Diretor de presídio da Papuda: “Sistema penitenciário do DF é uma bomba relógio”

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O delegado Mauro Cezar Lima, diretor da PDF1, penitenciária da Papuda onde houve neste fim de semana a fuga de 10 presos perigosos, diz que há um ano alerta o governo do DF sobre as dificuldades no sistema penitenciário do DF.

Mauro Cezar aponta os seguintes motivos para a maior fuga registrada na Papuda: superlotação, baixo efetivo, carência de investimentos públicos, falta de iluminação na parte externa e omissão da Polícia Militar.

O delegado disse que não havia nenhum policiamento militar nas guaritas externas do presídio. “Claro que, se a PM mantivesse policiais nessas guaritas, a fuga seria muito dificultada. Haveria monitoramento na parte externa. Já mandei vários ofícios para a PM, mas nada acontece”, reclama Mauro Cezar. “Nas redondezas da penitenciária, as guaritas são 90% desabitadas”, afirma.

Ele diz que na PDF1 há hoje 3,4 mil presos em regime fechado, quando a capacidade é de apenas 1,5 mil. Além disso, há em média apenas 23 agentes responsáveis pelos detentos no presídio. “Falta tudo. Isso é uma bomba relógio”, reclama.

Entre as medidas que considera urgentes, ele destaca a necessidade de implantação de um melhor sistema de monitoramento por câmeras.

Para completar o cenário de dificuldades, o telefone fixo da penitenciária não funciona. Como há bloqueio para linhas de celular, agentes e o diretor precisam ir ao estacionamento do presídio para fazer uma ligação.

Na madrugada de domingo (21), 10 presos fugiram. Eles serraram as grades de ferro, passaram pelo pátio principal e pularam o muro pelos fundos da penitenciária. Na parte externa, os condenados a penas de até 95 anos de prisão passaram com facilidade. Segundo Mauro Cezar, não havia nenhum policial militar para impedir a fuga.

Até esta manhã (22), seis dos 10 presos foram recapturados. A suspeita é de que alguns deles, liderados por Michael da Silva Mata Silva, tenham roubado um carro no Lago Sul e estejam escondidos na Estrutural.

Michael é condenado a 63 anos por homicídio qualificado e roubo com uso de arma. Estava preso desde 2009.

O diretor da Polícia Civil, Eric Seba, disse nesta manhã ao blog que eventuais crimes cometidos na fuga serão investigados. “Vamos apurar com rigor”, garante.