3 por 300

Publicado em coluna Brasília-DF

Denise Riothenburg

3 POR 300
Aliados de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) comentavam ontem à boca pequena que o governo Dilma Rousseff terá que escolher: Ou controla os três deputados do Conselho de Ética, fazendo com que eles votem em favor de uma simples censura pública ao presidente da Câmara sugerida pelo deputado Wellington Roberto (PR-PB), ou terá que controlar 300 contra o impeachment da presidente da República no futuro próximo. Os petistas, que ao longo do dia pendiam entre um voto e outro, temem ser o salvo=-conduto de Cunha e, depois, ele não cumprir a parte dele no acordo.

O jogo…
A ideia de Eduardo Cunha com o voto em separado por Wellington Roberto é evitar que o parecer de Fausto Pinato (PRB-SP) seja objeto de recurso ao plenário. É que, se o parecer do relator for derrotado, não cabe recurso ao colegiado maior.

…Vai parar na Justiça
O voto em separado de Wellington Roberto corre o risco de não prosperar e parar na Justiça. É que , nessa fase do processo, não cabe escolher a penalidade e sim definir apenas se admite ou não avaliar investigar o deputado envolvido.

O que interessa
Ao se reunir ontem com seus ministros pela manhã, antes do encontro com os líderes, a presidente Dilma foi direta: “Quero saber é como estão as ações para acabar com o mosquito, os casos de microcefalia e o PLN 05”. Assim, tirou logo cedo da pauta temas como Eduardo Cunha, Delcídio do Amaral e impeachment.

“O fato de Eduardo Cunha se dizer portador da decisão sobre o impeachment da presidenta não pode fazer dele um homem-bomba, que assuste o país e o PT. Contra ele, há provas e indícios contundentes. Contra Dilma, não”
Do ex-líder do governo deputado Henrique Fontana (PT-RS).

Razões
PSDB e DEM decidiram não assinar a representação contra Delcídio do Amaral no Conselho de Ética por um motivo muito simples: quem assina não pode relatar o processo. E ali tem muita gente interessada em ser o algoz do senador petista.

CURTIDAS

Silvio Costa faz barulho…/ O deputado Silvio Costa saiu furioso do Conselho de Ética e, ao chegar no café, encontrou logo o deputado Luís Carlos Hauly (PSDB-PR), sentado à mesa com Heráclito Fortes (PSB-PI), Marco Maia (PT-RS) e Arlindo Chinaglia (PT-SP). Foi logo dizendo: “Vão salvar o Eduardo Cunha. Esse voto em separado é a maior indignidade que já vi na vida”.

… e ganha apoio dos tucanos/ Hauly, então, comentou: ´É um caso raro em que eu concordo com o Sílvio”. Sílvio, que perde o amigo, mas não a piada, brincou: ”É que eu estou sempre certo e você, raramente acerta!” Foi uma risada geral.

Tendência/ Deputados comentavam á boca pequena que o Congresso não deixaria de aprovar a mudança da meta fiscal por um simples motivo: Dilma disse na reunião “ter dinheiro, mas não poder usar por causa da meta”. “Então,vamos dar a meta para liberar as emendas”, resumiu um lider aliado ao governo.

“Jader e ACM”/ Um senador comparava ontem a situação da presidente Dilma Rousseff e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ao duelo entre Jader Barbalho(PMDB-PA) e Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), no ano 2000. No confronto direto, o que chegou primeiro ao cadafalso puxou o outro. Caíram os dois.