Mensalidade escolar deve subir até 15% no Distrito Federal; pais fazem abaixo- assinado contra

Publicado em Consumidor

Da equipe do Correio 

A mensalidade das escolas particulares devem subir entre 10% e 15% em 2017. A Associação dos Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa) recebeu, pelo menos, 50 reclamações por conta de aumentos em 10 colégios diferentes. O aumento previsto está bem acima dos 7,3% estimados, pelo Banco Central (BC) para a inflação deste ano.

No ano passado, quando os reajustes chegaram a 14%, a Secretaria de Educação, registrou um aumento de 50% no número de alunos que migraram de escolas privadas para públicas no DF, cerca de 12 mil estudantes.

Com o orçamento apertado devido à crise econômica dos últimos anos, pais de alunos têm adotado a prática do abaixo-assinado para tentar demover as instituições de ensino dos aumentos acima da inflação. No colégio onde estudam os dois filhos da servidora pública Riva Tauin, 50 anos, no Plano Piloto, o documentou já reuniu 800 assinaturas. Segundo ela, nos dois últimos anos, a correção foi de 10% e a previsão para 2017 é de que fique em torno de 10%. “Nosso salário não aumenta assim. A escola já não é barata”, reclamou Riva.

A servidora, que já pediu desconto, por ter dois filhos na escola e não tem condições de arcar com esses reajustes, lembra que o país passa por um momento de crise e que as instituições de ensino precisam segurar essas correções “até para manter os alunos”, diz. Riva disse que, caso não consiga uma redução, vai tirar os filhos do colégio. “O que é péssimo. Meus filhos estão há mais de seis anos no mesmo colégio. Têm vários amigos e já estão acostumados com a metodologia”, lamentou.

Reajustes

Álvaro Domingos, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Particulares (Sinepe), disse que cada escola é responsável por fazer o planejamento orçamentário para o próximo ano. “É um trabalho muito difícil, porque o gestor tem que prever como vai ser a economia do ano seguinte. Para 2017, queríamos uma inflação de até 7%, mas ela pode chegar a 9%. Então é algo extremamente trabalhoso”, afirmou.

É dever de cada escola elaborar uma planilha orçamentária que inclua inflação, gastos com pessoal e melhorias. Domingos disse que, todo ano, o Sinepe promove um curso nas escolas para falar sobre a análise de mercado, demanda da cidade, aspectos jurídicos e a confecção da planilha obrigatória.

Segundo Riva, na escola dos filhos, a justificativa para os aumentos de 10% desde 2015 era que a correção era necessária devido ao reajuste dos professores. Rodrigo de Paula, diretor jurídico do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos de Ensino do DF (Sinproep), no entanto, afirmou que, enquanto, no ano passado o índice médio de reajuste de mensalidades atingiu 13%, a alta no salário dos professores ficou em 11%. “E isso, porque entramos na Justiça”, disse. “As escolas cobram o dobro da inflação para os pais e oferecem só o índice de inflação para os professores. Nunca é repassado na mesma proporção”, contestou.

Domingos negou o fato e disse que os colégios nunca corrigiram as parcelas dobrando a inflação. “Pode acontecer de alguma escola ter feito isso, mas não condiz com a verdade, pois, no ano passado, por exemplo, receberam o INPC e mais 2% de ganho real”, retrucou.

Além do reajuste nas mensalidades, os pais também arcam com a diferença no valor cobrado entre o ensino infantil e o fundamental. A designer Patrícia Chaves, 32 anos, se assustou quando recebeu o valor da mensalidade do filho de 5 anos. Neste ano, pagou R$ 1.477 e, no ano que vem, teria que desembolsar R$ 1.880, um aumento de 27%. “Para mim, fica totalmente inviável que ele permaneça na escola”, desabafou.

Patrícia contou que o valor desagradou a um grupo de mães que está se movimentando para procurar uma escola mais barata. “Como é um número grande de crianças, estamos tentando conseguir um bom desconto em outra instituição”, relatou.