Manuela D´Ávila (2): tropeços na crase

Publicado em português

Crase é como aliança no anular esquerdo. Avisa que estamos diante de ilustre senhora casada. A preposição a se encontra com outro a. Pode ser artigo ou pronome demonstrativo. Os dois trocam olhares. Sorriem. O coração estremece. Não dá outra. Juntam os trapinhos e viram um único ser — à.

Clube da Luluzinha

O pequenino a só tem vez antes de nome feminino. O machinho pede o (a menina, o menino). Sem o artigo, nada de casório. Manuela perdeu essa aula. Escreveu na nota à imprensa: “…estou à disposição para apresentar meu aparelho celular à exame pericial”. Nada feito. Exame é masculino. Xô, grampo intruso!

Parzinho

A pancadaria continuou: “… e, desde já, me coloco a inteira disposição para auxiliar no esclarecimento”, informou a quase vice-presidente do Brasil. Ops! Locução formada por palavra feminina pede o acentinho. É o caso de à mercê, às claras, às escondidas e, com certeza, à disposição: … me coloco à inteira disposição para auxiliar no esclarecimento.

Regência

“Estou, por isso, orientando meus advogados a procederem a imediata entrega das cópias”. Manu tropeçou num dos mais espinhosos assuntos da língua — a regência verbal. O assunto é tão difícil que há dicionários que explicam que preposição pede tal ou qual palavra. Um deles: Dicionário de verbos e regimes, de Francisco Fernandes. Ele ensina:

Procede-se a alguma coisa: O juiz procedeu ao julgamento. O aluno procedeu à revisão do texto. Ela orientou os advogados a proceder à imediata entrega das cópias.

 

Ufa! Há mais. Mas falta espaço.