Bolsonaro em “dia de alegria” e de dobrar a aposta

Bolsonaro e Nelson Teich
Publicado em Covid-19, Governo Bolsonaro

Ao discursar há pouco no Planalto, o presidente, embora medindo as palavras, não escondeu que trocou ministro da Saúde porque queria o fim do isolamento social e o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta não atendeu aos seus apelos. Agora, com o novo ministro, o presidente espera que isso seja feito e disse que sua visão era a da economia, a do emprego. “Tinha a visão – e ainda tenho – que devemos abrir o emprego”.

A troca indica que Bolsonaro dobrou a aposta num cenário pós-pandemia, quando a economia falará mais alto. Ele mesmo disse, “é um risco que corro, se agravar vem para o meu colo”. O problema é que o resultado dessa aposta do presidente envolve vidas, pessoas internadas nos hospitais em estado grave, ou em casa, doente, em isolamento. E, para chegar lá com credibilidade e apoio político no pós-pandemia, tem que passar bem por esse corredor polonês, algo que Bolsonaro até momento não conseguiu, dada a queda de popularidade registrada nas pesquisas e os panelaços estridentes em algumas cidades.

Bolsonaro segue fazendo tudo o que a Organização Mundial de Saúde não recomenda: Mantém apertos de mãos, fez inclusive solenidade de posse no Planalto, foi para o meio das pessoas quando da visita ao hospital de campanha, em Águas Lindas. Dentro da área do futuro hospital, usou máscara. Do lado de fora, dispensou o acessório que se torna cada vez mais obrigatório no mundo. (Na França, por exemplo, haverá distribuição de máscara às pessoas para a reabertura gradual do lockdown).

Enquanto o presidente faz o seu discurso, defendendo o retorno ao trabalho, o sistema de saúde de algumas cidades, como Fortaleza e Manaus, já entraram em colapso. Para completar, o novo ministro, Nelson Teich, até aqui se mostrou mais aceito a seguir as recomendações da área medica do que as determinações presidenciais. Chega pressionado pelo presidente e, até aqui, mesmo na lie do presidente ontem, não fugiu à defesa da ciência. É sério e, na própria posse, não demostrou a mesma alegria do presidente Jair Bolsonaro diante de ministros que também não pareciam felizes com a situação. Especialmente, depois do discurso de Mandetta, em que agradeceu o apoio de todos, inclusive dos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio, citados nos bastidores da politica como aqueles que também pressionaram pela demissão do ministro. O “dia de alegria”, que Bolsonaro citou no início de seu discurso há pouco, não teve eco. A ordem é esperar, para ver o que virá da nova gestão da saúde.

Teich entre desafio de seguir o presidente e a ciência

Publicado em Covid-19, Governo Bolsonaro

O novo ministro da Saúde, Nelson Teich. Ele assume com a missão de tenta conciliar a ciência com os desejos presidenciais, de fim do isolamento social. Ao longo dos últimos meses, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta ouvia todo os dias do presidente que era preciso que as pessoas voltassem ao trabalho. Mandetta dizia que queria a mesma coisa, mas, no momento, o distanciamento social era necessário, por causa do risco de colapso do sistema de saúde. Cidades como Fortaleza e Manaus já sofrem com problemas de vagas nos hospitais.

Teich chegou se colocando em “alinhamento total” com o presidente Jair Bolsonaro. Porém, no curto prazo, Teich não tem como fazer o que Bolsonaro deseja, ou seja, acabar com o isolamento social para não prejudicar a economia e, por tabela, evitar que as pessoas morram de fome. O ministro precisará, primeiro, conhecer a pasta e consolidar o processo de transição, algo que deve ocorrer em meio a um cenário de dias difíceis e com o avanço da pandemia no Brasil, onde o isolamento tem sido menor do que o considerado ideal pelas autoridades sanitárias para reduzir a velocidade de contaminação.

Até aqui, tudo o que o novo ministro anunciou em sua primeira fala foi exatamente o que era dito pelo antecessor: tem se ter informações sobre tudo o que está acontecendo, tomar decisões baseadas em dados técnicos, tem que testar as pessoas. Se seguir a ciência e não se render somente ao que deseja Bolsonaro, será mais um com quem o presidente terá problemas ali na frente para se somar àqueles que angaria depois de demitir um ministro que era aprovado por 76% da população.

O discurso do governo para a Saúde será colocar a culpa em Mandetta

Publicado em Covid-19, Governo Bolsonaro

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, deixa o cargo, mas o governo não vai dispensá-lo simplesmente. Está em curso a preparação de uma narrativa para jogar no colo do quase ex-ministro tudo o que der errado daqui para frente. Algo do tipo, Mandetta não planejou, Mandetta gastou, Mandetta subestimou, Mandetta demorou, Mandetta falou e não agiu, e por aí vai.

O quase ex-ministro já percebeu que esse jogo virá. Por isso, nas últimas entrevistas, tem dito que sempre agiu de acordo com a ciência, a saúde e o sistema único que vigora no Brasil. Também ressaltou que sua gestão foi marcada pela transparência, ou seja, não escondeu os números e a situação dos serviços de saúde.

Agora, sob nova direção, restará saber que tipo de autonomia o futuro ministro terá para se pautar pela ciência e não pelos desejos do Planalto e dos apoiadores mais fiéis do presidente da República. Esse será o primeiro teste: Atravessar a pandemia dentro do que requer a ciência, sem esconder dados e sem cair na tentação de ficar apenas reclamando do antecessor __ um médico que adquiriu o respeito e a admiração do corpo técnico do Ministério da Saúde. Portanto, se quiser ganhar a equipe, o novo ministro, seja quem for, terá que se equilibrar entre as determinações técnicas e os desejos palacianos, desprezando a narrativa em gestação nos escaninhos bolsonaristas, de desconstruir totalmente a imagem do quase ex-ministro.

Mandetta à espera de Bolsonaro

Publicado em Covid-19, Governo Bolsonaro

Depois do pedido de demissão do secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, o clima no Ministério da Saúde é de aguardar que o presidente Jair Bolsonaro defina oficialmente a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Foi dentro desse espirito de “vamos aguardar” que o ministro conseguiu convencer o secretário a permanecer no cargo para que todos, se for para sair, saiam juntos.

A avaliação de aliados do presidente é a de que Bolsonaro não deseja a permanência do ministro e trabalha agora no sentido de buscar um substituto que lhe permita manter, dentro do seu governo, o discurso de “cuidar da saúde das pessoas” que, em locais de muita concentração de casos e de mortes por Covid-19, não está casado com as filas do presidente de que e preciso salvar a economia.Até aqui, esse discurso do cuidado da saúde projetou Mandetta da mesma forma que o discurso de reabertura do comércio mantém coesos os mais radicais aliados do presidente Jair Bolsonaro. Bolsonaro quer trocar Mandetta de forma a poder manter sob o seu governo o melhor dos dois discursos. Até aqui, presidente ainda não fechou essa equação.

Dentro da equipe de Mandetta, entretanto, havia desde cedo uma réstia de esperança de que, se o ministro ficasse mais uns dias, poderia inclusive tentar reverter o pedido de demissão de Wanderson, que já aceitou ficar até sexta-feira. E foi o que ocorreu, embora o secretário não se mostrasse muito disposto a permanecer, atendeu o apelo do ministro. Wanderson foi um dos primeiros a alertar o governo sobre o que poderia vir pela frente em elação à pandemia. Dizer a verdade, entretanto, transformou o técnico em alvo. Essa semana foi duramente atacado nas redes bolsonaristas, assim como já vem ocorrendo há dias com o ministro Mandetta.

Faixas contra a China em frente ao Congresso

Publicado em China, Covid-19

O jornalista Orlando Brito, um dos fotógrafos mais renomados do país, flagrou essas faixas hoje de manhã em frente ao Congresso. Justamente nesse momento em que o Ministério da Saúde tenta adquirir material hospitalar da China. Parece uma tentativa de sabotagem ao trabalho do ministro Luiz Henrique Mandetta.

Ontem, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, teve um pedido de abertura d inquérito apresentado contra ele por postar imagens ofensivas aos chineses em suas redes sociais. A faixa que traz a foto do líder chin6es Xi Jinping, com a inscrição “fdp” em inglês, não contém assinatura. Bem com a que apresenta o embaixador da China no Brasil, que dispensa qualquer comentário. Desrespeito total e desnecessário nesse momento em que o mundo enfrenta o vírus.

Mandetta perde aliados no governo

Publicado em Covid-19, Governo Bolsonaro

Não são poucos os atores da politica que consideraram desnecessária e provocativa a entrevista do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ao Fantástico, na noite de Domingo. Tanto aliados quanto adversários do presidente da República. Agora, se o presidente Jair Bolsonaro quiser trocar o ministro, já não são todos que irão se opor como ocorreu há alguns dias.

A avaliação inclusive daqueles que querem Mandetta no cargo é a de que o ministro está agindo para ser demitido. Mandetta sabe que a situação ficará a cada dia mais difícil e que pode se desgastar ao longo dos próximos dias com as dificuldades de compra de equipamentos. Para completar, as atitudes do presidente não ajudam a dar um comando único ao governo. Não dá, por exemplo, para o presidente da República usar máscara dentro das obras do hospital de campanha, em Águas Lindas e, no momento seguinte, sair sem máscara para conversar com a população e ainda provocar aglomerações. Da mesma forma, não pode um político ir a uma emissora de tevê criticar publicamente o comportamento do presidente sendo um ministro do governo. Denota quebra de hierarquia, segundo militares que, dentro do governo, defendiam a permanência de Mandetta antes da “desnecessária” fala ao Fantástico.

A simbologia da entrevista cm Mandetta falando de dentro do Palácio dos Esmeraldas, sede do governo de Goiás, é outro ponto anotado par muitos. Há quem diga que Mandetta já tem um convite do governador Ronaldo Caiado para trabalhar no estado, no papel de coordenador do combate o coronavírus. Como Bolsonaro também já trata o deputado Osmar Terra (MDB-RS) quase como se fosse um ministro, é apenas uma questão de oficializar o que já é notório. As próximas horas dirão se ainda há espaço para reconciliação entre Mandetta e Bolsonaro.

Hoje pela manhã, o único que defendia abertamente a permanência do ministro era o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO): “As manchetes puxam para o que querem. Se quisessem, podiam dizer que o ministro destacou que é nomeado pelo presidente e que tem dado prioridade às necessidades da Saúde. Quem viu assim, lerá a entrevista de outra maneira. Depois da eleição, foi Bolsonaro quem ficou três meses sustentando a nomeação e Mandetta, quando muitos criticavam. Isso vai passar”, disse, em webinar promovida hoje no final da manhã pela consultoria Arko Advice, sob o comando do cientista político Murillo Aragão.

Senado deve “fatiar” PEC do Orçamento da Guerra

Publicado em Congresso, Covid-19

Em duvida sobre o cheque em branco para o Banco Central, os senadores planejam aprovar já apenas a parte da emenda constitucional que trata do Orçamento da Guerra, ou seja, a que permite a ampliação de gastos em desprezo à chamada regra de ouro. As modificações no que tange às ações do Banco Central para colocar dinheiro no mercado e a parte de compra de títulos privados, que não fazem parte das ações de politica monetária, devem voltar à Câmara, uma vez que os senadores planejam não conceder imunidade a diretores do Banco Central.

“O Banco Central quer um cheque em branco para colocar dinheiro no mercado. Entendemos a preocupação e proteger os pequenos e médios, mas comprar debêntures que não são nem A, nem B, sem transparência e sem segurança, é preciso cuidado. A parte de títulos privados não está na politica monetária e, ao que nos foi informado, incluirá aí dinheiro do Tesouro. É preciso cuidado. Será publicado? Será por grupos ou total? O Senado está fazendo o papel dele, de tirar o excessos e jogar luz sobre as propostas”, diz ao blog a presidente da Comissão e Constituição e Justiça do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), que manifesta preocupação com essas operações.

Ela considera positivo votar na quarta-feira. “É melhor ganhar tempo construindo um texto de consenso. A parte do Orçamento poderá ser promulgada sem problemas, a parte do Banco Central, que é a mais polêmica, deve voltar para a Câmara”. afirma. A senadora também manifesta preocupação quanto à aprovação de PECs por votações virtuais e pouco debate.”Que essa seja filha única de mãe solteira. Afinal, a garantia que se tem em tempos de calamidades é a Constituição”, afirma.

Depois de 800 mortes, Bolsonaro, enfim, se solidariza com famílias das vítimas

Publicado em Covid-19, Governo Bolsonaro

O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira, véspera do feriado e Semana Santa, foi quase um pedido de desculpas à população pela demora em reconhecer a gravidade da pandemia de Covid-19. Anos-luz distante daquela primeira fala, há 18 dias, em que o presidente chamou a doença de “gripezinha”. Hoje, de forma serena, Bolsonaro mencionou que a prioridade é salvar vidas, solidarizou-se com as famílias das vítimas, disse que tem a responsabilidade de decidir de forma ampla e sobre todos os temas _ como que justificando o fato de ter estimulado as pessoas a irem para as ruas e criticado os governadores. Aliás, hoje veio a frase “respeito governadores e prefeitos”. Ressaltou ainda o fato de a Organização Mundial de Saúde dar liberdade para que cada país adote medidas de acordo com as particularidades. E, mais uma vez, ressaltou que muitos têm que sair atrás do pão nosso de cada dia.

O capitão elencou ainda todas as medidas que o governo está tomando para tentar os efeitos da crise de Saude e econômica. Citou o ajuda de R$ 600 aos informais, o esforço para a produção de hidroxicloroquina, um medicamento que vem sendo usado para pacientes de Coivd-19 com bons resultados em vários casos. O remédio vem sendo defendido por Bolsonaro desde o início da crise como a grande salvação. A medicina, entretanto, ainda não tem um protocolo fechado para o melhor tratamento da doença.

Politicamente, o pronunciamento foi visto por muitos como um esforço de Bolsonaro para tentar recuperar a simpatia do eleitorado, que hoje aprova mais os governadores do que o presidente. O Datafolha desta quarta-feira, por exemplo, ouviu eleitores do Rio e de São Paulo e detectou que, no Rio, o governador Wilson Witzel tem ótimo e bom de 55% dos cariocas no trato da pandemia, enquanto Bolsonaro registra 34% de ótimo e bom. Apenas 17% consideram Witzel “ruim e péssimo”. Bolsonaro tem é considerado “ruim ou péssimo” por 39%. Em São Paulo, Dória tem a aprovação de 51% (ótimo e bom) e Bolsonaro, 28%. A avaliação “ruim e péssimo”, no caso de Dória, é de 19%, enquanto a de Bolsonaro chega a 43%.

Ao que tudo indica, Bolsonaro parece ter entendido que a crise de saúde é grave e sua atenção prioritária. E que, nesse momento, cabe ao estado fazer o papel de tentar amenizar os impactos econômicos __ e não estimular as pessoas a voltarem logo ao trabalho para não prejudicar a economia. Resta saber se o presidente manterá essa posição, ou voltará ao “modo confronto” do último Domingo, quando disse em live, na porta do Palácio da Alvorada, que ministros estavam “se achando” que iria “usar a caneta”. No momento, está no “modo equilíbrio”. Que Deus conserve.

Grupo convoca população às ruas para a “Bolsonaro week” e Twitter remove vídeo

‘Soberanistas’ lançam “Black Week Bolsonaro” para reabrir comércio
Publicado em Covid-19

Um vídeo que circula pela internet convoca comerciantes “e todos que trabalham” a participar sa semana “Bolsonaro week” a partir de hoje. A ativista Val Lopes, que se diz integrante de um grupo chamado “Soberanistas”, afirma que “todos devem reabrir as suas portas e voltar ao trabalho”.

Ela faz a convocação anunciando que, “pelo Brasil, todas as empresas vão fazer um grande black friday durante toda a semana com os preços lá em baixo”. Segue dizendo: “E você, cidadão, saia de casa, vá de carro, coloque a bandeira do Brasil, buzine e compre muito na semana nacional de reabertura de comércio. É o nosso direito de ir e vir, de comprar, de vender e de nos sustentarmos”.

Ela segue dizendo que a “semana nacional de reabertura do comércio, a semana Bolsonaro, será um sucesso. Vamos juntos ajudar o nosso Brasil a passa por essa crise” e termina com slogan de campanha e de governo do presidente: “Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”.

São os aliados do presidente seguindo na linha do que ele deseja, mas não tem condições de fazer neste momento. Após a postagem do vídeo, porém, o Twitter decidiu removê-lo, por violação das regras da rede social.

Bolsonaro rejeitou conselho para “colar no Mandetta”

Bolsonaro e Mandetta
Publicado em Covid-19, Governo Bolsonaro

Um amigo do presidente Jair Bolsonaro, estudioso dos movimentos das redes sociais, levou ao palácio dia desses a mensagem “cola no Mandetta”. Bolsonaro, entretanto, já estava no caminho distante do ministro e, com os seus radicais pressionando para que ele tomasse alguma atitude capaz de salvar o que ainda resta da economia e não se deixasse levar pelas medidas de isolamento. Na mesma hora, desprezou o conselho e radicalizou para o lado inverso, a fim de segurar os seus.

Com os filhos ao seu lado, não aguentou ouvir calado o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, dizer que, enquanto presidente, Bolsonaro não teria coragem de demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Para completar, o fato de o ministro ser citado como um potencial candidato a presidente da República no futuro próximo foi de enfurecer o entorno presidencial, especialmente, os filhos. Foram o estopim para que o presidente quebrasse o jejum e fosse à porta do Alvorada no Domingo, dizer que “usaria a caneta” e logo chegaria a hora de quem a estava “se achando”.

O presidente já percebeu que tem um jogo politico em curso rumo a 2022 e, embora ninguém fale desses movimentos abertamente, o capitão sabe que a atual conjuntura de crise de saúde pública e econômica não favorece. Quer fugir da crise econômica próxima da eleição de 2022 o quanto antes. Também já percebeu que o DEM está se afastando, o PSDB já se afastou, e o centrão raiz (antigos PP e PR) está na encolha, esperando para ver o que vai dar quando a pandemia passar. Afinal, 2022 está longe e para chegar lá, é preciso se sair bem nos próximos dois anos, numa corrida de resistência e não de velocidade.

Nesse cenário, em vez de se unir a todos, pegar as batutas e reger a orquestra, para transformar o limão em limonada, Bolsonaro preferiu apostar no caminho oposto. Em vez de pedir aplausos para o solo do seu ministro da Saúde, chamou o bumbo e os tímpanos (os bolsonaristas radicais)  para abafar o solo do violino de Mandetta. Por tabela, conforme a Coluna Brasília-DF registrou no domingo, vieram os ataques ao DEM como um todo, comprometendo ainda mais os acordes da orquestra governamental. Ontem, depois do “fico”de Mandetta, o partido comemorava com um “temos um líder”.

Bolsonaro desistiu de demitir Mandetta, mas isso não significa que vá deixar seu auxiliar direto no solo, sem ruído, ou sem chamar o deputado Osmar Terra para novas conversas que pareçam provocação. Ao desprezar o conselho “cola no Mandetta”, o presidente mantém o ministro executando o solo sem o comando do maestro. Ocorre que a população, de um modo geral, gosta da música que vem da área da Saúde. Se o maestro continuar incomodado com o solista em meio à pandemia, o teatro vai terminar vazio ao final do mandato. E a população sim, talvez, siga o conselho do aliado de Bolsonaro e “cole no Mandetta”.