Belezas e mesas

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    Carla é linda. Morena, olhos azuis, peso de manequim, pernas longas e andar ondulante como as ondas do mar. Ela tem um sonho. Fazer televisão. Qualidades não lhe faltam. Submeteu-se a teste. Fotogênica, ultrapassou o primeiro obstáculo. Depois, veio a prova de locução. O texto era simples. Mas cheio de ciladas. Em duas ela caiu como sereia: A entrada é gratuita. O governo […]

Currículo

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    Paulo, recém-formado em comunicação, descobriu que jornais e tevês estavam contratando gente nova. Ligou para o Departamento de Pessoal. Soube que o primeiro passo era apresentar o currículo. Moleza. Preparou cuidadosamente o texto. Entregou-o. Vários colegas faziam o mesmo. Na hora da avaliação, lá estava em letras garrafais: “experiência anterior”. Ops! Toda experiência é anterior. Basta experiência. Não deu outra. O currículo foi […]

Lé com lé

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  Por que demissão se escreve com ss? As duas letrinhas têm a ver com a família. É que quem sai aos seus não degenera. Os verbos do clã terminam em –itir. O substantivo deles derivados ganham dose dupla: admitir (admissão), emitir (emissão), transmitir (transmissão).  

Qual é?

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    Como pronunciar os números fracionários escritos com vírgula? A dúvida volta e meia assalta locutores de rádio e apresentadores de tevê. Resposta: da forma mais clara e simples possível: 2,75 (dois vírgula setenta e cinco), 33,5 (trinta e três vírgula cinco ou trinta e três e meio).  

Otite

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  Roberto Neves vive com dor de ouvido. Compra que compra remédio pra otite. Mas os medicamentos estão pela hora da morte. E o dinheiro encurtou. “O problema”, diz ele, “não é da alçada do otorrino. Pertence ao universo da prosódia. Muita gente pronuncia o à como se fossem dois aa (vou a a praia). Pode estar certo. Mas maltrata os tímpanos”. São manhas da […]

Distância aristocrática

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  Na gramática, nem todos são iguais perante a lei. Alguns são mais iguais. É o caso do sujeito. Dono e senhor da oração, ele manda e desmanda. Um dos caprichos do mandachuva: nunca vir preposicionado. Por isso, nem em delírio, combine o artigo ou o pronome que acompanha o todo-poderoso com a preposição. É briga certa. Dizer é hora do show começar? Valha-nos, Deus. […]

Erramos

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“A mãe que acusou a filha de ter jogado os filhos gêmeos pela janela, afirma que ela sofre de depressão pós-parte”, escrevemos na pág. 8. O texto é pequeno, mas não escapou de tropeços. São três. Um: frasecídio (separou o sujeito do verbo). A vírgula sobra. Outro: ambiguidade. Ela quem? Pode ser a mãe ou a filha. O último: grafia. Em vez de parto, aparece parte.Valha-nos, Deus!

A cilada do todo com todos

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“Quase todo dia, vejo policiais no período da manhã e durante o almoço”, disse uma moradora de Brasília. Sem pensar, o repórter escreveu a frase. O Correio Braziliense a publicou. O blogue a reproduziu. Leitores fizeram o que sempre fazem. Leram. Alguns protestaram. Entre eles, o João, visitante assíduo do espaço. A causa do esperneio: o todo. “O emprego está correto?”, perguntaram desconfiados. A dúvida procede. […]

Erramos

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“Como trata-se de área pública, os ocupantes terão de pagar novamente pelos terrenos”, escrevemos na pág. 32. A colocação dos pronomes no Brasil é pra lá de livre. Pode-se quase tudo. Mas não se pode desrespeitar a atração. O como é conjunção subordinativa. Parece ímã. Atrai. Melhor: Como se trata de área pública, os ocupantes terão de pagar novamente pelos terrenos.