Rotina cheia de cursos e novas atividades rejuvenesce o cérebro em 30 anos

Publicado em Comportamento, Longevidade, Meia-idade, Saúde, Velhice
Foto: Jason Lee/Reuters

 

Uma das recomendações para evitar o declínio cognitivo é ser sempre um aprendiz. Para evitar que a velhice comprometa o cérebro, vale aprender a tocar um instrumento, entrar em uma escola de idioma ou escolher viagens inéditas, por exemplo. Segundo cientistas dos Estados Unidos, os benefícios são ainda maiores para quem consegue conciliar todas essas atividades.

Ao avaliar voluntários com idade entre 58 e 86 anos, pesquisadores da Universidade da Califórnia em Riverside detectaram melhoras significativas naqueles que seguiam uma rotina recheada de cursos. Em apenas um mês e meio, esses participantes igualaram as habilidades cognitivas às de adultos 30 anos mais jovens. Os idosos do grupo de controle não participaram dos cursos e não usufruíram do benefício.

“Os participantes da intervenção preencheram uma diferença de 30 anos em habilidades cognitivas após apenas seis semanas e mantiveram essas habilidades enquanto aprendiam múltiplas habilidades”, conta Rachel Wu, psicóloga da universidade americana e líder do estudo. A pesquisa foi divulgada neste mês, na revista especializada The Journal of Gerontology Series B.

Três cursos

O experimento durou três meses. No período, os voluntários frequentaram três cursos distintos, totalizando cerca de 15 horas semanais de aprendizagem. Eles tiveram que escolher entre aulas de espanhol, fotografia,  desenho/pintura, composição musical e sobre como usar um tablet.

Os voluntários também foram submetidos a avaliações cognitivas antes, durante e depois dos cursos. Nos exames, os pesquisadores avaliaram três habilidades cognitivas. A primeira foi a memória de trabalho, que permite lembrar o número de um telefone, por exemplo. Depois, o controle cognitivo, que ajuda na alternância de tarefas. Por fim, a memória episódica, usada, por exemplo, para lembrar onde estão as chaves. O desempenho dos participantes que frequentaram os três cursos melhorou nos três quesitos.

Para a líder do estudo, os resultados derrubam a ideia de que idosos não têm mais idade para aprender. “Os estudos fornecem evidências de que experiências intensas de aprendizado, semelhantes àquelas enfrentadas por populações mais jovens, são possíveis em populações mais velhas e podem facilitar ganhos em habilidades cognitivas”, frisa Rachel Wu. “A intervenção trouxe adultos mais velhos para fora de suas zonas de conforto e fez com que se sentissem destemidos diante de novos desafios.”