As quatro missões do candidato Michel

Publicado em coluna Brasília-DF

A estratégia de Michel Temer ao dizer neste momento que “será covardia não ser candidato” tem quatro objetivos. Tentar segurar deputados no MDB, não se transformar num pato manco, ou seja, um presidente em fim de mandato que ninguém leva a sério e todos desprezam. Em terceiro lugar, vem sob encomenda para segurar aliados.

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A última missão, entretanto, é vista por alguns atentos observadores dos processos da Lava-Jato como um discurso extra para reforçar a defesa. A partir de agora, se houver qualquer denúncia contra o presidente, o MDB estará preparado para dizer que só foi feita porque Temer é pré-candidato a mais um mandato no Planalto.

Disney em Xique-Xique

Quem observa os primeiros lances da pré-candidatura do presidente Michel Temer à reeleição avisa que é bom ele não se empolgar tanto com os cenários que encontra. Ontem, por exemplo, tudo foi preparado cuidadosamente para que não passasse qualquer constrangimento no interior da Bahia. O público foi cuidadosamente selecionado. Na urna, não vai dar para fazer seleção do povo.

Embrulhada suprema

Advogados e juristas consideram que o Supremo Tribunal Federal está numa enrascada. Primeiro porque, se a ministra Rosa Weber seguir a “colegialidade”, como tem feito, ela votará contra a concessão do habeas corpus ao presidente Lula. Depois, quando estiverem em pauta as ações diretas de constitucionalidade sobre a tese da prisão em segunda instância, o país poderá acabar com essa possibilidade. Ou seja, Lula e outros ilustres não estão livre de um prende-solta em abril.

“O Supremo ajuda a transformar o Lula num espantalho no jardim da esquerda. Não deixa ninguém se aproximar”

Paulo Delgado (PT-MG), ex-deputado, refletindo sobre as chances dos demais candidatos com viés de esquerda

Local estratégico

O lançamento da candidatura de Álvaro Dias em Belo Horizonte não foi à toa. Minas Gerais é o único estado do triângulo dos votos que não tem um candidato à Presidência da República para chamar de seu. São Paulo tem Geraldo Alckmin e o Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia.

Conta outra/ A ministra Cármen Lúcia (foto) dizer que a análise do habeas corpus na quinta-feira levaria à exaustão deixou até a classe política que adora uma folga perplexa. Afinal, parar a votação de um HC por causa de cansaço ou da semana santa não foi um gesto supremo.

Por falar em Supremo…/ Os políticos, em conversas reservadas, citaram Dr. Ulysses, que, nos tempos das votações polêmicas e importantes do Congresso Constituinte, não se levantava da cadeira. A não ser, é claro, quando precisava fechar algum acordo.

A Cruz de Lula/ Amigos do ex-presidente estranharam a cruz de madeira que ele exibiu ontem nas missões, no Rio Grande do Sul. Há quem se lembre de Lula brincando com a cruz de madeira que o ex-procurador-geral Claudio Fonteles usava sobre o peito.

Por falar em amigos… / Empresários do agronegócio cruzaram com um amigo de Lula no aeroporto e mandaram um recado. “Fala pro Lula que ele está atrasado: a riqueza rural não é fruto da exploração. Hoje, é fruto da tecnologia! E mal sabe ele que hoje existe disputa para trabalhar num haras.” O amigo registrou o recado.