A hora de Mercadante

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A hora de Mercadante

Se Michel Temer se afastar mesmo da coordenação política do governo, conforme está programado para meados de setembro, quem cuidará dessa tarefa será o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que novamente ficará exposto. Por isso, que ninguém se surpreenda se, houver novos movimentos da presidente Dilma Rousseff no sentido de tentar manter o vice na lida diária da crise política. No Planalto, tem-se a clara ideia de que, embora Eduardo Cunha esteja arranhado para tocar um processo de impeachment, há quem diga que os riscos de abertura da ação podem crescer na hipótese de o PMDB largar as atribuições. A visão clara hoje no Planalto é a de que, se está ruim com Michel Temer, ficará muito pior sem ele.

O timing de Michel

Os principais observadores dos movimentos do vice-presidente Michel Temer consideram que ele fez tudo o que se programou: compôs com Renan Calheiros, isolando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Agora, com Eduardo ocupado com outro jogo, ou seja, obrigado a tratar da Lava-Jato e se dedicar à própria defesa, a hora é de Temer dispender sua energia no sentido de recuperar todo o seu poder dentro do PMDB, onde Eduardo Cunha começava a crescer tirando espaço de todos os demais caciques.

O tempo de Cunha

O presidente da Câmara sentiu o tranco e ontem foi até o vice-presidente. Entre os aliados de Eduardo Cunha, há quem diga que ele não terá mais condições sequer de tratar das contas do governo de 2014. Isso porque o processo só deve chegar à Casa em meados de setembro, quando, calculam os aliados e desafetos, Cunha estará dedicado à sua própria defesa. As prioridades dele agora mudaram para valer.

Enquanto isso, em frente às câmeras de tevê…

O movimento junto à Força Sindical ontem faz parte da estratégia de tentar passar à opinião pública a ideia de que Eduardo Cunha foi denunciado porque estava enfrentando o governo. Há quem diga que é por aí que ele pretende adquirir fôlego para levar avante a ideia de presidir as votações relativas a possíveis pedidos de abertura de processos de impeachment contra Dilma Rousseff.

…Nem tudo é o que parece

A estratégia de Cunha parece ter dado algum resultado. Ao longo da sexta-feira, vários deputados de oposição e até aliados do governo tiveram que explicar às chamadas bases políticas que o caso de Eduardo Cunha nada tem a ver com a situação da presidente Dilma Rousseff. Como diria José Genoino, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

“É preciso cuidar do mal maior, que não é a Dilma. É a crise econômica”

Marco Aurélio Mello, ministro do Supremo, referindo-se ao conjunto de crises que assola o país

CURTIDAS   

Desconfortável/ Dia desses, no plenário do Senado, o senador Blairo Maggi (PR-MT) comentava com amigos: “É a última vez que dou um cheque em branco para o governo. Não contem mais comigo para votar de olhos fechados”. Referia-se ao projeto de reoneração da folha de salários.

Alerta/ Ontem, os poucos parlamentares que permaneciam em Brasília aproveitaram para lembrar aos palacianos que “Eduardo Cunha não é José Dirceu, que caiu e ficou por isso mesmo”.

Apostas pró-Janot/ A maioria dos senadores confia na recondução do procurador Rodrigo Janot. Tirá-lo agora, afirmam mutos, será o mesmo que jogar a crise ética para dentro do Senado. E tudo o que os senadores querem é manter a confusão restrita à Câmara. Portanto, quanto menos marola, melhor.

Sem unanimidade/ O senador Cristovam Buarque (foto), do PDT-DF, se prepara para avisar aos irmãos Gomes que o PDT não definirá desde já que Ciro será candidato a presidente da República pela legenda. Pelo visto, Carlos Lupi vendeu ao ex-ministro de Lula e de Itamar Franco uma mercadoria que ainda não tem como entregar.