Future-se: o verbo existe, ministro?

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O ministro da Educação anunciou proposta de mudanças no financiamento do
ensino superior. Trata-se de resposta à penúria em que vivem as
universidades federais. A de Mato Grosso, no vermelho, não pagou a conta de
luz. As consequências, como diz o conselheiro Acácio, vêm depois. E vieram.
O câmpus ficou às escuras. Alunos perderam aulas. Pesquisas foram pro ralo.

Abraham Weintraub lançou o plano na quarta-feira. Chama-se “Future-se”. O
nome despertou a curiosidade de mineiros, baianos, goianos & cia. desta
alegre Pindorama. “Existe futurar?”, perguntaram eles. O dicionário diz que
sim. Mas, se não existisse, não haveria problema. A língua é generosa.
Permite que se criem verbos com a desenvoltura de quem anda pra frente.
Basta recorrer ao sufixo –ar. Com ele se formam verbos regulares, os mais
comuns na língua.

Valem exemplos. Malufar é filhote do político paulista Paulo Maluf. Em
Brasília há um centro universitário chamado Iesb. Campanha publicitária
inventou iesbar. “Iesbe-se”, alardeiam outdoors espalhados pela capital. As
irmãs Sandra e Márcia Duailibe descobriram uma injustiça no mundo musical.
Samba tem sambar. E bolero? Nada. Criaram bolerar. Chico Pinheiro,
louquinho pelo fim de semana, anuncia com alegria incontida: “Sextou, minha
gente!” Nós o seguimos: “Domingou! Viva!”