“A crase não foi feita pra humilhar ninguém”, disse F. Gullar. Foi feita pra indicar a união de dois aa. O a pode ser artigo (a casa) ou a 1ª sílaba do pronome demonstrativo aquele, aquilo. Só substantivo feminino é antecedido do artigo a. Daí por que só ocorre crase antes de nome feminino.
Troca-troca
Com crase ou sem crase? Na dúvida, recorra ao troca-troca. Troque o nome feminino por masculino. Não precisa ser sinônimo. Mas do mesmo número (singular ou plural). Se no troca-troca der ao (aos), sinal de preposição + artigo. No feminino, à (às):
Vai à cidade. (Vai ao clube.) Viu? Ao chama à.
Em meio a lutas? Em meio à lutas? No troca-troca, olho no número (em meio a combates). Xô, acento grave.
Em meio às lutas? Em meio as lutas? Vamos à troca (em meio aos combates). Aos exige às: em meio às lutas.
O cão é fiel à dona? Fiel a dona? Com o troca-troca, fiel ao dono. O ao responde: O cão é fiel à dona.
Refiro-me à questão da prova? A questão da prova? No troca-troca: Refiro-me ao debate da prova. O ao impõe à questão.
Quanto à prova, nada posso informar? Quanto a prova? No troca-troca: Quanto ao tema, nada posso informar. Vem, crase!
Recebe à amiga? Recebe a amiga? No troca-troca: Recebe o amigo. Sem preposição, só o artigo tem a vez. Xô, crase!
Bebê a bordo? Bebê à bordo? Bordo é nome masculino. O artigo a não tem vez com ele. Sem a, nada de crase: Bebê a bordo.
Vale a pena? Vale à pena? Ops! Vamos ao troca-troca: Vale o trabalho. Viu? Falta preposição. Sem ela, adeus, grampinho.