ministro da Economia, Paulo Guedes, tente dar uma burilada no seu discurso a respeito da Zona Franca de Manaus, a bancada do Amazonas não ficou nada satisfeita. E, sem querer, Guedes mexeu justamente com aqueles que podem lhe ajudar no parlamento.

…com vara curta

No Senado, os amazonenses têm simplesmente a Presidência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), capitaneada pelo senador Omar Aziz; e o senador Eduardo Braga ocupa o cargo de líder do MDB, a maior bancada. Se esses dois quiserem, podem fazer um estrago danado. Até aqui, as falas do ministro foram objeto de protesto no plenário pelo senador Plínio Valério. Os outros dois ainda esperam para ver as ações do governo a respeito da Zona Franca.

Por enquanto, ficam assim/ Costura-se a paz entre o presidente Jair Bolsonaro e os militares, apesar das investidas do vereador Carlos Bolsonaro contra o vice-presidente, general Hamilton Mourão. A ordem é deixar Carlos, que vê conspiração no ar, falando sozinho.

Roubo seletivo/ A casa do ex-deputado Eduardo Jorge (foto), em São Paulo, foi invadida por bandidos no feriadão. Eles reviraram tudo, mas levaram apenas um carro da família, que estava parado à porta. Amigos do ex-parlamentar — vice de Marina Silva na última campanha presidencial — acharam tudo muito suspeito. E é.

À la Bolsonaro I/ O governador de São Paulo, João Doria, não deixa passar um mês inteiro sem fazer um afago aos integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Ontem, por exemplo, numa reunião com os integrantes da Frente, acenou com um espaço para promover um salão internacional do agronegócio em São Paulo. Estava acompanhado dos secretários de Fazenda e Planejamento, Henrique Meirelles, e de Agricultura e Abastecimento, Gustavo Junqueira.

À la Bolsonaro II/ Foi na FPA que Bolsonaro começou a arrematar apoios para sua campanha eleitoral no ano passado.

Educação midiática/ A Unesco e o Instituto Palavra Aberta assinam um termo de cooperação internacional em educação e mídia nesta quinta-feira, em seminário no B Hotel, a partir das 9h.

Governadores pautam Congresso à revelia do Planalto

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Um périplo de governadores hoje no Congresso deixou marcado para 8 de maio uma reunião geral dos 27 governadores com a cúpula do Parlamento para tratar de temas de interesse dos estados. Estão na pauta a renovação do Fundeb, a securitização das dívidas, o ressarcimento da Lei Kandir, precatórios, cessão onerosa e Funde de Participação dos Estados. Todos esses temas representam uma fisgada na União e, a contar pela movimentação dos governadores, a ideia é acertar o passo entre os estados e o Legislativo, sem a interferência direta do governo federal.

Um dos que o governo vem tentando segurar, por exemplo, é a renovação do Fundeb. O milionário fundo destinado à educação vence em 2020 e há propostas no Parlamento para aumentar a complementação da União de 10% para 30%, no caso da Câmara. No Senado, a ideia é aumentar a parte da União em 50%. Seriam R$ 49 bilhões a mais do que é repassado hoje. Se o governo não correr para entrar nessa discussão, corre o risco de ficar a ver navios.

 

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Desmilitariza aí

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Militares & civis

Os políticos já repararam que, até aqui, é assim no governo: deu problema num setor, chama um general, que ele resolve (leia notas ao lado). Os parlamentares, entretanto, esperam que, agora, depois das conversas desta semana, o presidente Jair Bolsonaro pare de demonizar a classe política, da qual ele também faz parte, e passe a ter uma relação realmente republicana com seus antigos pares. Prova disso é a indicação do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) e do deputado João Roma (PRB-BA) para possíveis substitutos de Ricardo Vélez no Ministério da Educação.

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João Roma, entretanto, não tem tantas chances, segundo fontes do Planalto. É que o deputado é muito ligado ao prefeito de Salvador, ACM Neto. Há quem diga, inclusive, que seria um quarto ministro do Democratas no governo, uma vez que os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni; da Agricultura, Tereza Cristina; e da Saúde, Luiz Mandetta, são todos da legenda.

O interventor

É assim que muitos na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) se referem ao general Roberto Escoto, gerente de gabinete do presidente da agência, embaixador Mário Vilalva. Ele assumiu em meados de março, com um salário de  R$ 34.127,25. Dia desses, o general enviou mensagem a um dos diretores dizendo que deveria “impreterivelmente” retomar o convênio com o Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo, a fim de garantir a participação brasileira no Festival de Cannes.

Currículo I

O embaixador justificou a remuneração proposta correspondente “ao limite da tabela salarial vigente do Plano de Cargos, Carreiras e Salários — PCCS”, por se tratar de “profissional multidisciplinar, com ampla experiência, inclusive na condução da gestão de temas afetos a comércio exterior e negócios internacionais”.

Currículo II

O general não está ali para brincadeira. Mantém uma caveira sobre a mesa, não admite atrasos quando convoca alguém para uma reunião. E experiência ele tem. Participou das missões de paz no Haiti, no Chipre e em Kosovo e foi adido do Exército nos Estados Unidos e no Canadá. Foi ainda chefe da divisão de inteligência do Centro de Inteligência do Exército (CIE), sigla que provocava tremores a muitos políticos no período do governo militar.

Chegou para resolver

A ida do general Escoto para esse posto é atribuída ao vice-presidente Hamilton Mourão, diante da guerra aberta entre Vilalva e a diretora Letícia Castelani. A briga chegou ao ponto que sobrou para o outro diretor, Márcio Coimbra, que trabalhou com o hoje presidente do Senado, Davi Alcolumbre  (DEM-AP).

Frutos/ O líder do MDB, Eduardo Braga, saiu do encontro com o presidente Jair Bolsonaro, nesta semana, com uma reunião da bancada do Amazonas agendada para a próxima quinta-feira de manhã no Planalto.

Izalci festeja/ Quem chegasse ao gabinete do senador Izalci Lucas (foto), do PSDB-DF, poderia até imaginar que o parlamentar estava comemorando a indicação para o Ministério da Educação. É que os funcionários prepararam uma festa surpresa pelo aniversário dele. Izalci completa 63 anos amanhã. Ele deve ir ao Alvorada, ainda hoje, conversar com o presidente Jair Bolsonaro.

E o Cabral, hein?/ Atirou para todos os lados, disse que “a corrupção prejudicou o Rio de Janeiro”. Faltou dizer que um dos autores desse prejuízo foi ele mesmo. E não só no Rio, mas também no Brasil.

Enquanto isso, nas ruas…/  O PT faz sua caravana no Sul do país neste fim de semana pela liberdade de Lula, enquanto outros movimentos se organizam para a manutenção da prisão em segunda instância. A aposta dos especialistas é de que nenhum dos dois grupos atrairá grandes multidões.

Prisão de Temer encerra ciclo e abre batalhas dentro do MDB

Prisão de Temer afeta MDB
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A prisão do ex-presidente Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco encerra um ciclo no MDB e abre duas frentes de batalhas para aqueles que ainda resistem no papel de emedebistas: uma é interna e a outra está diretamente relacionada ao governo do presidente Jair Bolsonaro.

Internamente, a disputa já começou. O partido, considerado entre os políticos material pronto para ser reciclado, viverá nos próximos meses uma briga pelo pelo título de “rei da sucata”. O primeiro que se apresentou até agora foi o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha. Porém, não há garantias de que ele consiga adquirir o controle da legenda, porque há grupos de deputados que almejam essa posição e têm mais tempo de “casa”.

Quanto ao governo, até aqui, o MDB apresentava-se “mergulhado”, esperando o tempo passar. Os “profissionais” emedebistas apostavam — e ainda apostam — num desgaste futuro da gestão de Bolsonaro para, mais à frente, serem chamados a “colaborar” para a estabilidade política, especialmente dentro do Congresso. O que muda agora é que parte desses que estavam “mergulhados” vai se atirar ao jogo da sobrevivência. Assim,  jogarão no sentido de se afastar do grupo mais ligado a Temer e se aproximar do governo.

Prisão de Temer como provocação ao MDB

No entanto, outra banda, aquela mais alinhada ao ex-presidente, vai cerrar fileiras na oposição, embora não de mãos dadas com o PT. Trata-se do grupo que vê na prisão do ex-presidente uma provocação ao partido e que, conhecedor das manobras regimentais, tentará dificultar a vida do governo em todos os sentidos. Apostará em atrasos à reforma previdenciária e por aí vai.

Os movimentos de cada ala ficarão mais claros a partir da semana que vem. Afinal, diferentemente do PT, que foi às ruas exigir a libertação de Lula, os emedebistas não têm capacidade de mobilização para isso, nem Temer carrega uma popularidade que tire as pessoas de casa para defendê-lo em praça pública. Assim, o partido, em vez de sair de peito aberto, em busca de libertação, jogará naquele velho ditado: “Vingança é um prato que se come frio”.

Olavo de Carvalho acusa Mourão de “mentalidade golpista”

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Washington, DC (EUA) — Apontado como o mentor intelectual do Bolsonarismo, o professor Olavo de Carvalho diz com todas as letras e palavrões que não está otimista com os rumos do governo e do pais. Ele acusa diretamente militares e mídia brasileira de cerco ao presidente Jair Bolsonaro, num ambiente golpista, citando inclusive, o vice-presidente Hamilton Mourão. Num determinado momento, chega a usar a expressão “um bando de milico cagão”. E projeta um futuro sombrio, se nada for feito: “Se tudo continuar como está, está mal. E se continuar como está por mais seis meses e acabou. Primeira coisa, um cidadão que não tem os direitos humanos elementares está na maior impotência. E essa é a situação do nosso presidente. Ele não tem o direito de se defender na Justiça quando atribuem crimes a ele. É horrível o que estão fazendo com ele. É ditadura. É opressão. É um homem sozinho. Não pode confiar naqueles que o cercam e nem na midia”, diz, para, mais à frente, arrematar: “Essa concepção, que é a do Mourão, é uma concepção golpista. Onde isso vai dar, não sei, não estou em Brasília. Mas é grave, é claro que é grave. Estou com c na mão pelo Brasil, não por mim”, diz.

   Ele especula __ e diz que é uma especulação apenas _ que os militares queriam restaurar o regime de 64, sob aspecto democrático. “Então, eles estão governando e usando o Bolsonaro como camisinha. Isso é o que eles querem. O Mourão disse, ‘voltamos ao poder por via democrática. Como, se quem está no poder é o Bolsonaro e não vocês?’ Agora, ele (Mourão) acha que estão no poder, então isso o que é? É golpe. Se não é golpe, é uma mentalidade golpista”, completa.

   O professor cita o presidente como “um grande homem uma personalidade notável, cercado de traidores”. E emenda: “Você acha que o Exército inteiro foi ele que escolheu, é? Tá brincando comigo? Oficialmente, sim. Esse é o outro problema de jornalista, tornar o aspecto oficial como real e não é. Não é possível que Bolsonaro tenha pessoalmente escolhido quase 200 generais. Não é possível! Foram 200 generais que o escolheram”.

    

  As declarações do filósofo e professor foram feitas logo depois da exibição do documentário “O Jardim das Aflições”, no hotel Trump International. Numa fala, dentro da sala de projeção, ele já havia feito considerações a respeito da sua decepção como o rumo das coisas, repetidas, depois do lado de fora: “Metade do que a mídia escreveu contra ele já daria 100 anos de cadeia (para os jornalistas), porque são crimes: ‘Bolsonaro é culpado do massacre de Suzano, da morte de Marielle’. Como pode escrever um treco desses e ele não reage? Não reage porque aquele bando de milico que o cerca, é tudo um bando de cagão que tem medo da mídia. Por que eles têm medo? Quando terminou a ditadura militar, eles estavam todos queimados com a mídia, começaram a ter aulas de como tratar a mídia. E ficaram bonzinhos com a mídia. O que o Bolsonaro tem a ver com isso? Nada, mas paga por eles”,comenta Olavo, num desabafo logo após a exibição do filme.

 

   Perguntado, ele falou ainda sobre a situação do ministro da Educação, Ricardo Velez. “Bolsonaro queria que eu fosse ministro, eu não aceitei. Indiquei o Velez. Falei com ele (Velez)  duas vezes, uma para cumprimentá-lo outra pra mandar enfiar o ministério no c..”. Olavo é bastante incisivo ao dizer que não precisa e nem quer ter influência no governo e reafirmou que pediu a seus alunos que saíssem do Ministério: “Estou tentando formar uma geração de intelectuais sérios. Esse é o meu sonho”, diz, emendando mais à frente na conversa com o blog e um grupo de jornalistas no lobby do hotel: “Isso é muito pequeno, muito vil, muito miserável para um homem como eu. Eu vou lá ligar para o governo? O governo que se f… Sou Olavo de Carvalho, não preciso do governo. Eu não sou cargo, sou Olavo de Carvalho. Sou a minha voz, a voz do meu coração. Eles são um cargo falando. Gente medíocre, baixa. O problema do Brasil não é esquerda, direita. É essa baixeza”, completa, referindo-se a duas pessoas, o diplomata Paulo Roberto Almeida, demitido pelo chanceler Ernesto Araújo, e o coronel Ricardo Roquetti, afastado do Ministério da Educação por ordem de Jair Bolsonaro.

 

   O professor mencionou ainda que jamais fez um desabafo assim tão contundente para os Bolsonaros. Para o presidente, ele alertou: “Eu já disse, quando (os jornais) mentirem contra você processe-os. É um direito que você tem. Só que ele, como presidente não pode processar ninguém, sem consultar seus assessores, e eles vão dizer, não presidente não brigue com a mídia, Dispensaram os jornalistas de cumprirem a lei”.  Nem mesmo para o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ele foi tão incisivo. Eduardo estava na exibição do documentário há algumas horas. Depois, seguiram um jantar num dos restaurantes do Trump International. Antes de subir para o jantar, Eduardo mencionou: “Olavo é um crítico do governo, não é a pretensão de … Não vejo golpismo. Pode até haver discussões internas (sobre temas variados) no governo, o que é normal, mas não vejo golpe”, disse ele, que ontem ganhou de presente um boné verde, com as letras em amarelo “Make Brazil great again”.

 

Terceira via para a Embaixada do Brasil nos EUA

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Ganha musculatura o nome do cônsul-geral do Brasil em São Francisco, embaixador Pedro Henrique Bório, para chefiar a Embaixada brasileira em Washington. Enquanto muitos se dividem entre o diplomata Nestor Forster e o cientista político Murilo de Aragão, o Planalto avalia esse terceiro nome. Assim, dizem alguns aliados do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro teria mais equilíbrio entre Forster, o nome defendido pelo chanceler, Ernesto Araújo, e Aragão, que tem a simpatia dos militares no governo, inclusive do vice-presidente, Hamilton Mourão. Bório já chefiou a seção politica da Missão brasileira na ONU.

Forster daria á embaixada um viés mais ideológico. Afinal, foi ele quem apresentou o chanceler brasileiro ao ideólogo do governo, Olavo de Carvalho. Aragão, por sua vez, tem a simpatia de investidores e do mercado, enquanto Bório, o mais experiente em política externa desse trio, tem trânsito em todos os setores. O presidente ainda não bateu o martelo, mas é por aí que se inclina hoje. Resta saber se continuará nesse sentido até o momento do anúncio, previsto para ocorrer durante a viagem do presidente a Washington, na semana que vem.

Declaração de Bolsonaro sobre Lava-Jato da Educação provoca tensão com parte do DEM

Bolsonaro
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Coluna Brasília-DF / Por Denise Rothenburg

A nova defesa que o presidente Jair Bolsonaro fez esta semana da Lava-Jato da Educação soou estranha para um pedaço do DEM, partido que dominou a área no governo de Michel Temer, sem mexer em todas as estruturas de poder montadas nos tempos petistas. É que a declaração de Bolsonaro no Twitter veio logo depois de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ter se colocado como um comandante da Casa e não um defensor incondicional do governo. Para completar a desconfiança de alguns demistas, o próprio Bolsonaro já havia dito que colocaria uma lupa nos gastos em educação há cerca de 10 dias. Em política, reza a lenda, não existem coincidências.

 

A turma de Bolsonaro, entretanto, garante que uma coisa não tem nada a ver com a outra. O presidente quer, sim, averiguar o que ocorreu com os recursos da Educação, doa a quem doer. Quem tiver o que responder, que se prepare. E, nesse ponto, Jair Bolsonaro terá todo o apoio da população.

 

O DEM, por sua vez, quer que Bolsonaro lhe faça a corte, peça apoio formalmente, o que até agora não ocorreu. Caberá ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, servir de ponte entre o presidente e o seu partido, que, embora não seja dos maiores da Câmara, está no comando do ritmo de votações da Casa. Até aqui, Onyx venceu todas as batalhas em que se envolveu. Suas duas apostas — Jair Bolsonaro para presidente da República e Davi Alcolumbre (DEM-AP) para presidente do Senado — tiveram sucesso. Resta agora acalmar o DEM e aprovar a reforma previdenciária para mudar de patamar na política.

 

Um novo João Alberto

Os senadores avaliam com muito cuidado a escolha do futuro presidente do Conselho de Ética da Casa. A ordem é buscar alguém que não seja suscetível a pressões de redes sociais na hora de analisar pedidos contra algum senador. Eles querem alguém como o ex-presidente João Alberto Souza (MDB-MA), que arquivou ações contra oito senadores, incluindo Gleisi Hoffmann (PT-PR), Fernando Collor (PTC-AL) e Aécio Neves (PSDB-MG).

Carnaval de protestos

O presidente Jair Bolsonaro venceu por larga maioria de votos em Brasília, mas foram as críticas ao governo e o “Lula Livre” que tiveram mais visibilidade nos blocos de Brasília. Há quem atribua uma parte das críticas a grupos de funcionários públicos insatisfeitos com a reforma previdenciária.

 

Por falar em reforma…

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, só instala a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na semana que vem. Essa semana curta por causa do carnaval servirá apenas para tentar ajustar os ponteiros e definir relator. Logo, o calendário da nova Previdência ainda é uma incógnita.

 

Ganhou fôlego/ A saída de Fábio Schvartsman da presidência da Vale, ainda que temporária, e as suspeitas de que a direção da companhia sabia dos riscos da barragem de Brumadinho fará com que os partidos indiquem logo os integrantes da CPI que vai investigar a empresa, no Senado.

Acelera aí/ Se quiserem uma CPI Mista, os deputados vão ter de correr. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, avisou que vai esperar até 11 de março. Se não houver a mista, o Senado fará sozinho.

Diferenças gritantes I/ Os deputados que foram aliados de todos os governos relatam as diferenças entre Dilma Rousseff (foto) e Jair Bolsonaro: ele sabe como funciona a política e tem humildade para recuar quando percebe que
está errado.

Diferenças gritantes II/ Em relação aos filhos, Paula era para lá de discreta e não entrou para a política. Os três filhos políticos de Bolsonaro representam uma emoção a cada dia.