Pondo os pontos nos is da reforma

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A reforma ortográfica entrou em vigor em 1º de janeiro de 2009. Com texto pouco claro, deixou montões de dúvidas na cabeça de montões de brasileiros. As questões se referem sobretudo ao emprego do hífen. Onde buscar resposta? Só o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) tem a palavra final. Mas ele estava desatualizado.

Ficou claro: puseram o carro à frente dos bois. Foram meses de esperas e esperneios. Mas não há bem que sempre dure nem mal que nunca se acabe. Na terça, a Academia Brasileira de Letras anunciou o lançamento do Volp atualizado. Com 349.737 palavras, a obra estará na praça na próxima quinta. Quem preferir pode acessá-la pela internet. Viva!

Nota explicativa acompanhou o anúncio. Nela, Suas Excelências jogam uma luzinha no labirinto dos que buscam saídas pra escrever como manda o dicionário. São quatro princípios. Três reafirmam o compromisso com o acordo ortográfico de 1990. O último nos dá uma ajudinha. Diz que preserva “a tradição ortográfica refletida nos formulários e vocabulários oficiais anteriores, quando das omissões do texto do acordo”. Em bom português: vale o que estava escrito.

O prefixo re- serve de exemplo. Entre as novas regras do emprego do hífen, uma é pra lá de abrangente. Trata da formação de palavras com auxílio de prefixos. A norma diz que vogais e consoantes iguais se rejeitam. Exigem o tracinho. Vogais e consoantes diferentes se atraem. Escrevem-se coladas. Compare: miniaula e mini-império, autoescola e auto-operação, microempresa e micro-ondas, supermercado e super-reforço; antimudanças e anti-imperialismo.

O acordo não cita o pequenino re-. Sem obras de consulta, a saída foi incluí-lo na regra da atração-rejeição. Era re-eleição pra lá, re-emprego pra cá, re-educação pracolá. A forma parecia esquisita. Pior: por analogia, separaria palavras coladas desde que Adão e Eva abandonaram o paraíso. Agora não há dúvida. Mantém-se a tradição: reeleição, reemprego, reeducação.   Outro i

O caso do não e do quase perdeu o hífen e o mistério. Não agressão, não governamental, não fumante, não acumulação e quase irmão, quase delito & cia. se escrevem assim — livres e soltos, sem lenço e sem documento.   Coisa dos Césares

Olho nas expressões latinas. Elas podem ser 100% originais. Aí, seguem a regra da língua materna. Não se grafam com hífen. É o caso de habeas corpus, carpe diem e sine die. Às vezes, as danadinhas se casam com o português. Ficam híbridas. Ganham, então, o tracinho. Compare: in octavo e in-oitavo.   Há mais

O blog continuará a jogar luz sobre novidades da reforma. Aguarde.