Eunício de Oliveira delações
Eunício de Oliveira Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil. Eunício de Oliveira delações

Delações mostram lobby de empresas terceirizadas e benefícios à firma do senador Eunício Oliveira

Publicado em CB.Poder

As delações de executivos da Odebrecht sobre os bastidores da licitação do Centro Administrativo do Distrito Federal revelam um grande interesse por trás da empreitada: os contratos públicos de vigilância e limpeza. O ex-diretor Alexandre José Lopes Barradas contou em depoimento que, além do consórcio formado pela Odebrecht e pela Via Engenharia, as empresas Delta e Manchester também se uniram para disputar o negócio. Diante do risco de perder o contrato, representantes da Odebrecht procuraram os potenciais rivais para negociar. Segundo Barradas, o interesse da Manchester, ligada ao senador Eunício Oliveira, não era viabilizar o novo Centrad, mas atuar para atrapalhar a licitação.

Líder de mercado, Manchester fez conluio para atuar no setor

A Manchester era, na época, a maior prestadora de limpeza e vigilância do Governo do Distrito Federal, com serviços concentrados nos prédios públicos do Plano Piloto. “Com a construção do Centro Administrativo, esses serviços seriam muito reduzidos, daí o seu interesse de que o projeto não fosse adiante, pois havia um risco de perda de mandato”, contou Barradas à Força Tarefa da Lava-Jato. Depois da conversa, a Manchester se comprometeu a não apresentar proposta inferior à da Odebrecht. A empreiteira e a Via, por sua vez, prometeram compensá-la pela perda de mercado. “Ficou o compromisso por parte do nosso consórcio de contratar a Manchester para até 25% da prestação dos serviços de vigilância, manutenção e limpeza decorrentes da operação do Centrad”, revelou o delator.

Firma ligada a Eunício queria espaço para atuar

O episódio também consta da delação do ex-executivo João Pacífico. Segundo ele, a Manchester tinha à época, entre os sócios, o senador Eunício de Oliveira (PMDB-CE), hoje presidente do Senado Federal. Segundo Pacífico, houve reuniões para definir “os termos do conluio que se pretendia implementar, acomodando os interesses da Manchester”. O delator contou que os representantes da Manchester exigiram que o ajuste fosse formalizado e assinado por todos, o que gerou controvérsias. Por fim, de acordo com Pacífico, Fernando Queiroz, da Via Engenharia, teria se oferecido para assinar sozinho o documento exigido. Como o Centrad até hoje não entrou em operação, o acordo nunca se viabilizou.