Promotor Sergio Bruno Cabral Fernandes
2016. Crédito: Arquivo Pessoal 2016. Crédito: Arquivo Pessoal Promotor Sergio Bruno Cabral Fernandes

“Está na hora de dizer a verdade, de como a coisa suja é feita”, diz promotor do DF, em oitiva de Odebrecht

Publicado em CB.Poder

O promotor de Justiça Sérgio Bruno Cabral Fernandes, do Ministério Público do Distrito Federal, protagonizou um embate com o empresário Emílio Odebrecht, durante um dos depoimentos do delator. Sérgio Bruno integra a Força Tarefa da Operação Lava-Jato desde janeiro de 2015, quando foi designado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para fazer parte do grupo de trabalho.

 

Sérgio Bruno demonstrou irritação com as revelações de Emílio Odebrecht. Segundo reportagem divulgada pelo jornal O Globo nesta sexta-feira (14/04), o promotor pediu a Emílio Odebrecht “deixar de historinha, de conto de fada” e disse que era “hora de jogar limpo”. A declaração ocorreu após o empresário revelar com naturalidade que a empreiteira movimentou R$ 300 milhões em campanhas eleitorais, durante seis anos.

 

Diante das revelações sobre as altas cifras, o promotor do Distrito Federal desabafou. ” São 300 milhões que foram gastos sei lá com o que, seja com campanha, com santinho, com tempo de televisão, com marqueteiro. Que podia ter sido construído escola, hospital e todo esse Brasil que o senhor sonha e quer viver. Esse dinheiro poderia estar lá. Então vamos agora deixar de historinha, de conto de fada, e falar as coisas como elas são. Está na hora da gente dizer a verdade, de como a coisa suja é feita. Não é possível que um ministro da Fazenda fique pedindo todo mês a um empresário. Isso não é admissível”, comentou Sérgio Bruno, segundo relato publicado pelo jornal O Globo.  “Por mais que a gente esteja acostumado com isso, isso não é o correto e o senhor sabe disso”.

 

Sérgio Bruno Fernandes já coordenou o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Distrito Federal e atuou diretamente nas investigações que levaram à deflagração da Operação Caixa de Pandora, em 2009.