Estudantes perguntam

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Qual a diferença entre elipse e zeugma? (Marcela Walcacer, 17 anos, estudante do 3º ano do ensino médio)

Elipse e zeugma têm um ponto comum. Ambos ocultam termos da oração. Mas o esconde-esconde apresenta uma diferença. Trata-se da citação. Entenda a manha:

1. Na elipse, o termo está tão na cara que nem precisa ser dito. É o caso dos pronomes sujeitos. Ao dizer “cantamos”, ninguém precisa escrever nós. O sujeito está subentendido na desinência verbal. O mesmo ocorre com canto, cantas, cantam.

2. Às vezes, quem se faz de morto é o verbo. Nos provérbios, o truque fica pra lá de claro: Cada macaco (fica) no seu galho. Dia de muito (é) véspera de pouco. Casa de ferreiro (tem) espeto de pau.

Poetas adoram o recurso. Vale o exemplo de “Irene no céu”, de Manuel Bandeira. Lembra-se?

Irene preta,
Irene boa,
Irene (está) sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
— (Dá) licença, meu branco?
E São Pedro bonachão (responde):
— Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.

3. Ligações adoram se esconder. Quer ver? Peço-lhe (que) me deixe sair. Despertamos já (com) o sol nascente. Peço (que) me seja concedida a graça.
No zeugma, a história muda de enredo. Mas só um pouquinho. O termo que se esconde foi citado antes. Depois, fica subentendido: Paulo saiu às 3h; nós, às 5h. (Paulo saiu às 3h, nós saímos às 5h.)    

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Eu ainda tenho muita dúvida sobre a nova regra do hífen. Quais são as principais mudanças? (Marco Antonio de Rezende Soares, 16 anos, estudante do 2º ano do ensino médio)


O hífen é castigo de Deus. Dá nó nos miolos de todo mundo. Até o Senhor tem dúvidas diante de tantas normas e tantas exceções. A reforma ortográfica trouxe alguma simplificação. Deixou-nos duas regras de ouro. Use o tracinho quando:

1. o prefixo for seguido de h: anti-histórico, super-homem, semi-humano

2. duas letras iguais se encontrarem (a última letra do prefixo e a primeira da palavra que o segue): semi-internato, super-resistente, semi-intensivo, sub-bloco, micro-ondas, tele-educação.

Olho nas exceções:

1. Co- e re- têm alergia ao hífen. Com eles é tudo colado: coordenar, coerdeiro, reeleição, reumanizar.

2. Sub-, além do b, exige o tracinho quando seguido de r. sabe por quê? Pra evitar o encontro consonantal: sub-raça, sub-regional.

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Quais são os principais problemas de adaptação ao novo acordo ortográfico? (Juliana Ciarlini, 17 anos, estudante do 3º ano do ensino médio)


O maior problema é esquecer o velho e aprender o novo. A leitura ajuda muito no processo. Sabe por quê? Ortografia é fixação. Quanto mais vemos a palavra escrita, melhor a memorizamos. Os jornais e revistas adotaram a nova grafia. São excelentes amigos na memorização de hifens e acentos.