Redação do Enem 2: seis mandamentos da nota 1000

Publicado em português

Você joga futebol? Prefere vôlei? Talvez basquete, maratona ou automobilismo? Seja qual for sua inclinação, um fato ganha realce. É importante conhecer as regras. Elas dizem o que se deve e o que não se deve fazer. Como toda competição, a redação do Enem tem regras. São cinco os critérios que garantem a nota 1000. Vamos a eles?

Tamanho

O texto deve ter de oito a 30 linhas. Mas vamos combinar: oito é muito pouco. Com elas, você garante uns pontinhos. Quase nada. Pra nota mil, convém chegar às 30. Ou ficar pertinho. É fácil. Uma dissertação tem começo, meio e fim. Reserve um quinto das linhas pra introdução, três quintos pro desenvolvimento e um quinto pra conclusão.

Língua

Somos poliglotas na nossa língua. Falamos vários portugueses que existem no português. No bate-papo com amigos na internet, a gente inventa grafias, abreviaturas, jeitos de dizer. Vale tudo. Na prova do Enem, só vale a norma culta — a língua que você aprendeu na escola, com respeito a concordâncias, regências, acentuação, pontuação, crase. Nada de escrever bonito ou difícil. Nada de imitar Graciliano Ramos, Clarice Lispector ou Guimarães Rosa. Eles são eles. Você é você.

 Tema

O critério mais importante do Enem? É a compreensão do tema. Fugir do tema tem preço alto. É a nota zero. Valha-nos, Deus. Quem estudou tanto como você — pelo menos 12 anos — merece nota mil. Com a sua quilometragem, é proibido cair na esparrela de escrever o que não foi pedido. Siga dois passos:

  1. Leia a proposta duas, três, cinco, 10 vezes. Até entender.
  2. Foque. Concentre toda a atenção na proposta. Se for, por exemplo, causas da violência no trânsito, o foco são as causas: alta velocidade, bebida ao volante, imprudência, estradas ruins, má sinalização. E por aí vai.

Cuidado! Não banque o esperto. Se você fizer um belo texto sobre a história do trânsito, nada feito. Dará a impressão de que decorou o texto. Em bom português: não enrole nem tente enganar o examinador. Siga o rumo indicado. A nota mil está logo ali.

Dissertação

Sabia? Você disserta todos os dias. Quando diz o que pensa sobre determinado fato, disserta. Pode ser sua opinião sobre um filme, um jogo, uma comida, uma viagem, uma aula, um trabalho, uma decisão do governo, uma ordem do professor.

Na redação do Enem, o examinador lhe pede que escreva o que pensa sobre determinado assunto. Você defende um ponto de vista. Como convencer o outro? A resposta é argumentar — apresentar causas, consequências, estatísticas, exemplos, citações. Vale tudo pra provar que você está certo.

Coesão

Palavras, frases e parágrafos têm de estar amarrados. Uns conversam com os outros. Às vezes, a sequência de ideias dá conta do recado. Outras vezes, convocam-se preposições, conjunções, partículas de transição pra ligar as partes. O texto deve parecer uma equipe, não um monte de jogadores soltos, perdidos, desorientados. Veja um exemplo:

Os meninos foram ao hospital. O supermercado estava lotado.

Ops! São dois períodos, mas um não tem nada a ver com o outro. Falta coesão. Melhor ligar as partes:

Os meninos foram ao hospital. No caminho, pararam pra comprar frutas. Não compraram. O supermercado estava lotado.

Intervenção

E daí? O que fazer? Apresente proposta de intervenção para o problema sobre o qual você falou. Dependendo do caso, convoque o governo, o Congresso, o Judiciário, a escola, a Igreja, a família, ONGs, clubes sociais. Diga o que deve ser feito. Olho vivo: respeite a diversidade cultural e os direitos humanos.