Palocci, a terceira queda

Publicado em Política

Antes mesmo da prisão de Guido Mantega já se falava nos bastidores da Lava Jato que Antonio Palocci era um dos alvos da mega investigação. Enquanto ministro da Fazenda, até 2005, ele dividia com José Dirceu a coordenação dos primiros anos do governo governo Lula. Deixou o cargo em março de 2006. Retornou à ribalta quatro anos depois, como coordenador da campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República. Alvo de denúncias, tais como o apartamento onde morava pertencer a uma empresa de fachada, de propriedade de rapaz de 23 anos que morava num casebre e ganhava R$ 700 por mês. Agora, com a prisão temporária (de cinco dias prorrogáveis por mais cinco), o intuito da PF é levar o ex-ministro da Fazenda de Lula e coordenador da campanha de Dilma em 2010 a contar tudo o que sabe. Em uma das investigações, Palocci é acusado de pedir propina à Odebrecht. Dada a quantidde de mandados de condução coercitiva (15) e de busca e apreensão (27), o dia será longo. Abaixo o comunicado da PF. Mais detalhes ao longo do dia.

Curitiba/PR – A Polícia Federal, com o apoio da Receita Federal, deflagrou na manhã de hoje (26/9), a 35ª fase da Operação Lava Jato, intitulada Operação OMERTÀ, com o objetivo de investigar indícios de uma relação criminosa entre um ex-ministro da Casa Civil e da Fazenda com o comando da principal empreiteira do país.

Aproximadamente 180 policiais federais e auditores fiscais estão cumprindo 45 ordens judiciais, sendo 27 mandados de busca e apreensão, 3 mandados de prisão temporária e 15 mandados de condução coercitiva nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.

Há indícios de que o ex-ministro atuou de forma direta a propiciar vantagens econômicas ao grupo empresarial nas mais diversas áreas de contratação com o Poder Público, tendo sido ele próprio e personagens de seu grupo político beneficiados com vultosos valores ilícitos.

Dentre as negociações identificadas, foi possível delinear as tratativas entre o Grupo Odebrecht e o ex-ministro para a tentativa de aprovação do projeto de lei de conversão da MP 460/2009 (que resultaria em imensos benefícios fiscais), aumento da linha de crédito junto ao BNDES para país africano com a qual a empresa tinha relações comerciais, além de interferência no procedimento licitatório da PETROBRAS para aquisição de 21 navios sonda para exploração da camada pré-sal.

Outro núcleo da investigação apura pagamentos efetuados pelo chamado “setor de operações estruturadas” do Grupo Odebrecht para diversos beneficiários que estão sendo alvo de medidas de busca e condução coercitiva.

São apuradas as práticas, dentre outros crimes, de corrupção, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

O nome “OMERTÀ” dado à investigação policial é uma referência a origem italiana do codinome que a construtora usava para fazer referência ao principal investigado da fase (“italiano”), bem como ao voto de silêncio que imperava no Grupo Odebrecht que, ao ser quebrado por integrantes do “setor de operações estruturadas” permitiu o aprofundamento das investigações. Além disso, remete a postura atual do comando da empresa que se mostra relutante em assumir e descrever os crimes praticados.

Nos casos dos investigados para os quais foram expedidos mandados de condução coercitiva, estes estão sendo levados às sedes da Polícia Federal nas respectivas cidades onde foram localizados a fim de prestarem os esclarecimentos necessários. Os investigados serão liberados após serem ouvidos no interesse da apuração em curso.

Quanto aos investigados com prisão cautelar decretada, tão logo sejam localizados eles serão trazidos à sede da Polícia Federal em Curitiba onde permanecerão à disposição das autoridades responsáveis pela investigação.

A Polícia Federal, Receita Federal e o Ministério Público Federal prestarão maiores esclarecimentos em uma coletiva de imprensa que será realizada, às 10h, no auditório da PF.