ANA MARIA CAMPOS
ALEXANDRE DE PAULA
O secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, enviou ofício ao ministro da Justiça, Sergio Moro, em que questiona a falta de informações sobre acontecimentos envolvendo integrantes de facções criminosas no Distrito Federal.
No texto, Torres avalia que, a partir de informações divulgadas recentemente pela imprensa, depreende-se que “estamos próximos a um incidente que extrapola os muros da unidade prisional federal e tem a capacidade de expor a sério risco a vida, a tranquilidade e o patrimônio dos cidadãos que aqui residem”.
O chefe da pasta pede informações e esclarecimentos para que o governo local tenha noção do exato grau de ameaça a que a população do Distrito Federal está exposta com a permanência de líderes de facções criminosas na capital federal.
“Não se justifica esse silêncio dos órgãos federais que, em última análise, pode ensejar um incidente extremamente grave caso haja uma situação de emergência em que as polícias locais precisem agir”, ressalta Torres.
Transferência
Em março do ano passado, foram transferidos para a Penitenciária Federal em Brasília líderes de facções criminosas. Entre os presos que foram levados para a unidade estava Marcola, chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC).
No fim de 2019, informes de inteligência revelaram a existência de um plano para tentar libertar Marcola da penitenciária. Além disso, operação da Polícia Civil do DF, no começo deste mês, identificou integrantes da facção atuando no DF. Os criminosos ameaçaram e monitoraram autoridades do DF. O secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, estaria entre os alvos da facção.
Além do chefe da pasta, delegados tiveram informações pessoais difundidas entre criminosos, e uma juíza da Vara de Execuções Penais (VEP) sofreu ameaças em um bilhete encontrado na Penitenciária Federal em Brasília.
À época da operação, a PCDF acreditava que existissem 30 integrantes da célula do PCC no DF. O surgimento de um braço da organização criminosa em Brasília é monitorado pelas forças de segurança desde a transferência de integrantes da cúpula do grupo para Brasília
Ministério
Em nota, o Ministério da Justiça afirmou que “os criminosos ficam recolhidos dentro dos presídios, não fora. Não há qualquer informação de que a transferência e a manutenção de lideranças de organização criminosa para o presídio federal de Brasília ofereçam riscos à população civil, aos prédios públicos ou às embaixadas”. A pasta acrescentou que não há reclamações de outras unidades da federação em que outras lideranças criminosas são mantidas.