Arquivo do Procon 28/11/2014. Crédito: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Fundo de direito de defesa do consumidor. Arquivos sem lugar apropriado na Agência do Procon no Venâncio 2000. Arquivo do Procon em armazenamento inapropriado

Defesa do Consumidor no Distrito Federal perde R$ 35 milhões

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A defesa do consumidor do Distrito Federal vai perder uma importante quantia. Com o sinal positivo da Câmara Legislativa (CLDF), o Executivo local poderá usar os recursos dos fundos para pagar salários de servidores em 2016. No Fundo de Defesa do Consumidor a quantia soma R$ 35 milhões, segundo dados do Sistema Integrado de Gestão Governamental (SIGGO). Esse é o segundo maior fundo distrital, perde apenas para o Fundo de Apoio à Cultura (FAC), que tem R$ 56 milhões em caixa.

A Promotoria de Defesa dos Direitos do Consumidor do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) faz parte do conselho gestor do fundo e desaprovou a medida. Segundo o promotor Paulo Binicheski, ao aprovar a lei que autoriza o uso os fundos, a Câmara está desvirtuando o sentido das sanções em dinheiro às empresas. “O fundo tem uma quantia em dinheiro para a defesa do consumidor e não para o governo. Nós não íamos ficar trabalhando em Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) para conseguir dinheiro para o governo”, ataca Binicheski.

Em resposta à desaprovação do uso do fundo pelo GDF, os promotores estudam a possibilidade de não mais repassar a quantia vinda das penalidades para o fundo distrital e sim, para o Fundo de Direitos Difusos, do governo federal, ou  então, destinar para instituições de caridade.

Segundo Binicheski, o fundo poderia ser melhor aproveitado, inclusive, para melhoria do Procon-DF. “Com esse dinheiro, o Procon-DF poderia ser o melhor do planeta”, afirma. Porém, a situação é contrária. “O Procon está precário, não tem estrutura, não tem funcionários. O 151 não funciona direito, agora, com o dinheiro do fundo íamos contratar a Codeplan para cuidar do serviço. Espero que o contrato não seja suspenso”, afirma.

Na opinião de Raoni Machado, secretário-executivo do fundo distrital, a aprovação do projeto de lei não vai alterar as políticas de proteção ao consumidor. “Na prática é como se fosse um empréstimo e o governo diz que vai recompor. O que vai mudar é que, quando o Procon precisar do fundo, vai ter que submeter o uso a uma análise prévia, não pode usar diretamente”, explica. Raoni afirma ainda que não se trata de uma novidade o uso dos recursos para outras funções, no governo de Agnelo Queiroz tinha uma previsão neste sentido.

Pouco uso

Sem regulamentação até o ano passado, o Procon-DF não conseguia gastar o fundo. Apenas em 2014 o decreto com os possíveis usos dos recursos foi publicado. Segundo Raoni Machado, antes da autorização de gasto com pessoal, o fundo estava sendo usado para três grandes projetos: o Procon Mirim, o Procon Digital e na compra de balanças para aferir a autenticidade de bebidas alcoólicas. O Procon Digital está suspenso por questões judiciais.

Entre 2001 e o primeiro semestre de 2014, as empresas cometiam irregularidades contra os clientes, pagavam as multas para o Procon e para a Justiça, via ações do MPDFT, mas o dinheiro arrecadado era pouco usado. Nem mesmo o Procon podia usar o dinheiro para melhorar a sua estrutura e qualificar o seu pessoal. Sendo que o órgão depositava, em média, de R$ 1,5 milhão a R$ 2 milhões por ano no fundo.